27.

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Meredith PoV

Eu não sinto meu coração batendo, ele fugiu com o susto, o Andrew olha pra mim e sussurra

- É...
- Minha mãe

Eu completo baixinho, eu levanto e levanta também, segura minha mão, eu to gelada

- Mer, calma, tá? Ela não sabe que eu estou aqui

- Meredith!

Ela toca a campainha de novo

- Já vou

Eu respondo, ele segura meu rosto e me beija de leve

- Eu vou ficar lá no quarto até ela ir embora, então a gente aproveita, fica calma e eu prometo me comportar... por enquanto

Eu sorrio, ele consegue me acalmar de um jeito que eu não entendo, ele pega a mochila, a jaqueta e corre pro meu quarto, fechando a porta devagar, eu respiro fundo e abro a porta da frente

- Que demora, posso entrar?
- Entra, qual o motivo dessa visita?

Ela entra e eu fecho a porta

- Estudando?

Ela aponta para os papéis e o notebook, droga

- É

Eu tiro as coisas do sofá e fecho o notebook, tem folhas com anotações do Andrew que eu cubro com outros papéis e coloco tudo na mesinha de centro.

- Eu precisava falar com você e tinha que ser hoje
- Percebi, senta

Ela vai até o sofá e eu sento do outro lado, esperando pelo que ela tem a dizer

- Você sabe que o Dr Andrew Deluca está me auxiliando essa semana não é?

Eu sinto que meu coração saiu do meu corpo, mais uma vez, eu engulo em seco

- Sei
- Você já trabalhou com ele muitas vezes, pelo que eu vi

Minhas mãos estão suando

- Sim
- Segundo sua avaliação, ele é muito competente e seguro
- Qual é o ponto?

Eu tento falar sem tremer

- Eu acho que tem algum cirurgião ajudando ele com as cirurgias

Eu não sei mais como se respira

- Como é?
- Eu tenho deixado ele realizar alguns procedimentos e ele tem sido realmente bom nisso
- Não vejo problema
- Meredith, por favor, não são coisas simples, são detalhes que, normalmente, escapam a residentes
- Ele recebe muitos elogios do staff
- Elogios até demais
- Como assim?
- Eu não vou tomar decisões precipitadas mas eu acho que está acontecendo alguma coisa
- Você veio até aqui pra falar comigo sobre um residente?
- Não ou, pelo menos, não só isso
- Então?
- Você tá com pressa, tem alguma coisa pra fazer?
- Não é como se você me visitasse, não é?
- Eu não tenho tempo, Meredith, eu te vejo todo dia no hospital, não faça drama, você não tem mais idade
- Eu só disse... esquece, qual é a outra coisa?
- Você falou com o Richard sobre o Deluca?

Droga

- Como assim?
- Acho que a pergunta não é difícil de entender
- Não, por quê?
- Ele veio falar comigo e achei que pudesse ser coisa sua
- Coisa minha?
- Tentando atrapalhar a minha vida, não seria a primeira vez
- Sério? Veio na minha casa, tentar me ofender? Não, você já pode ir
- Você está me mandando embora? Tá me expulsando da sua casa?
- São mais de dez horas da noite, você vem até a minha dizer que eu atrapalho a sua vida, eu tenho mais o que fazer, Ellis
- Você não se importa em me magoar, não se importa com o que eu sinto, você não se importa com nada além de você mesmo, vai ver que é por isso que continua aqui sozinha, que está sempre sozinha

Eu levanto do sofá

- Você pode ir agora

Ela levanta com toda altivez e me olha pra mim, com desdém

- Você me critica tanto que está sozinha, exatamente, como eu, pelo menos eu já tive alguém que me amou

Ela sai e bate a porta, eu sento no sofá e tenho que puxar o fôlego muito fundo pra conseguir respirar.

===

Andrew PoV

Ouvir a Ellis falando sobre mim, fez um arrepio gelado percorrer minhas costas, ver ela desconfiar da Meredith, quase parou meu coração, eu achei que ela tinha descoberto tudo e veio aqui só pra confronta-la, mas não foi isso, é só a primeira pessoa que ela acusa em qualquer situação e o motivo maior foi aquela conversa horrível que ela teve com o Webber, tudo isso foi porquê ele falou com ela, eu fervo de raiva, mas quando eu ouvi ela falar sobre a Meredith daquele jeito, dizer que ela está sozinha e que ninguém a ama, me fez ferver de raiva, eu tive que respirar fundo pra não ir até lá, eu ando de um lado pro outro do quarto, aquelas palavras doem em mim, então eu ouço a porta bater, eu respiro fundo, duas vezes, então saio do quarto, a Meredith está sentada no sofá, olhando pra frente, com o olhar perdido, aquilo dói em mim, ela nem percebeu que eu saí do quarto, é como se ela não tivesse ali, como se não tivesse ninguém ali.

- Mer

Eu me aproximo devagar, ela não tem nenhuma reação

- Mer, tá me ouvindo?

Eu sento perto dela

- Eu acho melhor você ir, Andrew, eu não to com cabeça agora

Ela diz sem olhar pra mim, eu me aproximo

- Eu não vou a lugar nenhum

Ela fica em silêncio, eu sento ainda mais perto e pego a mão dela, devagar, ela se assusta e olha pra mim

- Só vai tá? Depois a gente conversa, sinto muito não poder ajudar hoje com as cirurgias, eu te mando por mensagem e você estuda em casa

Ela tenta tirar a mão da minha mas eu seguro

- Eu não vou lugar nenhum

Ela levanta do sofá

- Isso não é um pedido, só vai embora, eu não quero conversar, eu não to afim de sexo, não tem nada aqui hoje

Ela fala mais alto, ela tá na borda, eu sei que tá mas eu não vou deixá-la aqui

- Eu não venho aqui só por causa de sexo, Meredith e eu não vou sair daqui, não vou te deixar assim
- Eu não quero sua piedade e se você não vem só por causa do sexo, é um problema seu, isso foi um acordo nosso, não estrague tudo, vá embora e amanhã finja que não ouviu nada disso se ainda quiser que isso aconteça

A voz dela está uns três tons acima do normal e os olhos estão vermelhos, eu levanto, olho nos olhos dela mas ela desvia

- Você não está sozinha, não importa o que você diga, eu não vou sair daqui

Ela olha pra mim e eu a abraço, ela tenta resistir por alguns segundos, mas acaba cedendo então eu a abraço mais forte e sinto ela enterrar o rosto na minha camisa, os ombros dela tremem, ela tá chorando, eu sento no sofá com ela, nenhum de nós dois diz nada, eu apenas faço carinho no cabelo dela enquanto a ouço chorar baixinho, por algum tempo, a respiração dela vai ficando mais calma, até que eu percebo que ela dormiu, eu levanto devagar e a levo pra cama, a arrumo com cuidado, cubro e vou saindo do quarto

- Você já vai?

Ela pergunta ainda rouca, eu olho pra ela

- Não, eu não vou a lugar nenhum

Eu saio do quarto, fecho a porta e volto, tiro a calça e deito na cama com ela, me aproximo, ela se aconchega mim e eu beijo o cabelo dela

- Você não está sozinha, Mer.

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