Cap. 35: Encher a cara não ajuda a esquecer um vexame

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A brisa suave entrava pela janela, mostrando que a primavera chegara para ficar o tempo que deveria ficar. Já eram aproximadamente seis horas da manhã e já fazia um bom tempo que a luz do sol havia se adentrado, avisando que mais um dia chegara. Gintoki estava abraçado ao seu travesseiro e quase o beijando, o que fez com que Shinpachi deduzisse que ele estava sonhando com Tsukuyo.

Viu que novamente ele havia ignorado o despertador. Era um preguiçoso incorrigível... Assim como Kagura.

Respirou fundo, com uma frigideira em uma mão e uma concha na outra e fez o maior barulho batendo um no outro. Kagura abriu a porta do armário, toda descabelada, e ao se levantar acabou caindo de cara no chão. Gintoki mal conseguia desgrudar os olhos para abri-los, de tanto sono.

Tanta soneira da sua parte era por conta de uma ressaca. Ele e Hasegawa haviam ido jogar no pachinko, mas depois torraram o resto do dinheiro enchendo a cara. Havia chegado por volta das quatro e meia da madrugada, mas dormira bem depois, após ter quase vomitado as tripas e tomado uma ducha bem fria. Já fazia tempo que não passava por uma ressaca tão brava.

E agora aquele quatro-olhos ambulante queria que todo mundo acordasse mais cedo...? Logo agora, que queria dormir até meio-dia...?

— Para, Shinpachi...! – ele disse. – A minha cabeça tá pra explodir de dor...!

— Gin-san, temos que fazer um serviço!

— Droga... Será que eu não tenho direito de curtir a minha ressaca, não?

— Nós combinamos de ir cedo fazer o serviço, esqueceu?

— Não... Mas eu queria ter esquecido, pra poder dormir em paz até o meio-dia!

Nisso, a campainha tocou. Shinpachi, como sempre, abriu a porta e desta vez deu de cara com Otose, que disse:

— Gintoki, agora você não me escapa, projeto de inquilino!

O ex-samurai saiu correndo à Usain Bolt, carregando nos braços Kagura e Shinpachi e sendo seguido por Sadaharu, que passou por cima de Otose e Catherine. E, quando iriam xingar o albino, este já estava longe.

A cada dia, ele se aperfeiçoava na arte da fuga.

*

Após mais um serviço concluído, o Trio Yorozuya passava por debaixo das cerejeiras que, naquela época, estavam em flor. Detiveram-se para olhar aquele espetáculo da natureza, que era efêmero. Porém, Gintoki estava meio aéreo. Sua cabeça doía, mas já era bem menos do que cedo.

Isso tinha relação com o que ocorrera no dia anterior, antes do pachinko, da farra com Hasegawa. Sua mente voltou para as vinte e quatro horas anteriores. Havia acontecido algo que fora desagradável... Para ele.

E parecia que Shinpachi estava adivinhando os pensamentos de Gintoki, pois para ele estar tão aéreo, só poderia ser por causa do que ocorrera na véspera.


Shinpachi e Kagura haviam ido comprar ração para o cão gigante Sadaharu, quando viram Tsukuyo circulando por Kabuki com uma companhia. A loira estava andando com um homem. O homem em questão não era Gintoki e nem mesmo qualquer outro conhecido. Era moreno, cabelos longos presos por uma trança frouxa e a cabeça coberta por um daqueles grandes chapéus de palha. Ele e a kunoichi conversavam alegremente, como se um adorasse a companhia do outro... E como se fossem velhos conhecidos.

— Shinpachi – Kagura disse. – A Tsukky não gosta do Gin-chan? Não deveria estar andando com esse cara pra cima e pra baixo.

— Isso é ruim... – o par de óculos ambulante murmurou. – Se o Gin-san ver isso...!

Isto não é mais um romance água-com-açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora