Benigna

DOZE

O vilarejo de Scarborough Fair estava agitado naquela manhã de sábado. Os homens trabalhavam avidamente nas construções dos brinquedos e barracas de vendas. Muitas mesas eram postas na praça principal, onde mais tarde receberiam as comidas, que estavam sendo preparadas pelas prestativas senhoras. As donzelas alegravam-se pela oportunidade de usar seus vestidos mais elegantes feitos com os tecidos nobres, cuja vestimenta era somente desfrutada nos cultos de domingos ou nos poucos festejos que obtinha na vila. Certamente, as que possuíam recursos poderiam ir à Capital participar das temporadas de eventos.

Emily caminhava pelo jardim de sua casa, vestida com seu refinado robe de chambre e os cabelos soltos ao vento. De fato, qualquer homem em perfeito juízo desposaria aquela jovem por sua beleza ímpar e por seu dócil trato. Qual homem não seria persuadido pelo interesse ao ter uma esposa com tantos atrativos? Oh! Como seria abençoado por poder usufruir depois do jantar da bela melodia Cello Sonota de Chopin tocado no piano por seus refinados dedos de musicista. E todas as manhãs ser servido com gentileza no café, devidamente preparado por suas mãos de, exímia cozinheira, de tortinhas de morangos e panquecas com grandes quantidades de mel. Que esplêndida vida teria! Todos lhe diriam quão grande afortunado era! Emily suspirou em meio as suas aspirações. Ao relembrar-se do tratamento indiferente de Nathan Scott em relação a sua pessoa, uma profunda melancolia dominou seu coração. Por que ele não a tratou de modo mais gracioso? O que poderia fazer para ter a atenção daquele homem? Ela ainda descobriria uma forma de agradá-lo e essa busca começaria no momento do festival.

— Srta. Brown, seu primo chegou — disse a serviçal. — Seu pai pede para encontrá-los na sala de principal.

— Obrigada, Sra. McWood.

Junto com a empregada seguiu para dentro do lar.

— Não irá se preparar para encontrar-se com as visitas, senhorita? — a senhora questionou ao vê-la caminhando diretamente até ao encontro dos homens.

— É somente Josh — respondeu Emily, com um sorriso. — Não há motivos para isso. — E partiu sem ouvir o que a serviçal avisava.

Josh era filho do irmão do Sr. Joseph Brown. Ele morava em Capital, onde executava a medicina ao desfavorecidos. Não se recomendava à uma opinião geral em questão de aparência ou trato, era por certo apenas um homem de 29 anos sem grandes posses, contudo podia ser considerado e estimado por causa de suas boas ações; além  de obter um comportamento que dava todas as indicações de um coração sincero e afetuoso. Tornando-se assim um partido conveniente para as damas que não possuíam grandes sonhos de romance, mas desejavam apenas ter uma casa para cuidar, filhos para educar, um jardim para poder colher as rosas e um marido no fim do dia que trazia o sustento com honestidade.

Emily amava o primo, pois desde pequena era mimada por ele. Josh era alguém que dedicava, realmente, um tempo de qualidade à ela quando criança. Ficou imensamente feliz quando soube que o jovem viria passar uma temporada de dois meses no vilarejo. Eles estavam precisando de um médico e o Sr. Joseph emitiu um comunicado ao sobrinho, que aceitou sem grandes objeções. Ela adentrou na sala principal com um largo sorriso no rosto, contudo deparou-se não somente com o primo, mas com outro jovem ao lado dele. Como ela não fora informada sobre a presença de mais um visitante?

— Emily! — exclamou Josh quando a viu.
Ela aproximou dele, não mais com tanta euforia, pois certamente tomou a postura de uma donzela de comportamento decoroso e polido.

— Querido primo, que grande alegria revê-lo! — ela exclamou, estendendo a mão para o primo, que cavalheiramente depositou um beijo no dorso de sua mão.

— Como você cresceu desde minha última visitação — Josh comentou. — De fato, você deve ser a jovem mais bela do vilarejo. Um diamante escondido no interior da Inglaterra. — Emily somente sorriu. — Permita-me apresentá-la meu amigo, Ian Turner.