Eu te amo | 32

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E esse já era o meu segundo beijo

Izuku's POV

Envergonhados, nos separamos, mas não pudemos deixar de ficar olhando nos olhos um do outro. Era como um sonho que tinha se tornado realidade. Mesmo sendo que eu sempre tinha pensado que sonhos eram para idiotas. Todos os sentimentos positivos imagináveis tomaram conta de mim. Eu estava em um estado que eu não sabia descrever. Eu fiquei sentado, quase como se estivesse paralisado, feliz como eu nunca estive antes. Tudo o que tinha acontecido de ruim comigo havia sido esquecido. Meu vazio interno tinha sido preenchido, como se nunca tivesse existido. Eu não estava mais sozinho, eu não era mais inútil. Eu não era mais um casco vazio que estava vivo só por estar. Eu tinha desenvolvido uma personalidade, porque ele me ajudou com isso. Um salvador de vidas, um herói. Meu herói. Eu não queria deixá-lo ir, não agora e não em cem anos. Minha barriga parecia ter explodido de alegria. Pela primeira vez eu estava me sentindo como uma pessoa de verdade. Uma pessoa que tinha sentimentos desde que nasceu. Uma pessoa que consegue amar, gostar, desprezar e odiar. Eu agora era aquilo que sempre quis ser. E eu agora possuía a pessoa com que eu sonhava. Pelo menos quase.

"E-eu-" Minha voz quebrou. Eu queria começar a falar sobre isso com ele, mas eu não conseguia formular a frase. Pensamentos de mais passavam pela minha cabeça e eu tive o sentimento de ter esquecido como se fala por um momento. Eram sintomas que nunca aconteciam com pessoas normais, mas isso não me importava agora. Nada importava para mim, a não ser os lábios de Shoto, que estavam se abrindo agora.

"Eu te amo" Eu prendi a respiração. Eu nunca tinha ouvido essas palavras. E mesmo se eu tivesse as ouvido, não conseguia me lembrar. Eu sabia que minha mãe me amava, mas ela não conseguia falar isso a mim. Por um simples motivo: Ela tinha medo. Desde que soube dos meus sentimentos perdidos, ela ficou com medo de eu deixar claro a ela que eu não sentia nada por ela se ela falasse isso. E isso era verdade. Mesmo depois de eu ter começado a fazer de conta que eu era normal, ela não acreditava nessa ilusão. Exatamente porque ela me ama. Mas agora era diferente. Shoto não me conhecia. Ele não fazia a mínima ideia de que eu não conseguia sentir nada antes da chegada dele. Nada apontava para isso. Eu só fazia de cinte que eu era um menino normal, um pouco gentil de mais. Que na verdade era muito diferente, isso ele não poderia descobrir nunca. E depois dessas palavras ele nunca iria de qualquer jeito. Eu vou garantir isso.

"E-eu também te a-amo.", eu respondi baixinho. O mais velho sorriu levemente e se soltou de mim, levantando e tirando os olhos de mim. Confuso eu segui o olhar do maior, o qual me estendeu a mão. Meus pensamentos foram para os do meu passado, e uma imagem se formou na minha cabeça. A imagem do rosto naquele momento sério de Todoroki quando nos conhecemos pela primeira vez. Quando eu bati nele sem querer, ele estendeu a mão para mim, mas não falou nenhuma palavra. Ele me puxou para cima, mas antes que eu pudesse me desculpar, ele tinha sumido. Naquela época eu ainda não sabia o nome dele. Eu não sabia como ele vivia. Eu não sabia nada sobre a família dele, o relacionamento dele com o seu pai. Eu não sabia nada sobre sua cicatriz, nada sobre sua sexualidade, nada sobre seus amigos, seus conhecidos, sua personalidade. Eu não o conhecia e pensava que ele era o garoto normal em que eu esbarrei sem querer. Mas as coisas mudaram. Ele era tão mais do que eu poderia ter imaginado. Ela era fofo, bonito, educado, gentil e inteligente, ele era perfeito. Comparado a ele, eu não valia de nada. Só ele tinha me tornado alguma coisa especial. Eu era amado, enquanto eu tinha mandado uma pessoa para a morte. Eu era um assassino amado. Alguém com quem normalmente não se queria ter nada a ver. Mas isso não fazia diferença. Eu era especial, pois Shoto me amava. E eu iria garantir que essa honra não fosse dada a mais ninguém. Mesmo que eu precise passar por cima de cadáveres.

Sorrindo eu segurei a mão dele e ele me puxou para cima. Nós estávamos quase saindo do meu quarto quando para ir para a cozinha quando o mais me segurou e me deu um curto beijo. Provavelmente porque ele não fazia ideia de como e se eu iria explicar o nosso relacionamento para a minha mãe. Na verdade isso não tinha nada a ver com ela, mas ela com certeza perceberia isso. Eu também não sentia vergonha por isso. Ainda mais não com a minha mãe. Ela era muito tolerante, e eu acho que ela até ficaria feliz pelo filho dela finalmente ter encontrado alguém. Ainda mais por ele ter sido diagnosticado como sem sentimentos aos cinco anos. Mas agora ela tinha a chance. Agora ela tinha a chance de também poder me falar que ela me ama. Eu não correspondia a isso, mas eu poderia falar a ela de consciência limpa que correspondia a esse amor. Pois eu tinha compaixão. Compaixão, pois eu até agora há pouco pensava que meu amor não era correspondido e em vão. Eu podia compreender a dor dela agora, eu também poderia dar atenção a ela. Pois foi exatamente isso que Shoto me ensinou!

Red & White || TodoDeku (Tradução Alemão → PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora