Capítulo 7

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Naquele dia eu fiquei até as duas da manhã com Louis, precisando entrar escondido e rezando para meus pais estarem controlados. Não aconteceu nada além de beijos e mesmo assim eu sentia meu corpo todo mole. Desde então, já se passaram quatro dias e todas as vezes que estávamos sozinhos ele roubava algum beijo meu. Parecíamos até mesmo adolescentes de ficção que aparecem em filmes e livros. Quase patético.

O que eu sabia era que estava totalmente rendido por ele. Quando não estava perto de Louis, minha mente só conseguia pensar em seu sorriso e nas ruguinhas em seus olhos causadas pelo mesmo. Mas, ao mesmo tempo, eu estava assustado. Nós fomos rápidos demais? Era só atração? O que estava acontecendo?

Eu tentava, a todo custo, deixar essas perguntas de lado e até mesmo apenas curtir o momento. Apenas sentir suas mãos passeando por meu corpo e a sensação da sua língua envolvendo a minha. Não poderia deixar as dúvidas rondando em minha mente, eu merecia relaxar um pouco, mesmo que isso traga consequências no futuro. Eu já estava cansado de viver na base de dúvidas.

- Harry, você está bem? – Desvio meus olhos dos ovos mexidos do café da manhã e olho para a minha prima. Fazia tempo que apenas não ficávamos nós dois, conversando bobagens sobre a vida. Sentia a sua falta.

- Estou sim. Gemma, nós podemos caminhar pela fazenda hoje?

- Ah, lembrou que eu existo? Achei que estivesse ocupado demais com Louis. – Ela me lança um olhar sugestivo e eu quase jogo todo o café que estava bebendo em sua cara.

O que Gemma sabia?

Ela não poderia ser discreta com vovó aqui?

- Não seja tão dramática, criança. – Ouço o repreender de minha mãe e fico ainda mais tenso. Ela não poderia de modo algum desconfiar de algo. Não poderia nem imaginar que passava tanto tempo com Louis.

- Não estou sendo dramática, titia. – O olhar de minha prima estava fixo em mamãe, o queixo erguido e a postura reta, como se quisesse se mostrar superior a ela.

O quê?

- Se vocês forem andar, não é para irem longe. Estou sem tempo para ficar me preocupando com duas crianças sem responsabilidade andando sozinhas por aí.

- Bárbara, deixe as crianças! Vocês podem ir para qualquer lugar, qualquer coisa chamem o Louis, meus amores. – Vovó lançava um olhar repreendedor para mamãe e poderia jurar que as duas iam soltar fogo pelos olhos.

A tensão nessa casa está cada vez mais intensa e eu estou cada vez mais perdido.

- Por que um empregado iria se juntar a eles? De modo algum! – O pulo em minha cadeira é inevitável com a voz de meu pai. Eu não estava sozinho na cozinha com Gemma e vovó? Como meus pais apareceram tão rápido justo agora?

- Louis é apenas um ajudante, Simon. Antes de tudo, ele é um amigo meu, até mesmo um neto! Não esqueça que a mãe dele foi uma de suas melhores amigas.

- Mas agora não é mais, pois eu consegui me livrar daquele escoro.

- Não fale assim de Jay! – A mão de vovó bate com força na mesa e ela levanta-se de sua cadeira. A raiva nítida em todos os poros de seu corpo.

- Eu não vou discutir com você a essa hora da manhã, mamãe. Está claro que nós temos pensamentos diferentes. Mas, o filho é meu, e se eu digo que ele não andará com aquele empregado, ele não andará com aquele empregado!

- Você está na minha casa, sob o meu teto e eu continuo sendo sua mãe. Você ainda me deve respeito, se é tão devoto a Deus, por que não segue o 4° de seus mandamentos? A bíblia só é útil quando lhe convém? – O olhar desafiador de vovó estava sob meu pai e eu apenas me encolhia na cadeira, observando Gemma que estava com o corpo virado para a discussão, segurando o prato em uma mão e o garfo em outra, comendo seus ovos de forma calma. Como ela poderia parecer tão calma e debochada em uma briga?

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