Capítulo 27

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        O alarme toca exatamente as nove da manhã. Resolvi me dar um pequeno descanso por conta da noite de ontem e acordar uma hora depois do planejado.
Coloco uma roupa confortável e vou para o banheiro lavar meu rosto e fazer as necessidades.

Em seguida, desço as escadas lentamente. Fico petrificada em um degrau específico quando escuto vozes e risadas vindo da cozinha. Mamãe nunca convida ninguém, muito menos a essas horas.
E então, uma voz masculina fala novamente. Meu coração palpita de alegria.
Desço correndo e grito quando finalmente entro no cômodo.

— Como você está minha menininha? — Diz meu pai quando pulo em seu colo para o abraçar. Só Deus sabe o quanto senti falta dele. Vê-lo era tudo que eu precisava.

— Estou bem, e o senhor? — não dou o tempo para ele responder antes de perguntar novamente: — Por que não me avisou que estaria aqui?

— Quis fazer uma surpresa. Sua mãe insistiu que eu viesse para ver sua apresentação.

É claro que mamãe estaria envolvida nisso.

— Senti tanto a sua falta! — Falo, me separando dele.

— Eu sei, querida. Também senti. E é por isso que devemos dar um passeio mais tarde para comemorar a minha vinda. — Ele sugere.

— Mas é claro que não. Está maluco, Dave? Eu te disse que Sophia precisa treinar muito para o campeonato. — interfere mamãe. Eu reviro os olhos. E papai também.

— Pare de ser rabugenta, Kimberly. Nós iremos. Tenho certeza que obrigou ela a ensaiar essa dança vezes o suficiente.

Minha mãe cruza os braços.

— Tudo bem. Mas apenas a tarde. Preparei o almoço e não quero desperdiçar. — Ela cede e eu bato palminhas animadas.

— Te trouxe um presente da minha última viagem para Tailândia. — papai murmura apenas para eu ouvir. Sorrio. — Não conte para sua mãe, não comprei nada pra ela.

Eu confirmo com a cabeça. Típico de Dave Scheidemann.
Não vejo a hora de contar para ele todas as novidades e de perguntar sobre sua nova namorada, que por sorte não veio, se não sofreria com o olhar mortal de mamãe. Ele viaja tanto que as vezes mal conseguimos conversar por ligação. Depois que conseguiu fechar contrato com modelos famosas, ele vai para onde elas vão quando precisam, e quando não está as fotografando, se diverte em ir no país vizinho para fotografar as belezas naturais ou encontrar garotas que ainda não foram descobertas para o mundo da moda.
Aliás, ele insiste em dizer que eu deveria virar modelo. É claro que sempre nego. Não sou a do tipo fotogênica e não teria paciência em ter que fazer dietas e posar para fotos quando estou desconfortável.

Ouço a conversa de minha mãe com meu pai por alguns minutos. Ela está se gabando ao falar de Jhon. Mal sabe que papai também está namorando. Não quero estar aqui quando descobrir.

Para falar a verdade, vi Jhon apenas uma vez. Eu cheguei mais cedo da escola e ele estava aqui no sofá, paquerando mamãe. Não foi nada confortável ver a cena, mas por sorte ele parou assim que me viu. Estava nervoso, e me chamou até de "senhorita". Eu ri, o que o constrangeu. Parei ao ver o olhar de repreensão que mamãe carregava no rosto.
Ele tem cabelos castanhos e olhos azuis. É uma boa combinação. Não é gordo como achei que seria, porque sempre imaginei que padrastos fossem gordos. Não sei porquê. Levando em base a experiência de minha prima Maya, acho que faz sentido. Minha tia já casou três vezes desde que ela nasceu, e todos os maridos tem o mesmo biotipo. É engraçado de se ver.
Depois do ocorrido subi para meu quarto e nunca mais o vi. Sei que ainda conversa com minha mãe, mas enquanto estou aqui em casa ele nunca apareceu.

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