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Capítulo 23

oioiii (louis voice) como vão 

criei vergonha na cara e apareci, boa leitura :) 

>.<

Foram as 6 horas mais agoniantes que eu já tive em minha curta vida. Nem mesmo o verde da paisagem conseguiu me acalmar. Saber que estávamos voltando para casa e meus pais teriam a oportunidade de fazer o que quisessem fazer comigo era tudo o que rondava minha mente. Estava usando tudo de mim para manter a respiração calma e tentar fazer minhas mãos pararem de tremer. Tentar controlar a ansiedade era extremamente cansativo, mas por medo, não fechei os olhos um minuto sequer.

Quando chegamos, entrar na casa e escutar o clique da porta sendo trancada nunca foi tão desesperador.

- Iremos para a Igreja amanhã cedo, arrume-se de acordo. Entregue o celular para sua mãe e reze para Deus lhe perdoar. Eu e você iremos conversar depois dEle acabar o seu castigo. – As lágrimas ficaram presas em meus olhos, não queria chorar e ter que passar pelo discurso de que homem não chora, novamente. Então, apenas peguei o celular no bolso e entreguei nas mãos de minha mãe, no fundo, querendo apenas que tudo fosse um pesadelo e eu acorda-se na cama da minha verdadeira casa, podendo encontrar os braços de Louis quando quisesse.

- Vá para o seu quarto e não saia de lá até amanhã de manhã. – E sem abrir a boca para contestar, peguei minha mala e segui para o meu quarto, desabando no segundo que fechei a porta, totalmente em silêncio.

~*~

Nós tínhamos um novo pastor. Foi a primeira coisa que constatei quando entramos em um dos templos de Deus. Meus pais murmuraram algo como "um insulto ter um pastor tão jovem aqui!" e "preferia o pastor Heitor." Mas, eu apenas encarei o novo integrante da comunidade, implorando ao Todo Poderoso que ele seja um daqueles pastores modernos e de mente aberta. Quando ele me olhou de volta e deu um aceno, as esperanças só aumentaram.

- Bom dia, Pastor. – Minha mãe o saudou, fazendo o homem se focar em nós.

- Olá, bom dia. Eu sou o novo pastor da comunidade, Fábio. Vocês são?

- Simon e Bárbara Styles, esse é Edward, nosso... filho. – Foi meu pai quem nos apresentou, tornando a palavra "filho" um pouco mais difícil de se dizer do que deveria. Ok, se eu já não queria acabar com tudo antes, agora com certeza tinha mais vontade.

- Certo, como vocês estão? O Senhor tem os abençoado?

- Oh, para falar a verdade, gostaríamos de marcar uma reunião com o pastor. Edward tem se desviado dos caminhos de Deus e pecado, queríamos que o senhor colocasse juízo em sua mente, se é que me entende. – O pastor olhou confuso de minha mãe para mim, erguendo levemente as sobrancelhas.

- O que um jovem como você poderia estar fazendo para pecar?

- Não gostaria que esse assunto fosse discutido em frente a toda a comunidade, por favor, poderíamos nos reunir após o culto? – Simon colocou a mão em meu braço, apertando-o. Como se eu precisasse de um lembrete que não era para abrir minha boca. Claro, como se eu fosse falar "não há pecados aqui, apenas a mente pequena e com dois neurônios de meus pais" em alto e bom som.

- Sim, nós podemos. Agora, se me dão licença, irei falar com os outros fiéis, fiquem a vontade. – E então ele se foi, dando uma pequena batidinha em meu ombro.

Naquele culto, nós nos sentamos na frente e meu pai me fez participar de todo ele, falando que talvez assim eu já fosse me redimindo com Deus. O culto foi totalmente diferente do que estava acostumado, foi mais animado, com músicas mais novas e ritmos diferentes. Havia até mesmo um teclado!

Mas eventualmente estávamos trancados na pequena sala novamente, as memórias deum Harry criança tendo que escutar de um velho que não era permitido ele usar roupas de menina retornando fortemente em minha mente. Meus pais falaram sobrea viagem para a vovó, sobre os problemas e sobre Louis. Eles contaram como eu estava rebelde, respondão e agindo como uma verdadeira "bichinha". O pastor ficou escutando, apenas com a testa franzida e mantendo uma expressão fechada enquanto eles falavam. E lá se foram minhas chances de ganhar o pastor bonzinho e moderno.

- Sim, compreendo. Isso é totalmente inaceitável, se não fizermos esse jovem se redimir com Deus e parar de pecar ele irá queimar no fogo do inferno! Eu exijo que ele esteja aqui todos os dias a partir das duas da tarde! Nós iremos curar você, meu jovem. – E lá estava a frase de novo. Cura. Eu não preciso de cura, não há nada doente ou quebrado em mim! Minha orientação sexual não é motivo de tamanha comoção.

- Agradeça ao pastor, Edward.

- O-obrigado?

- Me agradeça novamente na segunda, que é quando nós começamos. Não se atrase e venha sozinho.

- Sozinho? Eu e minha esposa queremos estar presentes.

- Vocês estão desrespeitando a missão de um discípulo de Deus?

- Nã-não! Jamais, Pastor!

- Ótimo, comecem a preparação desde essa sexta e o deixe trancado no quarto, só saindo para comer, beber água e tomar banho. – Como bilhares de pessoas acreditavam e confiavam em um Deus tão cruel? Eram elas realmente tão cruéis quanto ele? Meus pais concordaram, como as ovelhinhas de Deus que eram, me arrastaram para casa e me mandaram para o quarto, não perdendo a oportunidade de falar que eles finalmente iriam me curar e tirar todo o mal que há em mim, todo o pecado.

Naquela noite, mais uma vez, chorei até dormir, exausto e com dor de cabeça demais de já ter chorado o dia inteiro. Eu nem sequer sabia as horas quando fui me deitar. Tudo o que eu sabia era que iria ser torturado na segunda-feira, em nome de Deus.