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Andrew PoV

Depois que eu saí da sala de reuniões, eu só queria ver a Meredith, mando uma mensagem pra ela contando sobre o resultado e vou pra casa, vou fazer alguma coisa antes que as crianças cheguem da escola, convido a Carina pra almoçar e fico pensando como seria se a Meredith também fosse, mas então balanço a cabeça e espanto esse pensamento, nosso relacionamento não é assim e nem vai ser.

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Eu estou terminando o almoço e a Nana chega com os dois, eu apareço devagar, na sala e eles parecem se iluminar, eu me abaixo e abraço os dois quando eles correm pra mim

- PAPAI!

Eu sorrio, não me arrependo nem por um instante de ter deixando a residência pra ficar com as crianças, eu fui trabalhar em um restaurante, como chef, no período noturno, eles dormiam a noite inteira e a Nana, que já cuidava deles, se mudou de vez pra minha casa, depois dos três meses mais turbulentos da minha vida.

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Flashback on

Eu chego em casa de mais um plantão, ouço as crianças chorando na porta, é cansativo, eu sei, mas eles também precisam de atenção.

A Sam não queria ter filhos, ela não cansava de falar sobre isso, não importava o que acontecesse, ela dizia que não seria presa a crianças. Eu sou italiano e sempre quis uma família numerosa, nós deveríamos ter percebido que nosso futuro era incompatível, eu deveria ter percebido, mas não fiz isso, eu não me importei com isso, mas sete meses depois do início do nosso namoro, essas diferenças começaram a gritar entre a gente, não era mais como antes, o fim era óbvio e então ela engravidou, um susto, um choque, em dobro quando descobrimos que eram gêmeos. Sam mudou da água pro vinho, vivia e respirava para os bebês que ainda nem tinham nascido, saiu do emprego pra se dedicar a isso, compramos um apartamento e passamos a viver como uma família, eu sonhava todos os dias em conhecer os meus filhos, mesmo formado em medicina com glória, mesmo tendo sido aceito em um programa de cirurgia, na primeira tentativa, nada na vida me deixou mais feliz e orgulhoso do que quando meus filhos nasceram.

Eu entro em casa

- Sam?

Ela não responde, eu vou pro quarto das crianças

- Sam?

Nada, meu coração acelera, aconteceu alguma coisa, eles estão com quase um ano e tem sido difícil segurar os dois de uma só vez, mas eu os tiro do berço, os acalmo enquanto procuro por ela, então a porta se abre, ela saiu de casa e deixou as crianças sozinhas, eu estou tão chocado que não consigo falar

- Eu precisei ir lá embaixo

Ela diz como se fosse a coisa mais normal do mundo, ela pega o Matt do meu colo e segue conversando com ele, mais uma coisa que me incomoda muito é a clara preferência dela pelo Matt, não que ela não cuide da Beatrice mas é visível que ela é mais apegada ao Matt.

- As crianças não podem ficar sozinhas, Sam
- Eles estavam no berço, Andrew
- Eles não tem nem um ano, poderia ter acontecido alguma coisa
- Mas não aconteceu né? Você trabalha 12 horas por dia e eu fico nesse inferno, você não pode opinar aqui

Ela sai e não me ouve mais, eu só não sabia que essa seria a primeira vez que ela os deixaria sozinhos. As brigas se tornaram constantes, ela dizia odiar aquela vida, mesmo depois que a Nana começou a ficar o dia inteiro com as crianças, eu andava cansado e estressado, trabalhava 12 horas no hospital e cuidava das crianças a noite, a Sam não queria trabalhar, passou a sair toda noite e quando estava em casa não largava o celular, nós não éramos mais um casal, brigávamos o tempo todo e a Sam não cansava de dizer o quanto eu transformei a vida dela na pior possível.

As crianças tinham acabado de fazer dois anos, eu estava no começo do terceiro ano da residência e recebo uma ligação da Nana

- Você precisa vir pra casa

Então eu fui, só não esperava o que eu encontrei, a Sam havia ido embora, não tinha nada dela em casa, roupas, objetos, não, tinha sim, ela deixou os filhos e um bilhete

"Não dá mais, Andrew, eu não posso viver assim, eu preciso ser feliz"

Parecia que ela nunca tinha estado ali, eu não sei o que teria sido de mim sem a Nana e a Carina, eu procurei pela Sam, por três meses, eu não podia acreditar que ela tinha sumido assim, mas ela também não tinha entrado em contato com a família e desapereceu das redes sociais, eu tranquei a residência e me dediquei as crianças desde então, quando eles estavam perto de fazer quatro anos, a Nana insistiu que eu deveria voltar pra medicina.

Flashback off

- E qual o motivo de estar em casa tão cedo?

A Nana me pergunta, eu levanto e vou até ela

- Eu consegui, Nana, passei na prova

Ela me abraça

- Eu nunca duvidei disso, meu filho

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Foi ótimo passar o dia com a minha família, comemorando e brincando com as crianças, eles são o centro da casa e da minha vida, depois de colocá-los na cama, eu saio do quarto

- Então, quando nós vamos conhecer o motivo dessas saídas?

A Nana me pergunta, fechando o livro que ela estava lendo, eu sorrio e sento no sofá

- Não tem...

- Não se atreva a mentir pra mim, menino

Eu sorrio

- Não é sério

- Vocês tem estado juntos quase todas as noites

Eu passo a mão no cabelo

- Andrew, você tem direito de ser feliz, não tem nenhum problema em voltar a namorar de verdade, pensar em casamento
- Vamos com calma aí
- E eu to falando de namoro, você conhecer os pais dela - eu sorrio e não digo nada - Ela conhecer seus filhos e vocês planejarem um futuro juntos
- Não se preocupa com isso, Nana
- Eu só não quero que você se machuque de novo

Eu levanto, vou até ela e dou um beijo na testa dela

- Eu não vou.

E eu vou pro meu quarto, me arrumar, assim que eu saio do banheiro, ouço a Bê gritar, saio do quarto correndo, ela tá chorando na cama

- Papai

Eu coloco ela no colo

- Ta tudo bem, minha princesa
- Não vai, Papai
- Eu to aqui e não vou a lugar nenhum

A Bê tem esses pesadelos de vez em quando mas ela nunca lembra no outro dia, pra contar o que acontece, ela só fica pedindo que eu não vá e acorda a noite inteira, eu a acalmo, levo pra minha cama, troco de roupa e mando uma mensagem pra Meredith desmarcando nosso encontro hoje.

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