Capítulo 11

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         Chego na escola mais tarde do que o normal, e April já está sentada em um banco comendo sua barrinha de ceral. Eu aceno para ela e vou em sua direção.

Mesmo depois de saber sobre ela e Pierre, ela ainda não quer ser vista com ele. As vezes, vejo os dois se encontrando na hora da saída ou atrás do campo de lacrosse. Eles formam um belo casal. Eu nunca os imaginei juntos, mas agora não consigo vê-los sem um ao outro.

Me sento ao lado dela que sorri ao me ver.

— Falou com Will sobre o fim do falso namoro? — Pergunta, olhando com curiosidade para mim.

— Ainda não. Ontem foi um vexame. Ele falou pro pai dele que a gente namorava, e eu fiquei com vergonha de dizer que não queria mais.

— Sério mesmo que ele falou pro pai dele? Que idiota.

— Pois é. — Concordo. Ele é realmente um idiota, mas, falarei hoje sem falta. Não quero mais fazer isso.
— Ah, e aconteceu mais uma coisa. — Acrescento, me referindo a Max.

— O quê? — interroga, atenta.

— Descobri o sobrenome de Max da pior forma possível.

Ela franze a testa e pergunta qual é.

— Baardsson. O sobrenome dele é Baardsson.

— Igual o de Will. Que coincidência. — ela da de ombros e da outra mordida em sua barra de cereal. Caramba, April é muito lenta.
Olho para ela atentamente com os olhos franzidos e com os braços cruzados. Ela estranha, e pergunta o que é.

— Não é só uma coincidência. — digo, e ela arregala os olhos e abre a boca.

— Tá de brincadeira! Eles são mesmo parentes? Tipo, primos? — nego. — Irmãos? — tenta de novo, e eu afirmo. Ela arregala os olhos, chocada. — Meu Deus, Sophia, você está a fim logo do irmão que Will tanto reclama? Que azarada.

— Não estou a fim de Max! — minto — E aliás, acho que ele está mesmo namorando aquela Anne.

— Acho que não, ele teria falado. Mas, acredito que a barreira mais forte entre vocês dois agora é Will. Não se preocupe com essa Anne, você nem sabe quem ela é.

— É, acho que você está certa.

Conversamos por mais alguns minutos até o sinal bater. Nós nos levantamos com rapidez, e eu vou direto para minha aula de literatura.

Discutiremos Orgulho e Preconceito semana que vem, e confesso que estou super animada. Hoje, nós fizemos uma redação sobre Jane Austen e em como naquela época era difícil para as mulheres terem seu lugar no mundo.
Will — como sempre — chegou atrasado e fez a redação mais curta da sala. Ele me disse que ainda não leu o livro, e que todas as aulas de literatura da um jeito de procurar no Google sobre a obra.

O professor elogiou meu texto e me pediu para ler para ler pra turma, mas não consegui. Tenho certeza de que eles não iriam gostar.
Escrever é tudo que mais amo no mundo, mas tudo que já fiz está guardado a sete chaves. Meus manuscritos sobre amor, amizade, e sentimentos no geral serão incompreendidos por muitos.
Acho que passo tanto tempo tentando ser perfeita, que acabo me perdendo no meu próprio mundo.
Às vezes, minha mente da um jeito de me fazer se sentir mal. Eu me afundo em uma espiral sem fim de pensamentos negativos sobre mim mesma que acabo arruinando a vontade de mostrar coisas que amo fazer para os outros. Coisas verdadeiras e repletas de carinho.
Não é algo simples. Na verdade, é bem colossal.
Por muito tempo considerei baixa auto estima algo relacionado apenas a beleza. Mas não é só isso. É um buraco bem mais fundo e asqueroso. É o medo de mostrar quem você é por dentro e decepcionar os outros, porque você mesmo já está decepcionada. É não gostar de falar sobre coisas que você realmente ama por medo, e se frustar todos os dias por esse mesmo quesito. 
Todavia, estou tentando melhorar isso em mim mesma. Estou tentando com todas as minhas forças me amar mais. E, quando conseguir, serei bem mais a Sophia que está guardada dentro de mim. Uma Sophia autêntica e sem timidez.

Forte como o Sol [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora