Angelina entrou em casa e sentou-se no banco, apoiando o cotovelo sobre a mesa e descansando a cabeça na palma da mão. O seu coração parecia ter se despedaçado em milhões de pedaços, por tamanhas ilusões desfeitas. Ela olhou em volta e limpou as lágrimas, decidindo voltar a terminar o ensopado que levaria para sua mãe, essa sim deveria ter toda a sua atenção.
A cada passo na escada estreita que a levava a área dos quartos, a jovem sentia o coração se apertar. Era uma dor tão profunda e dilacerante que fazia seu corpo estremecer, ela colocou a bandeja com o ensopado num degrau da escada e escorou-se na parede de pedra, pondo a mão no peito e respirando fundo continua vezes, na intenção de aliviar seus tremores. Após alguns minutos, uma sensação de leve calmaria abrandou sua aflição, então, novamente pegou a bandeja e seguiu rumo ao quarto da mãe.
— Mamãe, trouxe seu almoço — Angelina chamou com uma voz carinhosa.
Eva Jones estava de olhos fechados e com uma aparência serena.
— Vamos acordar, mamãe? — Ela tocou, mansamente, na mão da senhora e mesmo assim não houve resposta. — Mamãe? — a voz dela tornou-se um pouco exasperada.
Angelina aferiu o pulso da mãe e, para seu completo horror, ele havia cessado as suas batidas. Ela, com o coração em frangalhos e as lágrimas já copiosas escorrendo pela face, reparou na pele pálida e fria da mãe, os lábios levemente roxo, mostrando claramente que o fôlego de vida fora retirado.
O sentimento era como se a terra tivesse se aberto e ela tivesse caído dentro de um abismo de dor e luto. Angelina caiu ao chão, ao lado da cama, e pôs a mão na boca para tentar sufocar o grito que parecia corroer a sua alma. Uma profunda constatação de abandono tinha tomado de sua alma naquele momento. Parecia não haver mais nada para ela. Estava órfã no mundo e, por pior que fosse, sentia-se deixada ao acaso pelo próprio Deus.
— Por que me esmagas com tua forte mão? — ela murmurou em meio ao pranto.
Aquele quarto era um triste cenário da morte, da angústia e do sofrimento. E por Providência Divina a senhora Olivia visitou a jovem naquela tarde e, depois de muito chamar por Angelina, subiu para procura-la, encontrando-a prostrada ao lado do corpo da mãe.
— Minha filha, o que aconteceu? — A Sra. Olivia correu em direção a menina, atentando para o posição rígida do corpo de Eva, compreendo o que havia acontecido.
Não houve resposta, apenas o som de um gemido de dor. A querida Sra. Nagael a puxou para o colo e lhe acariciou os cabelos, ficando em silêncio em respeito ao luto de Angelina, sabendo que palavras não seria consolo naquela hora, mas sua companhia muda daria algum conforto.
*
Ao pôr do sol daquele dia, um punhado de pessoas estava em volta do túmulo de Eva Jones. Angelina encontrava-se vestida de preto e demonstrava sua terrível palidez diante de todo ocorrido, não conseguira comer e nem beber. Era lastimável sua situação.
— A Sra. Jones passou os últimos anos num condição horrível de doença, mas o Senhor cuidou dela por meio de sua filha. Ela sempre deverá ser lembrada como uma mulher que honrou seu Deus e serviu sua família.
O pastor declarava e Angelina apenas chorava, lembrando-se dos momentos em que seus pais eram vivos:
“Já está pronta para dormir?” Eva se aproximara de sua linda menina ruiva de 10 anos e começara a lhe escovar os cabelos.
“Mamãe, hoje eu achei um dente de leão” a pequena garotinha dissera.
“É mesmo? E fez um pedido?”
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Benigna
SpiritualAngelina Jones desejava poder conhecer o mundo e teve sua oportunidade quando junto com sua amiga recebeu a chance de estudar na Capital, numa escola de enfermagem, contudo, um grande imprevisto arruinou seus planos. Ela escolheu ficar e cuidar de s...