Capítulo 29.2

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        Desperto com o barulho das ondas do mar e das gotas de chuva batendo forte no telhado. Leva um tempo até eu perceber que não estou na minha cama. E então tudo que aconteceu ontem me vem a mente, me fazendo sorrir igual uma boba.
Apesar de repentino, não poderia ter sido melhor. Naquele momento, eu estava completamente entregue a Max, e ele também estava a mim.

Olho para o lado afim de encontrar o rosto calmo do meu garoto de olhos prateados. Mas isso não acontece. Franzo o cenho e me sento na cama.
O relógio indica as oito e meia da manhã. Será que ele está acordado a muito tempo?

Levanto, coloco uma roupa e vou ao banheiro para escovar os dentes, lavar o rosto e fazer minhas necessidades.

Em seguida, saio do quarto. A casa está silenciosa. April e Pierre ainda devem estar dormindo.
Desço as escadas rapidamente, e encontro Max escorado na janela observando a chuva. Ele parece não ter notado a minha presença.

Me aproximo calmamente e fico ao seu lado, em silêncio. Ele respira fundo, então sei que percebeu que estou aqui, mas também não diz nada.
Parece que está caindo o mundo. É claro que o clima estaria super fechado no mesmo dia em que planejei ir para cidade fazer comprar e ficar horas na praia.

Max olha pra mim depois de alguns segundos.

— Bom dia. — fala, calmamente.

Eu respondo, ainda olhando para chuva.

— Como você está? — pergunta ele, me encarando.

— Bem, só meio decepcionada por estar chovendo.

— Eu também. Estava pensando em ir pra cidade comprar alguns matérias de pintura.

— Pois é. Eu ia passar em uma loja para comprar alguns presentes pra minha mãe e em uma livraria.

— Podemos ir mais tarde, mas não sei se a chuva vai passar tão cedo.

Eu concordo com a cabeça.

— Está com fome? Vou fazer o café da manhã. — Diz, saindo de seu lugar na janela e indo até a cozinha, com uma animação aparente.

Sorrio.

— Quer ajuda? — me viro para observá-lo.

Ele nega com a cabeça.

— Hoje vai ser tudo por minha conta, milady. — Fala, com a voz rouca, e da uma piscadinha.

Eu dou risada e vou até cozinha, que está limpa. Ontem, pedimos duas pizzas e comemos na sala de estar enquanto  conversávamos e jogávamos UNO. April nos contou sobre a vez em que discutiu com Adele Dubois por conta de um pote de batatas fritas no cinema. Como eu estava junto, intervi nas vezes em que ela esquecia algo. Minha melhor amiga é bem melhor em contar história do que eu, que começo a rir ou me embolo nos acontecimentos, então sempre deixo esse trabalho pra ela, que não se importa em cumprir. Os meninos, entretanto, nos deixaram entediadas falando de baseball e de jogadores que nunca vimos. April sabia de alguns, mas ela não se juntou a conversa.
Até agora, está bem divertido estar aqui.

Me sento em uma cadeira na mesa média enquanto Max faz waffles na máquina que já tinha na casa. Ele está concentrado, e amo observá-lo nesse estado.
Quando está dormindo, quando está dirigindo, cozinhando. Ele franze as sobrancelhas escuras de uma forma fofa e deixa a boca entreaberta.

Saio de meu devaneio quando April e Pierre chegam a cozinha. Ela está com uma cara de sono e com os cabelos bagunçados. Ele também, só que um pouco mais ativo.
Os dois se sentam na mesa perto de mim.

— Bom... dia... — Minha melhor amiga fala entre um bocejo, e esfrega os dedos nos olhos.

— Parece que teve uma boa noite de sono. — Zombo, e ela me dá um tapinha fraco no braço.

Forte como o Sol [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora