Capítulo 2

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Dias depois...

João Guilherme narrando

Aquele seria um dia diferente, ainda eram seis da manhã quando meu pai chegou em casa acordando todo mundo alegando uma "reunião de família". Nos reunimos na cozinha e então ele começou a falar.

- A anos trabalhamos para família Costa e vivemos nessa miséria de casa. Cansei de ficar parecendo uma ameba na mão dessa família de ratos...

- Aonde você quer chegar? - minha mãe perguntou, interrompendo ele.

- Arranjei um bom emprego na cidade grande. Arrumem as tralhas de vocês pois viajamos ainda essa noite. E não quero que contestem, minha decisão já foi tomada!

Nem preciso dizer o quanto fiquei empolgado com essa notícia, mal podia esperar pra contar  ao Tho. Porém, logo depois achei melhor fazer uma surpresa. Arrumei minhas coisas enquanto a tarde ia passando e então a noite, caímos na estrada rumo a São Paulo, no carreto de meu pai.

A viagem não acabava nunca, já estávamos na estrada a horas e nem sinal de cidade. Eu precisava mijar e então pedi a meu pai que parasse o carro por alguns minutos. Desci e caminhei até uma árvore que estava ali perto para me aliviar e em questão de segundos ouvi um barulho ensurdecedor. Olhei para trás com o susto e logo pude ver que um caminhão desgovernado havia acertado em cheio o carreto com meus pais, que começou a capotar em um barranco até cair em um matagal. Corri desesperado e pude ouvir minha mãe chamando por mim, corri mais ainda porém enquanto eu me aproximava, o carro explodiu me arremessando para longe dali.

Thomaz narrando

Era sete da manhã quando chamadas frequentes começaram a vim para o meu celular, não atendi as duas primeiras, porém após a terceira, comecei a achar que era algo realmente importante. Logo uma mulher que se identificou como médica começou a falar que havia pego aquele número no celular de João Guilherme e que os pais dele haviam morrido em um acidente. Imediatamente perguntei por João, que ela alegou estar bem, porém que ele precisava de acompanhamento de um adulto para ter alta.
Minha mãe havia ido até o hospital, e cerca de uma hora depois retornou.

- E cadê o João? Onde ele está? - Perguntei aflito.

- Calma, ele está bem e está no carro. Não tem pra onde ir, os pais eram sua única família - Minha mãe respondeu.

- Ele fica aqui em casa, simples!

- O quê? Aqui agora virou casa de caridade? - Meu pai esbravejou

- Pai, é o mínimo que você pode fazer... Os pais do João trabalharam para você a vida toda.

- Eles ganhavam para isso! Eu não quero criar o filho dos empregados como se fosse alguém da minha família!

- Thomaz, o seu pai tem razão... E além do mais o quarto de hóspedes está cheio de coisas antigas, o melhor é levarmos ele para um orfanato pois logo logo ele completa dezoito e...

- Mãe até você? O menino acabou de perder os pais  e vocês querem o trancar em um orfanato sendo que moramos em uma mansão? O João fica, e quanto ao quarto, ele pode ficar no meu que é enorme.

Meus pais não tinham mais argumentos e então permitiram que o Jô ficasse. Fui até o carro e ajudei ele com as coisas, subimos as escadas e então entramos em meu quarto.

- Eu não esperava que o nosso reencontro fosse nessas circunstâncias - O Jô disse, dando um sorriso frio.

- Vai ficar tudo bem, eu te garanto - Respondi meio sem jeito.

- Seus pais não pareciam muito felizes com a ideia de eu ficar aqui.

- Cara, relaxa... Isso foi só um impressão sua. Como tu tá?

JoMaz - Entre Amigos Onde histórias criam vida. Descubra agora