O pai dele | 28

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Izuku's POV

Confuso eu abri os olhos, só para logo depois fechá-los novamente. Eu não estava acostumado a ver o sol logo após acordar, já que minha janela ficava sempre fechada. Mas o que mais me irritava era o fato de que, conforme o pequeno relógio no criado-mudo, eu tinha dormido a noite inteira. Eu engoli em seco quando percebi o quanto eu estava com sono e cansado nesse momento. Agora que eu finalmente tinha ficado com sono, quando chegaria o dia em que isso iria parar? Suspirando, me levantei e percebi que não tinha mais ninguém no quarto. O lugar do meu lado estava vazio e me fez me sentir um pouco de solidão. Depois que levantei, vesti as minhas próprias coisas novamente e arrumei a cama, que nem era minha. Já que minha escova de dentes estava em casa e meu celular não tinha carregado durante a noite, minhas pernas me levaram para o andar de baixo quase que automaticamente. Mas um grito alto me assustou e eu parei imediatamente. Eu conhecia essa voz.

"Por que você tem que trazer alguém junto? Você deveria es concentrar mais na escola, seu inútil!" Eu tinha terminado de descer as escadas e eu estava espiando Shoto e seu pai brigando. O menor deles primeiramente não respondeu, mas logo deu uma resposta seca.

"Hoje você está no turno da manhã. Você não deveria estar no trabalho?" O grande homem rosnou e levantou a mão. Meus olhos se arregalaram e por um momento eu pensei em intervir, quando Fuyumi segurou a mão do pai. Calma, assustada, implorando. Ela não tinha nem um pouco de influência sobre o pai, mesmo assim queria proteger seu irmão mais novo. Se eu pudesse, eu iria me juntar a ela e pensar em um plano para matar esse homem. Se eu pudesse. Mas eu não posso.

O homem musculoso então deixou Shoto e saiu da sala, irritado. Com isso ele veio em minha direção, o que eu ignorei habilmente. Quando ele virou e me viu, seus olhos congelaram e ele me olhou com um olhar tão hostil que nem Kacchan conseguiria ganhar dele. Mas ao contrário da última vez que nos encontramos, meus olhos não estavam cheios de um vazio sem fim e um abismo fundo, mas com uma coisa muito diferente. Sem que eu percebesse, meus olhos começaram a brilhar de ódio. Como esmeraldas, meus olhos perfuravam a pessoa na minha frente. Minha boca estava fechada, para não gritar com ele. Um ódio inacreditável surgiu dentro de mim quando eu lembrava do que ele queria fazer com o Shoto. O meu Shoto. Na minha presença isso era um erro enorme. E sem querer isso, eu transmiti tudo isso a ele com um olhar. Pois o barulho dos dentes dele rangendo me fez perceber o quanto ele era realmente fraco, e o quanto de desconfiança ele tinha em relação a mim agora. Pois, conscientemente ou não, eu tinha acabado de mostrar a ele claramente a minha vontade de matar. Uma vontade que eu pensei que nunca iria aparecer novamente. Então eu voltei para o começo? 

A porta fechou com um estrondo e agora o o barbudo gigante finalmente tinha ido embora. Eu estaria perfeitamente bem sem a presença dele. Depois de um pequeno suspiro eu coloquei um sorriso no rosto novamente. O típico, em que todos pensavam quando ouviam meu nome. Izuku Midoriya, mas finalmente com sentimentos. Quando entrei na sala de estar, que originalmente era meu objetivo, Shoto ainda estava parado lá. Ele tinha colocado a mão sobre o rosto e estava claramente aborrecido, se não com raiva. Com pequenos passos eu me aproximei dele e fiquei bem na frente dele. Ele estava parado lá como se não pudesse se mover. E nem olhar para mim ele olhava. Magoado eu peguei na mão dele, que eu, suavemente e com muito cuidado, soltei do rosto dele. Então eu sorri para ele. Era claramente o maior sorriso que eu já tinha dado para alguém na minha vida toda. O garoto na minha frente arregalou os olhos. Antes que eu percebesse, ele se inclinou para frente e me puxou para um abraço. Meu rosto ficou completamente vermelho. Era a primeira vez que ele tinha me abraçado por conta própria! Ele nem precisava perguntar, só o fez e isso era simplesmente maravilhoso. Eu também coloquei meus braços em volta dele e, com bochechas vermelhas, apoiei minha cabeça em seu ombro. Um leve sorriso se colocou sobre meus lábios, enquanto eu olhava para o nada, aproveitando o momento. Eu iria dar tudo por mais um momento assim. Tudo.

O barulho de um estômago roncando nos interrompeu e eu poderia me bater por ser o meu. E além disso, infelizmente não era um barulho de fome, mas um com dor. Eu estava prestes a falar que eu deveria estar com fome e nós deveríamos comer, quando Shoto tirou seus braços de mim só para se ajeitar e colocá-los, determinado, nos meus ombros.

"Nós vamos para o médico. Agora."

Red & White || TodoDeku (Tradução Alemão → PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora