OITO

3.8K 596 313
                                    

Emily se revirava de um lado para o outro em sua cama, a constante lembrança do “Sr.Scott” não saía de sua mente. Não podia crer que realmente havia encontrado o homem dos seus sonhos. Que grande benção havia recebido em sua vida! O coração queimava por saber que não dispensara aqueles pretendes em vão. Suas esperanças estavam mais vivas do que nunca! A imaginação tomou asas e a levou a planejar os detalhes de um futuro arranjo. Quais flores usariam? Como seria o modelo do vestido? A capela do vilarejo deveria ser pintada. Oh, quantos planos e sonhos para um mente tão jovem! E, com a certeza de que sua vida mudaria, ela se deixou embalar por um profundo sono, sabendo que em breve teria alguém para compartilhar suas noites.

O canto dos pássaros na janela de Emily, fizeram-na despertar do mundo encantado no qual entrara durante a noite. Belos sonhos de romance que achava que viveria por toda a vida. E ainda viajando sobre o solo de nuvens e algodão doce, ela aprontou-se para mais um dia em Scarborough Fair, que com a presença de um certo cavalheiro, certamente, se tornou o melhor da terra para a jovem. O que era todas as cidades do país perto de seu vilarejo? Havia somente uma resposta para aquele coração juvenil: Nada!

— Bom dia, minha filha — saudou o pai ao ver a sua preciosidade tomando parte na mesa. — Como passou a noite?

— Embalada por doces músicas de amor — os vocábulos foram ditos acompanhados de um sonoro suspiro.

— Eu posso indagar o que lhe levou aos pensamentos de amor? — Joseph Brown arqueou a sobrancelha.

— Creio que não tardará o dia em conhecerá o motivo de meus suspiros — ela disse, colocando o guardanapo sobre suas coxas —, mas, por enquanto, deixe-me escutar sozinha a maravilha dos cantos de amor.

O comerciante Joseph Brown era peculiar em alguns modos. Diferente da maioria dos pais, sentia-se impelido a sempre dar o melhor de tudo para sua “preciosidade”, como chamara sua filha desde o nascimento. Não conseguia negar nada a pequena Emily, que com seus olhos castanhos cintilantes sempre conseguia o que desejava. Depois da morte da mãe, ele incumbiu a si mesmo a posição de conselheiro, já que a filha não poderia crescer sem orientação e, não confiava na educação de algumas das mulheres da vila, então tomou esse cargo para si; todavia ao ouvir tal conversa sobre amores, seu coração esmiuçou no peito. Um mau presságio passou pelos em seus pensamentos: será que sua filha logo partiria?

*

Angelina acordou com o som do machado sobre o tronco. Ela limpou-se e vestiu-se, caminhando em direção ao barulho, ainda distante avistou o Scott cortando os galhos e formando pilha de lenha. Ele havia se mudado da caverna e passara a dormir no pequeno celeiro da família Jones, Angelina forrou a palha com uma manta grossa, o que o ajudou a ter uma noite confortável de descanso. Ao examinar o movimento de Nathan, passar a mão sobre a testa para tirar o suor, ela cuidou em preparar um refresco para o homem tão prestativo.

— Parece-me que acordou antes dos galos, Scott — disse Angelina, vindo ao encontro dele com um copo de suco gelado em mãos. — Espero que goste — estendeu o refresco para ele.

— Não era minha intenção incomodá-la tão cedo — desculpou-se e aceitou o ato gentil da senhorita. — Certamente, não há suco melhor na região — ele elogiou após desfrutar do gracioso líquido.

— Suas palavras são sempre muito gentis, Scott. — Um pequeno sorriso se formou nos lábios da bela mulher de cabelos ruivos.

— Só disse a verdade, Angelina!

Um silêncio indesejado pairou nos aires.

— Estava observando como suas terras são boas — Nathan desviou o assunto para algo de maior relevância.

— Meus pais sempre cuidaram bem desse pedaço de terra — ela disse com orgulho ao observar o solo fértil em que pisava. — Fico feliz por ainda estarmos aqui.

— Faz tanto tempo que mora aqui?

— Esta terra foi comprada pelo meu bisavô e desde então tem estado na geração da família Jones... — a voz de Angelina falhou ao perceber, por um momento, que se não cassasse e tivesse filhos, certamente aquela terra seria vendida e passada para outros. Uma grande tristeza pesou em seu coração.

— Aconteceu algo? — Nathan indagou ao ver como a face outrora rosada tornara-se pálida como uma vela.

— Não — Angelina balançou a cabeça e deu um sorriso contido, na esperança de convencer o homem a acreditar no seu bem estar. — Então me diga: cresceu em fazenda também? — mudou o rumo da conversa.

— Teria gostado muito — disse ele, dando mais um gole no refresco. — Nunca tivemos casa fixa. Meus pais sempre se mudaram muito.

“Mudar” era uma palavra menos ofensiva do que a verdade, a qual seria: “despejar”. Por causa dos vícios de bebidas e jogatinas do pai do tenente, eles sempre perdiam tudo e tinham que lutar para se reerguerem. A Sra. Scott lutava bravamente, trabalhando em casas para sustentar os sete filhos, enquanto o Sr. Scott afundava-se a cada novo amanhecer em seus próprios prazeres, massacrando a esposa com seus problemas. Nathan, enquanto novo, ajudava como podia, contudo assim que pôde alistou-se nas forças armadas. Seu coração condoeu-se por largar a mãe com os irmãos, mas a mulher apesar de perder um filho para o militarismo se contentava por saber que seria uma boca a menos para alimentar. Então, Nathan contando com a promessa de Edwards e Jason, seus irmãos já em condições de trabalhar, de que auxiliariam a mãe, largou a sua cidade e não mais voltou.

— Oh, sinto muito! — exclamou Angelina. — Não deve ser nada favorável viver mudando-se.

— Certamente que não! — Ele suspirou e procurou reestabelecer os pensamentos —, mas há também o lado bom de poder explorar novas terras. — O sorriso esperto no rosto do homem fez Angelina saber que Nathan era o tipo da pessoa que sempre procurava ver nas coisas o lado bom. Aquilo nele a agradou.

— Fico contente por isso! — ela declarou. — Mas agora vou deixá-lo, pois preciso ir ao mercado fazer algumas compras.
— Como está sua mãe? — perguntou Nathan.

— Oh, sim! — ela pôs a mão na testa. — Preciso cuidá-la e depois poderei ir ao marcado. — Reorganizou suas prioridades do dia.

O tenente cravou o machado no tronco de cortar lenha e proferiu:

— Diga-me o que precisa e comprarei — a voz firme de Nathan a impeliu a aceitar a gentileza. — Assim não ficará sobrecarregada com tantos serviços.

— Seria muito proveitoso isso, Scott. Vamos, lhe darei uma pequena lista — ela caminhou para a casa e o homem a seguiu.

Com a listagem das compras em mãos, Nathan partiu para o mercado, seguindo as orientações de Angelina sobre o caminho exato. O lugar estava amontoado de pessoas para todos os lados, com vendedores expondo em alto e bom som seus produtos, juntando com os cheiros de variados de alimentos. O tenente depois de visualizar a barraca que vendia um dos itens da lista, direcionou-se para lá.

No meio do percurso um barulho alto soou no local e um grito em seguida:

— SEGURA O PORCO!

O alvoroço começou com a correria das pessoas e som do animal transitando fora do seu habitat natural, em razão disso muitas pessoas se esbarraram umas com as outras, até...

— Cuidado, Srta. Brown! — alguém esbravejou.

O animal passou por trás das pernas da jovem, o que a fez cambalear fortemente para trás, mas um braço firme a segurou e a menina, ainda êxtase foi inundada pela a beleza dos olhos azuis de seu salvador!

Benigna Onde histórias criam vida. Descubra agora