Capítulo 22

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Deixo o celular em cima da mesa, recolho as sacolas com as roupas, pego o hambúrguer e o milk-shake, coloco em uma bandeja com vidros de catchup e maionese porque ninguém merece aqueles sachês, e vou até o quarto.

Dou leves batidas na porta e ouço uma voz fraca pedir para que eu entre. Assim que o faço ela se encolhe rapidamente na cama como se eu fosse um monstro.

- O que você quer? - Pergunta com sua voz falha me dando vontade de abraçá-la.

- Vim trazer comida, você deve estar com fome, e trouxe umas roupas também. - Lhe entrego a bandeja e ela aceita com relutância. Começa a comer com dificuldade, pois sua face está bem machucada.

- Quando vai me deixar ir embora? - Pergunta com a boca ainda cheia.

- Você não vai embora meu amor, a gente vai viver juntos para sempre, vamos casar, ter filhos, uma família feliz. - Faço planos.

- Não vamos ter filhos Arthur e eu jamais casaria com você,eu quero ir embora agora! - Grita.

- Vamos ter filhos sim querida, claro que iremos, eu sonho em ser pai e você como minha mulher me dará vários.. - Explico.

- Eu não vou te dar filho algum e de onde tirou que sou sua mulher? Você só pode estar louco! - Se altera e perco a paciência.

- Você vai me dar filhos sim tá ouvindo? - Seguro sua face com força, Cloe cospe na minha cara e acerto um murro em seu rosto machucado. - Vai me dá e dará agora!
Começo a retirar minhas roupas e ir pra cima dela, quando enfim ela para de gritar e fala algo que me faz entrar em choque.

- Isso mesmo Arthur, você pode me estuprar o tanto quiser, eu nunca te darei filho nenhum porque além de você ser um monstro e eu ter nojo de você, eu não posso ter filhos entendeu? Eu não posso ter filhos! - Grita bastante alterada já chorando...

Cloe

Observo Arthur ficar transtornado.

- Tá vendo essa cicatriz aqui? - Retiro um pouco do pano e mostro a cicatriz.

- O que tem haver a merda da tua cicatriz? - Soca a parede.

- Ganhei ela na noite do acidente, uma barra de ferro transpassou meu útero e estraçalhou, os médicos tiveram que retirá-lo, ou seja, eu nunca terei filhos, e se você pretende ter, me deixe ir embora e procure uma que possa dar o que você quer. - Falo calmamente revivendo tudo até agora.

- Você só pode estar louca, é isso, você está louca... - O moreno vai de um lado para outro passando as mãos fortemente em seus cabelos.

- Pergunte para meu médico, aí você saberá se estou mentindo. - Sugiro.

- Porque você nunca me contou isso? Em Cloe? Porque você me escondeu algo tão sério?

- Porquê eu te amava e não estava pronta para te contar, é assustador falar isso em voz alta, agora se quiser me bater, pode me bater,eu não ligo. - Fecho os olhos esperando o impacto que não chega, ao contrário, sinto um peso ao lado da cama e braços fortes me envolvendo em um abraço apertado, cheio de lágrimas.

- Você devia ter me contado meu amor, a gente superaria isso juntos e adotaríamos nosso filhinho... - Chora abraçado comigo.

- Poderíamos até superar Arthur, poderíamos até adotar e ser uma família feliz, porém, não quero isso pra mim, eu não quero você para realizar esses sonhos, e você já deve saber o porque... - Afasto seu corpo do meu e minhas costelas doem com tal movimento.

- Que pena, sério, que pena mesmo, pois você vai fazer tudo isso comigo. Se você não for minha, não será de mais ninguém! - Aperta seu dedo contra meu tórax. - Se arrume, o médico que chamei já deve estar vindo, tem tudo que você precisa no banheiro e roupas nessas sacolas aí.

- Como vou fazer isso desse jeito? - Pergunto apontando para todo meu corpo.

- Você tentou se matar Cloe, tomar uma ducha não será tão difícil assim. Mais como eu sou o melhor namorado que alguém pode ter eu te levo até o banheiro. - Caminha em passos lentos até mim.

- Não toque em mim! - Sou rude.

- Se acostume, eu sempre irei tocar em você querida, fazer amor, carinho... - Me olha fixamente e não é difícil vê a maldade em seus olhos e sua voz.

- Você está muito enganado Arthur!

- Ata, ok. - Vem até mim. Me pegando no colo e levando até o banheiro enquanto eu tento me soltar em uma tentativa falha.

Adentra o local antes sujo com meu sangue agora limpo e perfumado. Pega uma toalha e me entrega.

- Tem o necessário aí, shampoos, cremes, sabonetes... enfim, acho que você vai sobreviver. - Arthur sai e me deixa.

Começo a tentar tomar meu banho mas tá complicado, não consigo fazer movimentos simples sem que doa, isso vai ser meio impossível...
A água quente escorre pelo meu corpo levando consigo toda a tenção do meus músculos, no entanto faz com que meus ferimentos ardam um pouco, fecho os olhos aproveitando o momento. Quando me viro e tento alcançar o sabonete, escorrego e caiu chocando minha testa contra o azulejo, fico meio tonta e faço esforço para me levantar sem sucesso.

- Cloe? Você tá bem? - Ouço a voz de Arthur abafada contra a porta.

- Eu escorreguei e cai... - Assumo.

- Droga Cloe! Nem tomar um simples banho sem se matar você consegue? Eu posso entrar para te ajudar? - Me Pergunta.

- Lógico que não... Fique longe de mim! - Peço com a voz embargada.

- Tudo bem, não precisa chorar, aff... Vou mandar minha empregada te ajudar então, pode ser? - Propõe e torna a repetir quando demoro responder sua pergunta.

- Tudo bem... - Aceito cabisbaixa, de qualquer forma será melhor ela me ajudar.

Continuo na mesma posição até alguém bater na porta.

- Senhorita Cloe? Sou a Louise, posso entrar para ajudá-la? - A voz calma e acolhedora de uma mulher ecoa pelo cômodo.

- Sim. - Murmuro e escuto a porta ser aberta.

- Meu Deus! Sua testa, tá sangrando. - Leva suas mãos ao meu ferimento.

- Eu escorreguei, pode me ajudar a ficar de pé? - Peço encarando seus olhos.

- Claro que sim, se apoie em mim. - Faço esforço mais estou com vergonha do meu corpo exposto.

- Não precisa ter vergonha, eu estou aqui para ajudar você, segure minha mão, vamos! - Me acalma como se lesse meus pensamentos. Me apoio em seus braços e me ergo com dificuldade.

- Você tem que ir no hospital, está muito inchada e roxa...Ja vi meu menino fazer isso uma vez ,mas ele não é disso,ele tinha mudado, eu o conheço desde pequeno, seus pais viajam muito e se não fosse por mim, ele teria ficado sozinho, tá certo que ele saia bastante antes de você, bebia, já chegou até a ficar em coma alcoólico, vezes ou outras trazia suas namoradas, no entanto, na maioria das vezes levava para um apartamento que ele comprou ... Ele parou com tudo isso após você entrar na vida dele, sempre falava em você, era Cloe pra cá, Cloe para lá.
Mas tome cuidado, o ciúmes dele chega a ser possessivo as vezes, e para ele ter feito isso com você e com uma anterior, acho que estou certa... - Louise desabafa e presto bastante atenção. Tomo meu banho e saio com ajuda da senhora ao meu lado.

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Oi oi, como estão?

Bom, se for surgindo novos personagens como agora e forem importante, irei mostra-los aqui no final...

Irene Ravache Como Louise


A Caminho do Inesperado | Vol.1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora