Nathan Scott saiu da água e andou até pela praia, vislumbrando ao longe as duas mulheres que salvaram sua vida. Ao ver a modelagem do rosto de Angelina observou que o nome realmente combinava com ela, parecia — de fato — um anjo. E um dos mais formosos. Há tanto tempo viajando por países, enfrentando noites de frios e dias de sol quente em muitos desertos áridos, que a única beleza que presenciava era a natureza do Criador, mas notou como o Senhor ao formar a mulher depositou nela superioridade de beleza e graça. As mãos cuidadosas da Srta. Jones era como um oásis para ele que há cinco anos trabalhava e nada mais. A voz suave e a delicadeza e bondade de suas palavras o acalentava, certamente nunca achara mulher mais adorável em sua vida. Ela era um achado, escondida num vilarejo isolado do mundo.
— Sr. Scott, a água estava boa? — A Sra. Nagael perguntou assim que ele se aproximou das duas.
— Muitíssimo, senhora! — Ele balançou os cabelos para tirar o excesso de água dos cabelos. — Há tempos não apreciava o mar desta maneira — virou-se novamente para contemplar aquela deleitosa paisagem.
— O senhor não via o mar? — Angelina começou a participar da conversa com sua inocente indagação.
— Eu o via todos os dias, mas não tinha a oportunidade de aproveitá-lo como hoje. — Sorriu para ela e aceitou de bom grado um pano seco, que a jovem direcionou a ele, para se secar.
— As obrigações de um tenente não devem dar espaços para alguma diversão — declarou à senhora.
— Eu ouso concordar e as diversões que são propícias aos militares — ele mirou as duas mulheres —, é melhor nem se mencionar.
A Sra. Nagael já havia ouvido sobre a vida desregrada de muitos militares e quantas de suas mulheres sofriam com a perda dos maridos para uma vida de devassidão. Diante disso, era melhor realmente nada ser dito. Pobre Angelina não conseguiu captar a conversa dos dois, contudo não procurou estender o assunto.
— O senhor melhorou. — afirmou Angelina ao Sr. Scott. — O que pretende fazer agora? Sua família deve está o procurando, e, com certeza, seu regimento também.
Nathan não respondeu imediatamente a serena Angelina, sua mente vagou por uns momentos a fim de encontrar uma resposta adequada.
— Minha família está bem, esteja certa disso. E o meu regimento, em breve, me encontrará. — Aquelas palavras trouxeram certa angústia para a Angelina, mas engoliu em seco seus sentimentos.
— Você precisará de algumas roupas agora que se recuperou — observou Olívia ao perceber as roupas rasgada do homem imponente a sua frente.
— No baú de minha mãe há as roupas de meu falecido pai — Angelina o mediu, fazendo uma rápida inspeção no corpo dele através do seu olhar. — Acredito que servirá. Talvez precise de uns remendos, mas eu posso fazer isso.
— Como agradecer por tamanha bondade, Srta. Jones? — ele a fitou com seus belos olhos.
— Não precisa, Sr. Scott. — Ela sentiu um palpitar no peito ao perceber o olhar dele. — Sua recuperação é meu pagamento.
Nathan concordou com a moça, mas fez um acordo consigo mesmo de auxiliar aquela dama em todas as suas necessidades. Talvez ela precisasse um pouco.
— Então vamos almoçar — disse Olívia ao ver o cessar da conversa entre os dois.
*
O sol ainda brilhava no horizonte quando Angelina procurava a todo custo limpar sua horta para poder plantar novamente. Era certo que se não começasse logo perderia o tempo da colheita e suas economias ficariam em apuros, mas o estrago do temporal deixou suas marcas e os grossos galhos pelo meio do caminho a impediam de dar continuidade em seus serviços.
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Benigna
SpiritualAngelina Jones desejava poder conhecer o mundo e teve sua oportunidade quando junto com sua amiga recebeu a chance de estudar na Capital, numa escola de enfermagem, contudo, um grande imprevisto arruinou seus planos. Ela escolheu ficar e cuidar de s...