79.

1K 76 59
                                    

Andrew PoV

A conversa com a Meredith foi pior do que não ter conversado, nós chegamos ao quarto e o Matt tá sentado na cama

- Eu to com fome de mingau, Papai

Ele estende os braços pra Meredith que coloca ele no colo

- Eu faço

A Nana diz e levanta da cama, ela sorri pra Meredith e eu ainda nem sei como foi que ela a convenceu tão rápido antes, eu nem consegui convencê-la a sair de perto dele, a Meredith senta na cama com o Matt e eu sento ao lado

- Ta se sentindo melhor, filho?

Ele está encostado na Meredith que o abraça

- Eu só to com frio
- Vamos ficar quentinhos aqui embaixo do cobertor, então

Ela diz pra ele e encosta na cabeceira da cama, eu pego o cobertor e cubro os dois

- Ele não está com febre

Ela diz sem olhar pra mim

- Ótimo, talvez seja uma noite mais tranquila

A Nana volta com o mingau e eu pego

- Vai dormi, Nana, eu te chamo se precisar

Ela olha pra Meredith

- Ele vai ficar bem, boa noite, gente, fica bom logo, Matteo
- Boa noite, Nana
- Boa noite

Eu sorrio pra ela e me aproximo do Matt, ele já é dengoso, agora junta o fato de estar doente com uma atenção dupla e pronto, meu menino de quatro anos é um bebê, ele come mais da metade da papinha, que eu dou pra ele enquanto ele não sai do colo da Meredith

- Eu não quero mais, quero dormir

Ele diz baixinho, já é tarde e os remédios o deixam ainda mais molinho

- Vamos deitar aqui pra dormir, então

Ela diz pra ele

- Vem, Papai, deita aqui comigo

Eu coloco o prato na mesinha, ao lado da cama e deito junto com eles, a Meredith não olha pra mim, eu respiro fundo, que dia confuso. Depois de algum tempo, eu percebo que o Matt tá dormindo mesmo, mas a Meredith segue acordada, olhando pra ele

- Você deveria tentar dormir
- Uhum
- Mer

Ela olha pra mim

- Eu não disse que o que nós temos não é sério
- Eu não quero falar sobre isso agora
- Eu não quero ficar assim

Ela respira fundo

- Andrew, eu estou irritada, preocupada e nervosa, eu não quero discutir o motivo de não querer ir pra um bar ou a opinião das pessoas sobre o que eu faço ou deixo fazer
- Você não quer ir ao bar, não vá
- Parece que só eu acho que é simples assim, você se incomoda até com fofoca sobre a minha vida
- Então tá tudo bem pra você se as pessoas dizem que nós temos um caso? Acho que não é só sobre a sua vida
- E porquê é tão importante pra você o que as pessoas dizem? Minha vida é assunto de fofoca há tempo suficiente pra eu não me incomodar mais
- Por que a Dra Grey não namora
- Como é que é? Eu não to ouvindo isso
- Parece que é uma especie de lenda

Ela apoia o Matt com o travesseiro e levanta, sai do quarto e eu vou atrás, ela tá me esperando na sala, de braços cruzados, ela tá com muita raiva

- Quem é que anda tão preocupado com a minha vida no hospital pra eu arrumar alguma coisa pra fazer?
- Acalme-se, eu só fiz uma pergunta
- Não, não foi uma pergunta, foi uma acusação e carregada de ironia, não finja que não foi
- Você ouve do jeito que você quer, eu não estou te acusando de nada
- Seu problema é que as pessoas estão falando ou você quer provar que mudou a Dra Grey? É uma questão de ego, Andrew?
- Por favor, Meredith
- Então, o que importa o que as pessoas dizem?
- Vocês estão brigando?

A Bê aparece no corredor, a Nana logo em seguida

- Não, Bê, não foi nada, vamos voltar pra cama, vem

A Meredith pega ela e volta pro quarto, a Nana olha pra mim

- Não seja um idiota
- Eu não fiz nada
- Ela já chegou aqui irritada com você, ela está preocupada com o Matteo, é péssimo momento pra resolver qualquer coisa que seja, vão dormir

Eu respiro fundo e a Nana volta pro quarto dela, eu nem percebi que nós dois tínhamos elevado a voz, eu passo no quarto da Bê, ouço ela e a Meredith falando sobre gatinhos, entro no meu quarto e deito com o Matt, eu só preciso conseguir dormir, quem sabe amanhã, toda essa conversa faça sentido.

===
Meredith PoV

Quando eu voltei pro quarto do Andrew, ele já estava dormindo, o Matt continua sem febre, eu aproveito pra tomar banho e ver se eu me acalmo, eu preciso. Quando eu saio, a Nana está no corredor, ela sorri pra mim

- Vem

Ela diz, eu só sigo ela até a cozinha, tem duas xícaras de chá na mesa, eu sento, sem questionar e experimento o chá, tá uma delícia, ela coloca um pedaço de bolo pra mim, então senta também

- O banho ajudou?

Ela me pergunta

- É, mais ou menos
- Os dois irritados não vão resolver nada
- Percebo isso agora
- Ele não fez por mal, Meredith, eu não estou defendendo ele, foi idiota e eu disse isso pra ele, mas ele não está acostumado a ter outra pessoa que se preocupa, ele nem sabia o que fazer enquanto você estava com o menino, ficou perdido porquê ele não sabe dividir as responsabilidades com alguém, ele aprendeu na marra a fazer tudo sozinho, já percebeu que assim que ele chega, eu não faço mais nada? Eu tentei ajudar, por muito tempo, eu insisti que ele não precisava colocar os dois bebês pra dormir ao mesmo tempo sozinho, que nós podíamos revezar os banhos, a lição de casa ou pra dar a comida, ele diz que eu já faço muito por eles, ele se sente culpado pelo que ela fez, então tenta compensar de todas as formas possíveis, há dois anos, mas se a Bê tem um pesadelo, ele se culpa, se acontece alguma coisa quando ele não está em casa, ele se culpa, ele poderia ter voltado pra residência antes, mas ele não queria que as crianças se sentissem sem outro dos pais, ele nunca reclamou, disse que estava cansado demais pra brincar ou correr por essa casa, mesmo estando óbvio que está, eu já vi o Andrew há mais de 50 horas, praticamente sem dormir, entre plantões e gripes fortes nos dois, ele pode fazer umas coisas imbecís, de vez em quando, mas ele é um ótimo pai e ele gosta muito de você, a abertura que você tem pra cuidar das crianças, ninguém nunca teve, de verdade, ele não fez por mal

Eu apoio a testa na mesa

- Agora eu to me sentindo culpada

Ela faz carinho no meu braço

- Não, não se sinta, sua reação foi natural, eu pedi pra ele colocar seu número no meu celular e eu aviso pro dois agora, conversem quando estiverem mais calmos, tá bom?

Eu olho pra ela

- Obrigada, Nana, de verdade, eu não sei o que eu faria sem você

Eu coloco minha mão em cima da dela

- Agora vai dormir que amanhã é um longo dia

Eu tomo o resto do chá e vou mesmo dormir.

Nunca Imaginei Onde histórias criam vida. Descubra agora