Capítulo 16

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          Não tenho notícias de Max desde a noite em que passei lá, a duas semanas atrás. Estou preocupada. Mandei mensagem centenas de vezes e nunca foram respondidas. Pensei em passar no apartamento dele depois da aula, mas ninguém quis me levar, eu estava cansada demais para andar e ainda sem dinheiro para o Uber. Isso só reforça a ideia de que tenho que aprender a dirigir imediatamente.
Na dia seguinte após a noite em que Max estava machucado e eu fui o ajudar em seu apartamento, ele ainda estava dormindo quando eu fui embora, mas lhe deixei um bilhete.
No mesmo dia, Callum me mandou mensagem e ficamos conversando a tarde inteira sobre assuntos aleatórios, inclusive sobre Max.
Ele é um cara legal. Depois do que ele fez por mim, tive certeza de que ele seria um ótimo amigo. E ele realmente está sendo.
Fizemos um piquenique semana passada e ele me deu ótimos conselhos para reconquistar a confiança de Will — que não fala comigo e passou a andar com o grupo de Adele o tempo todo — e para entender Max, que é um labirinto sem saída para mim.

Hoje é uma sexta-feira e acabei de sair do balé. Callum vai passar um tempo comigo aqui em casa. Minha mãe o adorou. Falou que ele é um rapaz simpático e bem educado. Fiquei feliz.
Assim que chego em casa, vou para o banho e coloco uma roupa confortável. Felizmente o meu curso de alemão acabou a poucos dias atrás, então estou desfrutando dos finais de tarde com mais calma.

Me sento no sofá da sala e Callum chega minutos depois.

— Como foi seu dia hoje? — Ele pergunta, se sentando ao meu lado no sofá.

— Cansativo e não teve nada de interessante. E o seu?

— Uma merda. O treinador estava um pé no saco. Às vezes fico mais tempo dentro da água apenas para não ouvir a voz dele. — Ele diz, revirando os olhos ao se lembrar.

— Imagino como seja.

— Pois é. Mas e aí, tem notícias de algum Baardsson?

— Vejo o mais novo na escola, mas ainda não tive coragem de conversar com ele depois do que aconteceu. E o mais velho ainda está fazendo um ótimo trabalho em me ignorar. — Conto, olhando para o chão com certa tristeza.

— Sinto muito. Mas as coisas vão melhorar, prometo. — Ele me conforta, e eu sorrio em agradecimento.

Ele fica alguns segundos em silêncio, mas depois seu rosto de ilumina como se tivesse algo muito importante para dizer.

— Lembra daquele dia que me falou sobre seus textos e em como você ama escrever pra se aliviar de alguns sentimentos? — Pergunta e eu afirmo. — Eu fiz isso também. Ou pelo menos tentei. Realmente é uma boa maneira de desabafo.

— Sério? Que ótimo! Eu quero ver. — Digo, animada. A cada dia que passa acho algo a mais para me identificar com esse garoto de cabelos acobreados.

— Eu não trouxe o caderno, mas te mostro outro dia. Isso está sendo tão bom pra mim, tão bom que a minha família parou de encher meu saco porque agora tenho uma ótima opção de faculdade. — Ele fala, vibrando de alegria. Eu sorrio, animada. Callum estava sofrendo muito com a pressão da família para iniciar a universidade.

— E qual seria a ótima opção?

— Letras. Eu já estou planejando. Provavelmente vou começar ano que vem em alguma universidade de Seattle.

— Em Seattle? Mas por que tão longe?

— Porque eu preciso mudar de vida e de rotina. Estou cansado das pessoas me dizerem o que fazer toda hora. Em Seattle eu serei apenas mais um dos diversos cidadãos. — Ele fala, e eu o abraço de forma generosa e amigável.

— Estou tão feliz por você.

— Você deveria vir comigo. Poderíamos fazer o mesmo curso. — Callum sugere. Eu adoraria fazer Letras em Seattle, mas é algo que para minha mãe estaria fora de questão. O que importa é a minha carreira de bailarina, é o que ela diria.

Forte como o Sol [✓]Onde histórias criam vida. Descubra agora