Cap. 42: Sentimento de revanche e sentimento de proteção - Parte I

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O grupo liderado por Tsukuyo seguiu o trajeto entre o Distrito Kabuki e o Distrito de Yoshiwara, disposto a encontrar o grupo de Aomame. A líder da Hyakka repassava mentalmente toda a dinâmica do que se recordava daquele ataque. Ela e Gintoki chegaram àquele ponto e o ataque aconteceu. Foram atingidos por agulhas de cor negra, que possuíam uma toxina que os paralisaram. Ele foi o único a ser atacado de fato, tendo sido transpassado por uma katana e agora estava hospitalizado ainda em estado grave.

Ela fora poupada. E por que a poupariam? Fazia sentido que alguém conhecido a poupasse, e essa pessoa conhecida era Aomame, que agora tinha seu próprio grupo sob sua liderança e se aliara ao perigoso Harusame, com a promessa de ter seu domínio sob a condição de eliminar os obstáculos para tal.

O obstáculo no Distrito Kabuki fora neutralizado. Faltava neutralizar o obstáculo em Yoshiwara. E os dois distritos possuíam uma ligação, representada pela relação de Tsukuyo e Gintoki. Aomame queria destituir Tsukuyo para tomar a Hyakka para si. Fora expulsa e voltava movida principalmente pela vingança.

Ao chegar ao ponto onde tudo ocorrera dois dias antes, uma chuva de agulhas negras foi lançada contra o grupo. Entretanto, as ágeis kunoichis Tsukuyo e Sacchan conseguiram se esquivar da maior parte, enquanto Kagura balançava o guarda-chuva e Shinpachi, a bokutou de Gintoki, para produzirem poderosas lufadas de vento e evitar que elas atingissem a si mesmos e às outras duas.

O grupo com capas e chapéus de palha encobrindo o rosto apareceu após o primeiro ataque. Do mesmo jeito que apareceram no ataque ao casal, mas agora em maior número.

Porém, não foram ao ataque de imediato. Foram detidos pelo indivíduo que os liderava.

― Quer dizer que ganhou seu próprio grupo para liderar, não é, Aomame?

Ladeada por Shinpachi e Kagura, e com Sacchan em sua retaguarda, Tsukuyo estava senhora de si. Embora sua mente voltasse para o primeiro confronto que tivera com Aomame, não permitia que o medo de o resultado se repetir nesse novo confronto a dominasse.

― Eu preferia a Hyakka, mas tenho bons comandados no Kurohari. – Aomame tirou o chapéu de palha e a capa, revelando seus cabelos negros e seus olhos dourados. – Afinal, um deles conseguiu atingir o papai de seu futuro filhinho. Gostaria de dar meus pêsames pelos dois após este novo confronto e após dominar os dois distritos.

Tsukuyo sorriu confiante.

― Parece que a expulsão da Hyakka não foi suficiente, não é? – fez surgir três kunais em cada mão. – Deveria ter te executado quando tive a oportunidade, mas corrigirei esse erro. E, para você conseguir me parar, terá que me derrotar. E a todos nós.

― O que dois pirralhos podem fazer? E essa ridícula de óculos?

― Não vai gostar de saber... Mas é a mim que você vai enfrentar.

― Posso te provocar um novo aborto. – Aomame provocou e fez aparecer suas kunais por entre os dedos.

― Poder, pode... Mas terá que tentar repetir a dose. – Tsukuyo revidou. – E não vou facilitar.

Aomame partiu ao ataque, enquanto seus comandados fizeram o mesmo. O mesmo indivíduo que golpeara Gintoki dois dias atrás sacou sua katana e foi atacar Shinpachi. Era o único espadachim do grupo, que em sua maioria era formado por ex-integrantes da Hyakka. Estas direcionaram seu ataque para Kagura e Sacchan. A garota Yato abriu seu guarda-chuva para se proteger de novas agulhas, abrigando também a kunoichi de óculos. Em seguida, ela o fechou para disparar uma saraivada de tiros, combinados com as várias kunais lançadas pela ex-Oniwabanshuu.

Shinpachi se defendia como podia das investidas do adversário, que possuía uma katana bem afiada e golpes bastante potentes. Certamente Gin-san teria um pouco menos de dificuldade, pois ele tinha grande força física, e só estava naquela situação porque as agulhas que o atingiram o deixaram paralisado, sem condições de reagir. Caso contrário, teria derrotado aquele cara sem muita dificuldade... E com aquela bokutou que agora ele empunhava.

Precisava encontrar um ponto de abertura para conseguir ao menos começar a minar a defesa adversária. Os ataques visavam atingir sempre seus pontos vitais, e Shinpachi buscava se proteger da melhor forma possível.

"Ele é muito bom", pensou. "E eu não tenho a força do Gin-san pra acabar logo com isso!"

Um novo ataque de seu adversário o surpreendeu, atingindo-o no ombro direito e causando-lhe um corte, acompanhado imediatamente por uma dor lancinante. Se não tivesse desviado a cabeça, certamente a lâmina da katana quebraria a lente de seus óculos e atingiria seu olho direito.

― Pra que dificultar as coisas, pirralho? O que você pode fazer com esse pedaço de pau?

― Posso fazer muitas coisas... TIPO ISTO!!

O Shimura, ignorando a dor que sentia no ferimento recém-adquirido, usou toda a sua força para desarmar seu adversário e, em seguida, atingir seu rosto com um golpe extremamente potente. Correu até a katana jogada no chão e a pegou, para seguir lutando com uma lâmina de aço e pôs a bokutou à cintura.

Como o homem responsável que era, devia devolver inteira ao dono a bokutou que pegara emprestada sem que ele soubesse.

Kagura e Sacchan lutavam juntas, ajudadas pelas mulheres da Hyakka. Era um duelo parelho, em que kunais se chocavam contra kunais e algumas delas encontravam o guarda-chuva da Yato. A ruiva buscava se esquivar das kunais que lhe eram direcionadas, aproveitando que era menor que as adversárias para golpeá-las, seja com socos e chutes, seja com disparos ou golpes com seu fiel guarda-chuva roxo. O ritmo frenético não permitia que ela pensasse em outra coisa a não ser lutar para evitar que lhe ocorresse o pior. Por seu turno, a kunoichi de cabelos lavanda distribuía várias e várias kunais, ao mesmo tempo em que entrava em luta corporal com suas adversárias, buscando abatê-las rapidamente.

Receberam reforço de Shinpachi, que usava a katana que conseguira no duelo contra o único espadachim do grupo de Aomame. O garoto de óculos, apesar de não ser tão forte ou ágil quanto suas companheiras de luta, estava se saindo bem, dentro de suas possibilidades. Os três buscavam evitar que qualquer adversário tentasse interferir em outro duelo.

Ele e Kagura somente pensavam em proteger Tsukuyo. Assim como Gintoki era importante para os dois, a Cortesã da Morte também passara a ter a mesma importância. E era por ele que os dois fariam de tudo para protegê-la.

Isto não é mais um romance água-com-açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora