Cap. 33: Água quente nem sempre é relaxante

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— KATSURA, APAREÇA! – Hijikata berrou. – NÓS SABEMOS QUE VOCÊ ENTROU AQUI E TÁ SE ESCONDENDO!

Gintoki logo se revoltou e também soltou o berro, ao mesmo tempo em que se levantava da água quente:

— NÃO É PORQUE VOCÊS SÃO POLICIAIS QUE TÊM O DIREITO DE INVADIR A MINHA PRIVACIDADE!

— Eu tenho uma ordem de prisão a ser cumprida, e isso me dá total direito de entrar onde eu bem entender pra pegar aquele terrorista de araque! Agora, vê se toma vergonha na cara e coloca de volta a toalha, senão eu te prendo por atentado ao pudor!

Constrangido e furioso, o albino simplesmente se abaixou, enfiando-se dentro da água quente até a cabeça. E, da água acima de sua cabeça, bolhas apareciam ao mesmo tempo em que um pouco de vapor denunciava que alguém estava mais uma vez em ponto de ebulição enquanto procurava a toalha que havia caído.

Pra piorar um pouco mais a situação, logo atrás dele havia alguém que estava praticamente se cozinhando. Emergia das profundezas um Katsura vermelho como um tomate cozido, buscando tomar ar. Quando Hijikata se virou para olhar para trás, Gintoki tratou de enfiar o amigo de novo na água quente. Ao fazer isso, bolhas surgiram por trás do Yorozuya, o que chamou a atenção do Vice-Comandante do Shinsengumi.

— Isso é que dá comer doce demais... Vive com gases. – observou.

O albino não respondeu nada, pois estava fervendo mais do que água quente em chaleira. Checou se sua toalha continuava amarrada e saiu, chamando Shinpachi para acompanhá-lo.

E... Quanto a Katsura?

Bom... Ele apareceu boiando como um peixe cozido por sobre a água quente.

*

— Gin-san, por que não relaxa?

— Shinpachi-kun, você não entende? – Gintoki questionou. – Como vou relaxar, quando tô louco pra agarrar a Tsukuyo? Quando estamos juntos, sempre acontece algo pra atrapalhar!

Ele tinha razão. Desde que chegara a Osui, o albino não conseguira chegar a ter muito contato com a loira. Sempre aparecia alguém para atrapalhar... Principalmente Katsura, procurando se esconder do Shinsengumi. E o quarteto principal resolvera fazer uma estadia também.

Resumindo a situação: sempre tinha um pra atrapalhar. SEMPRE.

Shinpachi sabia das intenções do amigo desde o começo, afinal, Gintoki era como um irmão mais velho. O Yorozuya chegava a confidenciar a ele algumas coisas a respeito de Tsukuyo, algumas impressões e alguns sentimentos. Sabia o quanto seu "chefe" era louco por aquela mulher.

Foi quando teve uma ideia e saiu dali.

—Gin-san, vou procurar a Kagura-chan e já volto!

Antes que ele dissesse qualquer coisa, o garoto de óculos já estava longe. Que bicho o havia mordido?

*

— Kagura-chan – Shinpachi puxou a garota Yato para conversar. – Eu tenho um plano!

— Plano pra quê? Pra gente conseguir mais comida?

— Não, é sobre o Gin-san!

— É pra conseguir mais doces pra ele? Ele sabe se virar, não?

— Primeiro, me escuta, depois, fala!

— Tá bom, tá bom!

— Kagura-chan, precisamos juntar o Gin-san e a Tsukuyo-san e não deixar que ninguém os atrapalhe!

— Boa ideia, Shinpachi! Até que de vez em quando você tem boas ideias!

— Meus óculos deveriam significar que eu sou inteligente, não...?

Sem mais delongas, os dois começaram a definir os detalhes do plano que o Shimura tinha em mente. Kagura soltou um risinho abafado ao ouvir o plano, pois tinha tudo pra dar certo apesar da simplicidade.

Era hora de juntar os dois pombinhos.

*

Tsukuyo terminava de secar seus cabelos, quando olhou para seu reflexo no espelho. Ao ver a sua imagem ali refletida, de cabelos loiros soltos, logo se lembrou de que Gintoki gostava de vê-la daquele jeito. Segundo ele, nada contra o cabelo preso dela, mas porque a achava mais linda com o cabelo solto.

Sorriu. Perto dele sempre se sentia uma boba, mas isso não importava. O amor que sentia por aquele homem era maior do que isso... Porque conhecia perfeitamente o outro lado que ele possuía, e que contrabalançava com o lado que todo mundo conhecia.

Muitos conheciam o seu lado marrento e encrenqueiro, alguns conheciam o lado mais humano, poucos, o lado amigo, e ela, o lado romântico e sedutor... Que a cativava e a enlouquecia.

Queria se aproximar dele de novo, ficara vários dias afastada dele por conta dos seus deveres como líder da Hyakka. Sentia falta de um tempo a sós com ele, de conversar, dos seus beijos, do seu toque, do seu calor... Estar junto com ele a fazia esquecer por alguns momentos os aborrecimentos e a fazia se sentir como uma mulher de verdade.

E sabia que ele tentava chegar perto dela, mas por azar seus intentos eram sempre frustrados. Ela também tentava, mas não dava certo. Parecia que o destino queria testá-los ou sacaneá-los.

Ajeitou o quimono rosa que vestia e saiu, com os cabelos já secos. Decidira procurar Gintoki, nem que fosse para uma conversa informal. Qualquer palavra trocada com ele já bastaria.

Avistou-o, ainda vestindo o quimono azul fornecido pela pousada e acompanhado por Shinpachi e Kagura, também vestindo os mesmos quimonos azul e rosa, respectivamente. Viu que a fisionomia do Yorozuya continuava aborrecida. Foi quando ele se deteve para pelo menos cumprimentá-la:

— Yo, Tsukuyo.

— Oi, Gintoki. Não parece estar curtindo a sua estadia grátis aqui.

— Não consigo relaxar como eu queria. – ele disse passando a mão pela permanente natural prateada. – Sempre tem um pra atrapalhar... E sinto falta de uma coisa. – olhou nos olhos de Tsukuyo.

— Acho que te entendo. – ela disse enquanto olhava para os olhos vermelhos do ex-samurai.

Os dois ficaram fitando um ao outro por um bom tempo. Havia muita coisa a se dizer e a se fazer. Ouviram um barulho, como se uma perseguição estivesse se aproximando... E realmente havia uma perseguição, porque Hijikata, junto com Kondo, Okita – armado com sua fiel bazuca – e Yamazaki, corria atrás de Katsura mais uma vez para prendê-lo. Mas todos sabiam que o Jovem Nobre da Loucura era um mestre na arte da fuga.

Quando a confusão estava chegando perto deles, Shinpachi e Kagura empurraram Gintoki e Tsukuyo para dentro de um cômodo e, enquanto a confusão envolvendo o líder Joui e o Shinsengumi passava, a ruiva trancava a dita porta enquanto comia um bolinho de arroz.

— Pronto – Shinpachi disse. – Agora os dois finalmente vão poder colocar o papo em dia.

— Shinpachi, seu plano foi muito bom! – Kagura elogiou. – Acho que o Gin-chan vai ficar feliz com isso!

— Espero que sim, Kagura-chan.

Isto não é mais um romance água-com-açúcarOnde histórias criam vida. Descubra agora