Contando a Jace

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EVIE RODWELL

Jace encarou a mim e a Magnus com a testa frangida, sua confusão está estampada na sua face. Por mais que o feiticeiro não aprovou que eu contasse a verdade, eu não conseguiria enrola-lo como fiz com Clary, ele viu bem mais que ela.

— Eu até diria que não acredito nisso, mas tenho visto de tudo ultimamente —disse cruzando os braços — Acho que teremos um grande tempo para contar toda sua história, só que eu não estou todo ouvidos hoje, então resuma por favor.

 — Meu pai é filho de uma shadowhunter e de um demônio maior chamado Asmodeus, o príncipe de Edom e pai de Magnus também. Eu não sei te explicar como um demônio conseguiu engravidar uma shadowhunter, mas disso nasceu Connor Blackburn, e anos depois eu nasci igual há ele.

— Você é uma híbrida, parte feiticeira e parte shadowhunter, é isso? — questionou e confirmei em um aceno — E você consegue fazer runas, praticar magia...

— Nada impede a outra parte de nada —expliquei — Quando eu soube do microchip, eu fiquei desesperada.

— Conta uma coisa que estou curioso para saber. Como Imogen te encontrou e te criou realmente?

— Imogen me encontrou nos túneis do Instituto de Berlim, ela estava atrás de meu pai que me deixou ali e fugiu. Ela teve pena e resolveu cuidar de mim, sempre soube que eu sou uma híbrida, e temeu o que a clave faria comigo sendo de uma espécie diferente e filha de Connor. Por isso, ela mentiu para me criar. Daí veio toda essa mentira de família mundana, e eu menti dizendo que queria ter o nome da minha prima que Connor havia matado. Eles não fazem ideia sobre mim.

— Só que tem uma coisa, que eu quero entender —  Magnus pronunciou — Se o microchip ataca seres que tem sangue demoníaco, por que não atacou o loiro natural? Evie sofreu as consequências por ser parte feiticeira, e você tem sangue demoníaco pelos experimentos de Valentim, por que não foi atacado?

Eu não havia parado para pensar naquilo, e realmente faz sentido. Jace também era pra ter sofrido as consequências do microchip, e isso não aconteceu.

—  Magnus tem razão, você não sentiu nada  — disse diretamente para o loiro.

— Talvez seja porque eu sou um experimento, Valentim deve ter feito algo para mascarar. Evie já nasceu submundana, eu não exatamente— deu de ombros.

Não é uma boa explicação, não faz sentido. Tem algo errado nisso que nenhum de nós sabe.

—E se Valentim mentiu? E se você não é filho dele? — sugeri.

— Eu cresci com aquele homem, Evie, é impossível. Se não sou filho dele, de quem eu sou? —pareceu não ter aceitado muito a minha sugestão, e se sentou no sofá — Sabe de uma coisa, temos histórias tão parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes.

Ele me olhou de relance e o encarou o tapete felpudo de Magnus. Me sentei ao seu lado e esbocei um sorriso de lado.

—Você tem razão.

— Eu cresci rodeado de mentiras, e agora eu...

— Não sei mais quem sou — completei e ele assentiu — Toda nossa vida foi uma mentira, e agora estamos nos adaptando a verdade, e tentando não deixar que isso nos afete. Somos parecidos nisso, Jace.

— Depois de saber tudo isso, quero dizer que seu segredo está a salvo, você pode contar comigo. Farei de tudo para proteger você, mas precisamos de um jeito de desativar o microchip. Se você ficar muito tempo longe, todos vão desconfiar.

— Eu só preciso mandar uma mensagem de fogo para uma certa Herondale, e tudo vai estar resolvido. Pode fazer isso para mim, Magnus? — me virei para o feiticeiro que assentiu e se afastou para fazer a carta por mim.

𝐴𝑠𝒉𝑒𝑠 𝑜𝑓 𝑡𝒉𝑒 𝒉𝑒𝑎𝑟𝑡 ○ 𝐛𝐨𝐨𝐤 2Onde histórias criam vida. Descubra agora