Nunca Imaginei

120.

Andrew PoV

A Meredith foi pra casa com as crianças, Carina e eu ficamos na recepção

- Eu tenho umas duzentas perguntas pra te fazer
- Aproveite temos tempo
- Mamãe?

Ela pergunta, erguendo a sobrancelha

- Pedido deles
- Você deve ter chorado um oceano com isso
- Cala a boca

Eu digo com um meio sorriso, ela não ta errada, ela também sorri

- Não foi assustador? Cheio de lembranças?
- De algum jeito é diferente, eu não sei explicar, mas é diferente
- Ah vai ver que é porquê a Meredith não é um monstro, sem coração
- Vai ver é isso mesmo
- Ok, agora o que foi isso tudo com a mãe dela?
- É complicado, mas digamos que é mais um exemplo de péssima mãe e não sabia sobre a gente
- Como é que seus filhos a chamam de mãe e mãe dela não sabia que ela tem um namorado?
- Exatamente assim e são nossos filhos, é melhor você não falar assim perto dela
- Foi mal, é costume, que loucura, não era mais fácil contar e evitar tudo isso?
- Dr Deluca?

A Chefe me chama do balcão da recepção, eu olho pra Carina, ergo a sobrancelha e vou até lá

- Sim, Chefe?
- Você já pode voltar a trabalhar, já estamos com baixa no pessoal e não tem nada que você possa fazer pela paciente que você está acompanhando, no momento, segundo eu soube, ela está estável na UTI
- Claro
- Então pode voltar imediatamente

Ela sai e eu volto a pra perto da Carina

- O que foi?
- Eu vou voltar a trabalhar agora, você quer ficar aqui? Você pode ir lá pra casa ajudar a Meredith com as crianças
- Perai, por quê você vai voltar? Como você vai trabalhar com a Nana na UTI
- Ordens da Chefe
- Sério?
- Eu te disse que não era fácil
- Eu vou ficar aqui até você ter um tempo pra comer, aí eu posso pelo menos dizer pra Meredith que fiz você comer

Eu sorrio

- Eu vou ver como as coisas estão e te aviso
- Ok

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- Dra Shepherd? O que eu posso fazer?

Ela me olha meio estranho quando eu a encontro, na emergencia

- Como assim?
- Eu preciso voltar ao trabalho imediatamente
- Depois de tudo isso? De jeito nenhum que você trabalhar hoje
- São ordens da Chefe
- Sério, Deluca?

Eu assinto e ela parece pensar por um minuto

- Olha, eu tenho algumas pesquisas em andamento no laboratório, vê com a Qadri que ela vai te passar os resultados que eu estou esperando pra hoje, eu não vou te colocar em atendimento, ta?
- Como quiser, Doutora

E sorrio e vou pro laboratório, pensando se esse tratamento é mesmo pra mim ou pela Meredith.

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Meredith PoV

Ver as crianças tão quietinhas é triste demais, depois de convencê-los a deixar aqueles videogames, eles estão vendo no tv no sofá, desde que almoçaram, eu estou pensando em alguma coisa pra fazermos juntos quando chega uma mensagem no meu celular, é a Ellis, é inacreditável

"Enquanto você fica em casa e toma conta das crianças, ele voltou ao trabalho, era sobre isso, o tempo todo, Meredith, sobre ver você ter que se apagar pra ele brilhar, sempre acontece, só lembre-se que eu te avisei"

Eu não acredito que o Andrew ta trabalhando, depois de um dia como o de hoje, mas eu não vou deixar a Ellis me abalar, se ele achou melhor assim, ele está com a Amélia, eu sei que ela não vai deixá-lo fazer nenhuma besteira, eu também prefiro trabalhar e me distrair que ficar pensando na mesma coisa, ta tudo bem e isso me dá uma ideia com as crianças também, eles precisam se distrair e eu resolvo descer com os dois pro playground do prédio.

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Um tempo depois, meu celular toca, é a Carina, meu coração acelera

- Alô
- Cadê vocês? Eu estou tocando a campainha há horas

Eu sorrio e solto o ar

- Estamos aqui embaixo, eu pensei que tinha acontecido alguma coisa
- Não, não, ta tudo bem, eu tô descendo

E ela não demora a chegar e senta a meu lado enquanto as crianças brincam no parquinho

- Ta tudo bem lá?

Eu pergunto

- Tá, na mesma, mas o Andrew comeu

Eu sorrio

- Obrigada
- E ele quer saber se você comeu, qual o problema de vocês com comida?
- É só cuidado
- Falando em cuidado, eu realmente me surpreendi com a história da maternidade
- Eu imagino
- Faz tempo?
- Algum tempo, pode ser sincera, Carina, eu sei que você quer falar
- Eu... olha só, eu não tenho nada contra você e se a Nana concorda com tudo isso, quem sou eu pra pensar diferente, eu acho ótimo para as crianças e mesmo em um dia tão difícil como hoje, eles nem hesitaram em deixar o Andrew e vir com você, antes eles jamais sairiam de perto dele

Nem eu tinha me dado conta disso, mas não digo nada e deixo ela continuar

- Mas eu fiquei meio pensativa com essa história da sua mãe, imagino que foi ideia sua que ela não soubesse sobre vocês e isso é estranho, como se você tivesse separando duas partes da sua vida, não é uma critica, Meredith, de verdade, mas eu me preocupo com meu irmão e eu precisava saber
- Eu entendo perfeitamente, visto que você não conhece a Ellis, meus amigos, minha irmã, sabem e convivem com as crianças, foi mesmo uma escolha minha que ela não soubesse, mas foi pelo Andrew, pra que ela não prejudicasse o trabalho dele mesmo que indiretamente, ainda assim, quando ela descobriu, o colocou para fazer plantões noturnos, ela tem poder de interferir na carreira dele e eu não ia deixar isso acontecer
- Mas por que? Só porque ele é residente? Ela não acha ele suficiente pra você?
- Ah, não, ela acha que relacionamentos atrapalham e filhos são a pior coisa que pode acontecer com uma mulher no inicio da carreira
- Ela diz isso pra você? É meio pesado, afinal você deve ter sido nascido no inicio da carreira dela
- E é, exatamente, por isso que ela diz, desde sempre, é por isso que e não quero ela perto das crianças, eu jamais deixaria eles pensarem que não são amados mais que qualquer coisa no mundo

Bê e Matt vem correndo, ele tá chorando e sobe no meu colo

- Eu caí, Mamãe

Ele mostra o cotovelo vermelho , eu passo a mão, tiro a poeira, não tem nada, nem arranhou, eu dou um beijo

- Já passar

Ele encosta no meu peito, eu o abraço e a Bê reclama

- Vamos Matt, se passa com um beijo não precisa de remédio, já dá pra ir de novo

Ele olha pra mim, eu seco as lágrimas dele

- Acho que já passou
- Eu também acho

Eu digo e eles saem correndo e a Carina olha pra mim

- Eles são muito seus
- Ai de quem disser qualquer coisa diferente.