Capítulo 44

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- Oi... E então? Da para o senhor ir direto ao ponto? Acaba logo com essa agonia que está me matando... - Peço com a voz embargada e as mãos tremulas.

- Claro, eu entendo. Bom, então vamos lá! Antes de você entrar, já haviam me entregado o resultado e eu já havia dado uma olhada rápida, no entanto, deixei para saber de fato o resultado junto com você. - Da uma pausa e começa a olhar o resultado, sua expressão facial é uma incógnita e por mais que eu tente, não consigo decifrar. Ele suspira e olha para mim novamente. - De acordo com a biopsia, seu tumor é maligno, mas calma, não chore... Você vai contar com o auxílio dos melhores médicos de Paris, não tenha dúvida de que você recebera o melhor tratamento possível... - Completa calmamente.

- Eu não quero morrer, doutor, minha avó e minha irmã só tem a mim... e ainda tenho que acompanhar o tratamento dela junto com uma amiga também contra câncer... Meu Deus, isso não pode estar acontecendo. - Levo as mãos ate meu rosto e as lágrimas rolam sem parar.

- Cloe, você não vai morrer, tenha fé e confie na nossa equipe, hoje mesmo vou me reunir com eles e vamos estudar o melhor tratamento possível para o seu caso, vamos vencer juntos, combinado? - Tenta me acalmar. - Além do mais, você pode solicitar uma enfermeira para te auxiliar.

- Eu não quero que ninguém saiba, tudo bem?

- Claro, como achar melhor! Como seu tumor está crescendo relativamente rápido, é melhor darmos inicio ao seu tratamento o quanto antes, então...

- Mais exames? - O interrompo.

- É, mais exames. - Um sorriso acolhedor brinca em seus lábios.

- Tudo bem. - Reafirmo com a voz meio tremula por conta das incontáveis lágrimas.

- Assim que resolvermos e estudarmos mais sobre o tipo de tratamento mais adequado, e você estiver com todos os exames feitos, a secretaria entrará em contato com você e poderá vir para darmos início ao seu tratamento.

- Certo.


° ° °

Quase um mês se passou desde a última consulta, se chorei? Bom, se o choro não estiver presente, não é a vida da Cloe não é mesmo? E acho que isso não é novidade pra ninguém. O médico vai dar início ao meu tratamento com a quimioterapia, e ao longo do tempo, conforme eu vá reagindo ao tratamento, ele saberá se será preciso ou não fazer a cirurgia. Ainda não tenho um dia definido para começar, mas a primeira sessão será na semana que vem. Foram tantos e tantos exames que mal fico em casa, meus braços estão roxos pela quantidade de agulhadas que levei e venho mentindo todos os dias sobre minhas saídas diárias e demoradas.

Sarah está me ajudando bastante com o tratamento de dona Elisabeth, ela já está terminando as secções de radioterapia. Creio que só falta mais uma e logo, logo, passará a ir com menos frequência ao médico e graças a Deus, ela está reagindo extremamente bem ao tratamento, os resultados de seus exames estão muito bons o que é ótimo e diminui bastante minha preocupação.

Não irei comprar meu carro agora, preciso pagar meu tratamento, o que não é nada barato. Tenho conversado bastante com Taylor nos últimos dias sobre meu tipo de câncer, mas sem que ele saiba nem desconfie de que sou eu quem esta doente, e eu diria que nosso relacionamento esta indo muito bem, ele me faz bem e se preocupa comigo, diferente de como era com Arthur, não é algo sufocante e tóxico.

Tay mesmo sem saber, me anima e me dá forças, deixa tudo acontecer no meu tempo e agradeço por isso, como posso morrer, não sei se quero prender ele a mim e deixar ele mal depois com a minha partida, até por isso estou tentando lhe evitar, Ed me contou sobre uma perda dele no passado e de como ele sofreu com isso, mas de maneira bem resumida. Como ele conseguiu recentemente um trabalho na área dele, está sendo um pouco mais fácil de esconder tudo de seu olhar rápido e curioso, até hoje ele nunca engoliu a história que contei sobre eu está com a pulseirinha do hospital no dia em que fiz a biopsia. 

Isabelly e Ed discutiram feio e estão de mal um com o outro e Taylor quer porque quer fazer com que se entendam logo por não aguentar mais o amigo se lamentando de segundo em segundo. E aparentemente terei que ser cumplice dessa armação.

Meu celular vibra insistentemente no meu bolso me tirando dos meus devaneios e me puxando novamente para a realidade. Olho o visor e vejo a foto de Taylor e não posso evitar um sorriso bobo, atendo.

- Oi loirinha ta fazendo alguma coisa agora? - Sua voz soa alegre.

- Só vegetando na minha cama mesmo, por quê?

- Pensei em uma coisa para juntar aqueles dois de novo antes que eu enlouqueça, Edward já concordou e nós dois vamos ajudar ele a se entender com Isa. Só que é em outro lugar, topa ir agora?

- Agora?

- Sim, passo aí em 10 minutos, se cuida.

- Mas... - Antes que eu pudesse contestar ele encerra a ligação.

Corro desastradamente para procurar uma roupa e acabo batendo com o dedinho no canto do meu criado-mudo, urro de dor e continuo indo em direção ao armário, visto uma roupa qualquer e ouço Taylor me chamando sem parar, pego um par de tênis e vou colocando enquanto desço.

- Deus! Pra que tanta pressa? - Murmuro baixo.

Quando finalmente consigo descer todas as escadas me deparo com Taylor com as duas mãos na barriga rindo sem parar, me toma em seus braços e me dá um beijo rápido, ao me soltar, me analisa dos pés a cabeça e continua sorrindo.

- Vai com a camiseta assim mesmo, loirinha?

- O que tem minha... - Assim que olho percebo que minha camisa está ao contrário. - Aaaaa droga. Vira de costas aí vai. - Ordeno e Taylor vira ainda sorrindo.

- Tem que presta mais atenção, não que você não saiba.

- Engraçado você em, como vou fazer tudo com você me apressando? - Bufo caindo nas suas provocações. - Pode virar.

- Ate que enfim, vamos. - Sai me arrastando.

Não está muito frio, o clima está agradável, corro o olhar e não vejo o carro de Taylor.

- Cadê seu carro?

-E quem disse que vamos de carro? - Me olha com um olhar brincalhão e um sorriso travesso de canto.

- Nem pensar que a gente vai de moto, e desde quando você tem uma moto?

- Há muitas coisas sobre mim que você não sabe, Cloezinha. - Me entrega um capacete.

- Da pra me ajudar aqui? Não sei se você sabe, mas eu nunca cheguei perto de uma moto

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- Da pra me ajudar aqui? Não sei se você sabe, mas eu nunca cheguei perto de uma moto. Então me ajuda. - Chego mais perto e ele me ajuda. Subo desajeitadamente na moto e envolvo meus braços em sua cintura.

- Se você continuar me apertando assim vai ser um pouco complicado dirigir, não acha?

- Desculpa. Vai devagar, por favor. -Peço de olhos fechados.

- Pronta? - Pergunta acelerando.

- Tenho escolha?

- De forma alguma. -Acelera mais e da partida, sinto a brisa um pouco gélida batendo conta meus braços nus.

A Caminho do Inesperado | Vol.1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora