Nunca Imaginei

83.

Meredith PoV

Eu to contando as horas pra esse dia terminar, foi muito cansativo, ainda mais pela ansiedade por amanhã, mesmo sabendo que o Andrew não vai e não vai ser como eu planejei, mas eu vou passar o dia com as crianças, vou levar a Bê pra cortar o cabelo e eu que sempre odiei salão de beleza, estou, realmente, empolgada pra fazer isso.

Vez ou outra, eu encontrei o Nathan hoje, ele acabou ficando no hospital por causa da emergência de ontem e não saiu daqui hoje, não adianta, cirurgião é viciado em cirurgia mesmo, mas não vi mais o Andrew depois que ele saiu do dormitório, eu soube que a paciente dele e do Alex tá bem ruim, eu estou saindo do staff, pronta pra ir pra casa e encontro a Amélia

- Eu fiz uma coisa
- O que foi que você fez?
- Eu disse pro Riggs que você tá namorando
- E daí?
- Você não tá com raiva?
- Eu to mesmo namorando, você não tá mentindo, Amélia, é só isso?
- Não

Eu cruzo os braços e espero que ela continue

- Ele e o Deluca, tiveram meio que um momento estranho no elevador
- Explica

Ela me conta a conversa do Andrew e do Nathan no elevador e eu já sei que o Andrew vai implicar com isso, tudo que eu queria era um pouco de paz

- É, provavelmente, eu tenho um problema
- Desculpa
- Não é culpa sua, já vai?
- Só vou trocar de roupa, me espera
- Ta

A Amélia não demora e nós estamos saindo, encontramos Nathan, Maggie, Alex e Jo saindo também

- Então? Vão pra onde agora?

O Nathan pergunta

- Eu vou pra casa

O Alex responde sério

- A paciente do acidente... sabe

A Jo explica e nós já entendemos o que foi, droga, o Andrew deve estar arrasado

- Sinto muito, Alex

- Qual é? Vamos sair, todo mundo,
Como antes, beber, esquecer das coisas, não saber onde deixou o carro

A Maggie insiste e todo mundo ri, a única que esqueceu que chegou lá em casa de táxi, foi ela mesmo e depois enlouqueceu sem saber onde estava o carro dela

- Eu to exausta, não tenho a mesma disposição de antes, não, preciso dormir direito

A Amélia diz, passando a mão na barriga

- Eu também vou embora, não to afim de beber

Eu digo, pegando meu celular pra ligar pro Andrew

- Você nunca vai

A Maggie me diz

- Vamos, Meredith

O Nathan me chama diretamente

- Só pra dar boas vindas pra ele direito

A Maggie insiste e eu quero matar ela, a Amélia olha pra mim e faz sinal pro Andrew que sai sem nem olha pra mim

- Não, eu não vou, eu tenho planos, tchau, gente

E saio atrás do Andrew

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Eu fui dispensada com uma facilidade inacreditável, o Andrew saiu andando e, praticamente, me disse pra não ir pra casa dele, eu vou pro meu carro antes que o pessoal saia do hospital, me veja aqui.

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Meu apartamento nunca pareceu tão grande, eu esperava uma noite de brincadeiras, risadas e aconchego no sofá, ganhei nada, o mais absoluto vazio e silêncio, eu deixo a bolsa e o casaco, tomo um banho rápido, meio no automático, quando saio, pego uma camisa do Andrew que ficou aqui e paro, olhando pra ela, eu não quero pensar nisso, não quero pensar nas consequências dessa briga idiota e dele ter tido um dia ruim e não me querer por perto, eu fecho os olhos, respiro fundo, melhor parar de pensar nisso, guardo a camisa na gaveta e pego meu moletom velho, não que adiante muito, são lembranças demais com essa roupa, a quem eu quero enganar, esse apartamento tá cheio de lembranças.

Eu saio do quarto e vou pra sala, ligo a tv, virou automático pra mim, navego por vários filmes e não quero ver nada, até chegar nas animações, meu coração se aperta, mais lembranças me invadem e eu levanto do sofá, sem escolher nada, vou pra cozinha ver se tem alguma coisa pra comer sem que eu precise pedir, eu quase nunca estou em casa, nem mesmo com o Andrew, agora não tem mais comida aqui, mas a ideia foi péssima ao ver os desenhos das crianças na geladeira, passou a fome, eu pego as duas folhas e vou pra sala, Matt traduziu o desenho dele como nós quatro na roda gigante, eu jamais diria que era qualquer coisa parecida com isso, parecia mais riscos aleatórios e coloridos por toda parte, já a Bê, disse era nós quatro no sofá, vendo filme, era tudo que eu queria nesse momento, eu nunca pensei que pudesse sentir tanta falta de um momento tão simples

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Eu vou tentar dormir, depois de tudo isso, eu nem sei como as coisas vão ficar amanhã, eu só espero ainda poder levar a Bê pra cortar o cabelo e, pela primeira vez, passa pela minha cabeça, o que eu vou fazer se Andrew e eu terminarmos?

Eu levo os desenhos pro quarto comigo e coloco na mesinha, ao lado da cama, sento e fico olhando pra eles, meu celular toca e eu me assusto, meu coração erra uma batida ao ver o nome do Andrew na tela e a foto dele com as crianças fazendo careta, eu respiro fundo e atendo

- Alô
- TIA MER!

Matt e Bê gritam do outro lado, meu coração bate muito rápido, como é que eu posso estar com tanta saudade deles assim, chega a doer

- Oi, meus amores
- Um de cada vez

Eu ouço a voz do Andrew, de fundo

- A gente só ligou pra dizer boa noite

A Bê explica, chega a faltar o fôlego de tanto que eu queria um abraço

- Eu fiquei muito feliz que vocês ligaram
- Boa noite, Tia, eu to com saudade

Eu engulo em seco

- Boa noite, Bê, eu também to com saudade, eu amo você
- Eu também amo você, vou passar pro Matt
- Tia, eu to com mais saudade que a Bê
- Ta nada

Eu sorrio, as lágrimas piscam nos meus olhos

- Nós estamos com saudade igual, tá bom?

Eu digo

- Ta bom, então, boa noite, Tia Mer, eu amo você um tantão grande
- Boa noite, Matt, eu também amo você um tantão grande

Ele ri

- Boa noite, Mer

Meu coração bate muito rápido ao ouvir a voz do Andrew

- Boa noite

E ele desliga, eu deito na cama e fecho os olhos com força, eu nunca me senti tão amada e tão sozinha como nesse momento.