Capítulo 2

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O sol estava forte na janela do meu quarto e eu sinceramente estava cogitando passar o resto da manhã na cama para não precisar ir tostar lá fora.

Entretanto, para a minha tortura, mamãe havia deixado claro que se eu dormisse demais ela iria dar um jeito de voltarmos mais cedo, já que não faria a menor diferença pois eu não estava aproveitando minhas férias igual.

Eu passo todos os dias me perguntando como meus pais são tão cruéis quando minha avó é um poço de amor. Mas por agora, eu elimino esses pensamentos da minha cabeça e removo o lençol do meu corpo, disposto a colocar um sorriso no rosto e ir ajudar a minha avó o máximo que fosse possível.

~*~

Quando saio do quarto e sigo pelo corredor até a cozinha, a mesa está farta de comida para o café da manhã. Eu digo "bom dia", deixando um beijo na bochecha de vovó. Quando me viro, pulo no lugar ao ver o garoto de ontem à noite sentado ao lado de mamãe; ele ergue sua cabeça e dá um de seus sorrisos presunçosos, erguendo as sobrancelhas.

- O que você está fazendo aqui? – Eu poderia enfiar minha cabeça em um buraco agora mesmo.

Não, mamãe com certeza faria isso por mim com seu olhar ameaçador.

- Harry, mais respeito!

- Vocês já se conhecem? Que ótimo! Vou apenas formalizar. Docinho, esse é Louis Tomlinson, ele me ajuda com algumas coisas da casa e da fazenda. Louis, esse é o meu neto, Harry.

- Olá, Harry. – A merda do sorriso não saía do seu rosto e ele estava horrivelmente gostoso. Seu cabelo parecia úmido e sua barba era rala, dando um aspecto de mais velho.

Quantos anos ele teria?

- Vamos Harry, sente-se. – Eu pisco, tentando tirar todos os pensamentos sobre Louis da minha cabeça. Então, obedecendo mamãe, puxo uma cadeira ao lado de vovó e em frente a Gemma, pegando em seguida o café.

~*~

"Harry, por que você não vai ajudar o Louis com as coisas do jardim? Assim vocês fazem amizade, ele tem quase a sua idade!"

Eu e Louis olhamos assustados para vovó e ele disse que não havia necessidade. Entretanto, porém e todavia, Dona Anne tinha uma cabeça dura que não a deixava mudar de ideia.

- Então, o que eu posso fazer?

- Você pode ficar sentado bem ali. – Ele aponta para um muro baixo que cercava o jardim. – E depois de eu cortar alguns galhos mortos, você pode dar água para as plantas.

- Tem certeza que apenas isso?

- Sim. – Sem ter muito o que fazer, eu realmente sento no muro.

O sol estava quente em nossas cabeças e eu estava a um bom tempo apenas encarando Louis agachado cuidando das plantinhas. Ele tinha uma face tão concentrada, com a língua na ponta dos lábios, e eu não conseguia desviar o olhar. Talvez Louis tenha percebido e, às vezes, esteja me provocando. É a única explicação para empinar mais que o normal sua bunda em minha direção e até mesmo rebolar enquanto canta uma música qualquer.

- Pronto, agora você rega e eu descanso. – Não havendo outra opção, eu desço do muro, dando lugar para ele sentar, e vou em direção a mangueira vermelha que estava no chão.

- Sabe, você não cansa de trabalhar todos os dias nesse calor? Tipo, eu sei que você também tem afazeres dentro da casa, então por que não esperar o sol deixar de ser tão quente assim? – O som de sua risada me deixa ainda mais corado, eu realmente parecia um idiota. Suspiro enquanto abaixo minha cabeça para prestar atenção na água que saía.

- Você fica fofo corado, mas enfim, eu gosto de sentir o sol na minha pele, além disso, não é todo dia que faço isso.

- Ah sim, entendi. – Mordo o lábio inferior e aperto mais a borracha da mangueira, mirando para a outra parte do jardim.

- Então, Harry Styles, você mora aonde?

- Londres.

- Oh, sério?

- Sim, por quê?

- Eu morava em Doncaster.

- E o que você faz na parte afastada de Holmes Chapel?

- Fui expulso de casa. – Meu corpo vira-se para ele imediatamente, meus olhos estão arregalados e miro a mangueira mais para o chão, para não o molhar. Expulso de casa? O que ele teria feito?

- De-desculpa, eu... realmente sinto muito.

- Por quê? Você não fez nada. Meus pais apenas precisam de um tempo, eles vão perceber que não há motivo para isso. – Após eu murmurar um "ah" o clima fica meio tenso entre a gente.

O que ele teria feito para os pais expulsá-lo de casa? Será que ele tinha razão e seria perdoado?

Ao menos ele tem a chance de ser perdoado, agora, se eu contasse ao meus pais que sinto atração por homens, que quero namorar um e construir um futuro, se eu não acabar morto, fico na rua. Não há perdão para mim e nunca terá. 

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