Capítulo 8

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         Max sai da lanchonete e eu acompanho, sem saber ao certo para onde estou indo.
Nós não passamos no estacionamento, o que eu achei bem estranho.

— Para onde estamos indo? — pergunto, ainda andando pela rua quase vazia.

— Para o boliche. É aqui perto — ele diz, sem olhar para mim.

São quase uma da manhã. Não acho que o boliche esteja aberto a essa hora.

— Se não quiser ir, podemos voltar — acrescenta depois de observar minha expressão duvidosa.

— Não, tudo bem.

Ele concorda e continua a andar.

Depois de caminhamos por alguns minutos, ele para em frente a um lugar com o estilo meio vintage escrito "boliche" com uma bola enorme de papelão vermelha na frente.
Não há ninguém, não tem carros e o lugar está totalmente escuro.
Max tenta forçar a porta para abrir, mas nada acontece. Ele me olha com uma expressão aborrecida.

— Foi mal. Eu jurava que estava aberto — ele fala, esbanjando um sorriso desanimado.

— Ah, tudo bem. Eu não estava mesmo afim de jogar — digo, com um sorriso gentil nos lábios.

— Não quero ter que caminhar mais. Acho que tem um parque ali na esquina, vamos ficar lá até eu ter ânimo pra voltar — diz, apontando para um pequeno quadrado com bancos e árvores. Eu concordo.

Em poucos passos nós chegamos no pequeno parque. Está vazio.
Nossa única iluminação é um poste no canto e a lua brilhante.
Antes que eu posso me sentar, Max para de repente, olhando fixamente para uma casa enorme em frente ao banquinho.
Eu o olho confusa, sem entender porque a casa o interessou tanto.
Ele olha para mim e da um sorriso de lado.

— Vai se importar se eu mudar o destino outra vez? — questiona. Acho que já andei uns dois quilômetros.

— Talvez. É muito longe? — ele sorri, mas não me responde. Eu levanto a sobrancelha.

O garoto de cabelos castanhos olha fixamente para casa novamente e começa a caminhar novamente, me deixando para trás.

— Essa casa é sua? — pergunto, ainda parada. Não sei se espero que seja ou que não seja. Se for, vou ficar envergonhada, mas se não, estaremos invadindo, e isso traria consequências. Não boas, aliás.

— Relaxa, loirinha. Vai ficar aí parada ou vai vim? — pergunta, quase gritando. Ele já está quase em frente da casa.

— Max, volte pra cá! O que pensa que está fazendo? Não podemos entrar aí — digo, batendo o pé, o que só o faz rir mais e da de ombros.

— Eu já não disse pra relaxar? Não vai acontecer nada. Eu vou entrar, mas se quiser ficar aí parada, não posso fazer nada — diz. Sínico.

Reviro os olhos e mordo os lábios, tentando não o xingar. Ele vai até o que parece ser o fundo da casa, e começo a me desesperar por perde-lo de vista. Não quero ficar aqui sozinha, e estou até com medo.
Por puro impulso, vou atrás dele. Ficar aqui me amedontra, e a escuridão da noite só piora.
Quando olho para a lateral da casa, não o vejo. Meu coração bate forte em meu peito quando penso na possibilidade de algo ter acontecido com ele.
Felizmente, o vejo tentando entrar em uma pequena janela no fundo da casa. Suspiro de alívio ao o ver.

— Eu sabia que você não ficaria sozinha lá — zomba, me olhando com deboche. Eu estreito os olhos e abro a boca, mas não consigo achar palavra alguma que não seja de baixo calão. — A janela é pequena. Vou te ajudar a subir e depois você me dá uma força.

Forte como o Sol [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora