Epílogo

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   MAX BAARDSSON

     Assim que Sophia sai pela porta, eu desabo.

Essa garota me mostrou o mundo de uma forma mais doce e me deu esperanças. Ela conseguiu me fazer rir, conseguiu me fazer se sentir amado, o que não acontecia a nove anos.
Depois que minha mãe morreu, tudo o que eu via era cinzas, trovões, preto e branco. Eu agia como um otário e fazia coisa que tinha certeza que me arrependeria no dia seguinte.

Se eu pedi para ela ir embora, é porque a amo. E Deus, como amo. Negar todo o meu amor e ver seu rosto de decepção fez meu coração se despedaçar. Eu me senti péssimo, mas tinha que ser assim.

Irei procurar ajuda. Serei uma pessoa melhor. E sei que, se no futuro a reencontrar, farei o possível para tê-la de novo.

Ao contrário de muitas pessoas, não acho que um ser humano seja capaz de mudar outro. Sophia não mudou quem eu sou. Ela apenas me inspirou a ser melhor. Me fez enxergar que eu não estou bem e que preciso de ajuda o quanto antes.
Antes, eu tinha certeza que toda a dor iria embora com o tempo, mas nunca deixei ir de verdade. Sempre me prendi ao passado e sofri por isso.

A minha garota de cabelos tão loiros que pareciam quase brancos e de olhos azuis como as praias do Caribe merece ser feliz. E passar por uma fase tão complicada da minha vida comigo não é o que quero pra ela. Não posso fazer isso. Essa dor é minha, e ela já fez muito por mim.

Fui egoísta por longos meses e quis mantê-la comigo. A fiz chorar e a fiz duvidar de si mesmo. Mas isso acabou. Acabou para nós dois.

E por mais que eu queria ficar com Sophia, não posso. Não é justo com ela, que está me dando seu amor de volta.
Sou problemático. As vezes sinto que estou me afogando e que simplesmente não consigo voltar a superfície. E é muito mais dolorido quando tem alguém te esperando, porque quando se está sozinho, são menos corações partidos.
Era pra isso ser bom, divertido e leve. Mas não posso mudar quem eu sou e minha história, por mais que deseje muito.

Vou para o banheiro e tomo um banho gelado. Minha cabeça está doendo por conta de todo choro.
Estou em pedaços por saber que não irei mais vê-la; que não irei mais sentir o cheiro de chocolate de seu cabelo loiro claro, ou de encarar seus lindos olhos azuis.

Antes de conhecê-la, dizia a todos ao meu redor para me deixarem parar de lutar. Mas ninguém entendia. Diziam um "ele está sendo dramático" ou "tome um banho e durma, vai melhorar". Mas nunca melhorou. Continuei me afundando cada vez mais em minha mente monstruosa.
Tento cruzar o oceano de meus pensamentos. Mas pra quê? Irei me afundar de novo. Sempre terei pedras presas em meus pés, me puxando para baixo e me impedindo de respirar e de viver.

Meu pai me olharia com desgosto se me visse agora.
Adoraria se tudo o que eu fizesse não fosse uma decepção pra ele.
Lembro-me de quando ele gritava comigo e as vezes me jogava contra a parede para descontar a sua raiva. Isso acontecia frequentemente antes da mamãe morrer, e apenas duas vezes depois. Eu ficava me perguntando o que tinha feito de errado para ser castigado, e então tentava conversar, mas ele não fazia questão de ouvir minhas palavras. Porque apenas ele podia sofrer, e a minha dor não importava.
E então, ele voltaria para casa no dia seguinte com um presente e fingiria que nada aconteceu.
Uma infância de merda.

Saio do chuveiro e me sento na cama. Agora, estou no quarto escuro e frio de meu apartamento esperando encontrar respostas do que devo fazer a seguir. É como se eu estivesse paralisado. Não achei que seria tão difícil acabar com isso.

A verdade é que ninguém está preparado para o fim, seja ele qual for.

No fundo, eu sabia que ela não pertencia a mim. Sabia que ela merecia alguém bom de verdade. Alguém que não a fizesse gritar ou chorar.

Meu peito está apertado e sinto como se as lágrimas nunca fossem acabar. Eu a amo, mas está acabado. Olho para suas fotos em meu celular. E então jogo o aparelho na parede, o quebrando.

Deito na cama e fecho os olhos. É em momentos como esse que eu adoraria que tudo se apagasse e que meu cérebro não estivesse desperto.

Se eu fosse mais novo, minha mãe entraria pela porta, me abraçaria e faria leite quente para eu conseguir relaxar. Mas estou sozinho, e não só em casa. Estou sozinho no mundo. E o pior de tudo, estou sozinho com minha mente, que é a pior das inimigas.

Fecho os olhos por um tempo, desejando conseguir dormir, o que é em vão.
Levanto da cama e pego os materiais de pintura. É a única coisa que me anima em dias como esse, e acredito que esses dias serão um pouco mais constantes ultimamente.

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