O primeiro dia de aula não está saindo como planejado. Eu estou atrasada e meu uniforme está completamente amassado. O despertador não tocou no horário certo e só consegui acordar por conta do nervosismo que estou sentindo desde a noite passada. Sem contar com o fato de eu ter perdido minha meia da sorte — sim, eu tenho uma meia da sorte — e simplesmente não consigo encontrá-la. A última vez que a vi, estava na terceira gaveta do meu armário, mas já revirei e joguei todas as peça que haviam lá para cima e ainda não consigo achar.
Se trata de uma meia larga com um branco opaco como cor e duas listras vermelhas. A nomeei assim pois estava usando ela quando tirei meu primeiro dez em matemática. É claro que eu estudei muito, mas nunca havia tirado uma nota tão alta em uma matéria que tenho tanta dificuldade como essa. Minha melhor amiga, April, sempre diz que isso de sorte e azar não existe e que sou meio boba por acreditar. Mas o que se pode esperar de uma garota com uma meia da sorte, aliás?
Felizmente, a danadinha nunca me decepcionou e sempre que vou a alguma ocasião especial com ela, eu me saio bem.
Não julgue minhas supertições.Saio em disparada ao quarto de minha mãe quando percebo que não irei encontrar meia nenhuma ali. Para a minha surpresa, mamãe está acordada e sentada em sua gigante cama com o laptop em mãos, provavelmente resolvendo algo do trabalho que ela tanto odeia — venda de imóveis.
Entro com pressa e ela desvia o olhar do aparelho a sua frente para prestar atenção em meu desespero.
— Mãe, por favor, diga-me que sabe onde está aquela minha meia branca com listras vermelhas — digo, procurando em baixo de sua cama e em seguida dentro de seu armário. Ela me olha com curiosidade.
— Se é a que estou pensando, pedi para a moça da limpeza colocar na secadora, para secar mais rápido pra hoje — ela diz, e o desespero invade meu corpo de imediato.
— A senhora o quê?!
— Qual o problema, querida? — ela pergunta, mesmo eu sabendo que ela não dá a mínima.
— O PROBLEMA É QUE ENCOLHE! — Berro, e ela apenas faz uma expressão engraçada, franzindo o nariz. Murmura um "eu não sabia" e volta sua atenção para o laptop. Reviro os olhos e saio de seu quarto, indo em direção a lavanderia.
Quando chego, encontro o par de meias jogado em uma cesta, e totalmente encolhido.
Mas que diabos! Logo hoje? O fato de eu estar atrasada só me ajuda a ficar mais afobada.
Subo para meu quarto, com raiva, e pego o ferro para passar meu uniforme.
O ato resultou em uma pequena queimadura em minha mão esquerda. Solto um palavrão assim que sinto minha mão arder. Parabéns, Sophia, pelo menos você não queimou a roupa toda.Coloco a blusa branca com botões e a saia vermelha obrigatória. Eu odeio ter que usar uniforme, mas a minha sorte é que como agora sou aluna do último ano, a direção autoriza irmos sem ele as sextas-feiras.
Me aproximo do espelho para me observar. Eu até que não estou feia. A roupa está do meu tamanho certo e o tênis all star preto que acabei de colocar faz um ótimo contraste com o vermelho. Prendi a metade de meu cabelo loiro claro em um rabo de cavalo, deixando o resto solto. Alguns fios rebeldes ficaram para fora, mas estou atrasada de mais pra me importar.
Se tudo tivesse ocorrido de acordo com o que planejei, eu estaria belíssima e despreocupada.
O elástico que coloquei tem uma borboleta azul de enfeite atrás e tenho certeza de que minha melhor amiga vai encher meu saco quando ver. "Não estamos mais no fundamental, Sophia... Blá blá blá". Porém, em minha opinião é uma gracinha.Pego a mochila que já está pronta a semanas e desço as escadas. Escovo os dentes e em seguida pego uma maçã na fruteira. Não dá tempo de tomar o café da manhã recomendado agora.
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Forte como o Sol [✓]
RomanceSophia Scheidemann nunca foi uma garota que chama a atenção de todo mundo, que frequenta festas e que está sempre namorando. Na verdade, ela só se destaca por conta do seu grande amor pela escrita e por conta do balé clássico, que é obrigada a faze...