A Caminho do Inesperado | Vol.1 (CONCLUÍDO)

Capítulo 26

  Após quase colocar meu estômago para fora, tomo um banho quente e demorado tirando o restante de sal que estava terminando de sumir em meus seios.

  Fecho os olhos aproveitando a sensação da água, ignorando totalmente o ardor em meus incontáveis machucados.

- Você é como se fosse uma filha para mim minha menina, eu realmente queria poder fazer mais por você, queria impedir esse monstro desprezível que está no lugar do meu Arthur de continuar te agredindo dessa forma. - Louise soa sincera e com pesar em sua voz calma e macia de sempre.

- Já disse para não se preocupar, olha para mim, estou ótima. - Minto.
- E ainda contínuo lutando por você e minha família, vocês são a razão pela qual eu ainda não desisti.

- Não minta para mim querida, eu sinto sua dor e sei que aí dentro, você está desesperada para que isso acabe, mesmo sabendo que pode não sair viva dessa e não é exagero. - Aponta para meu coração e fala calmamente porém com lágrimas ameaçando cair a qualquer momento. Toco seu rosto e digo:

- Tudo um dia passa, nada é para sempre... Fique calma.

- E essas correntes aí? Seu pescoço está horrível e seus tornozelos piores ainda, se ele não tirar logo você vai ficar com cicatrizes horrorosas... - Muda de assunto um pouco.

- Esse é o menor dos meu problemas. - Abro um meio sorriso. - Olhe só para minha pele, ela é extremamente branca, as cicatrizes não se destacarão muito. - Aponto para o que um dia foi a cicatriz da minha tentativa de suicídio.

Louise murmura algo que não consigo entender e me encolho  na banheira protestando quando Lou abre uma toalha branca e vem até mim.

- Só mais um pouquinho, o que é que custa, nunca te pedi nada! - Tento fazer uma carinha fofa e comovente e aleatoriamente me lembro de Isa, ela sempre falha.

- Nunca me pediu nada, dona Cloe? - Solta um sorriso que estava prendendo.

- Nunca... - Minto, sempre peço as coisas para ela. 

- Vou fingir que não ouvi sua resposta.

- Posso pedir uma coisa? - Mudo meu semblante.

- Olha aí você me pedindo as coisas, pra quem disse que não pedia... - Abre um sorriso de orelha a orelha. - Mas se estiver ao meu alcance, pode pedir.

- Queria que você fosse na minha casa e falasse sobre o que está acontecendo aqui para minha irmã, ela se chama Sarah ou para minha amiga Isabelly, não sei mais até onde aguentarei...

- Claro meu amor, eu irei sim, vou falar para Arthur que irei comemorar meu aniversário de casamento com meu marido, o que não deixa de ser verdade, faremos aniversário em alguns dias. - Explica e enche meu coração de esperanças.

- Só não diga para minha avó tá? Ela tá em uma luta contra o câncer e não quero preocupá-la...

- Me dê seu endereço e irei hoje mesmo! - Sai a procura de um bloquinho de anotações e uma caneta retornando rapidamente com os objetos em mãos, informo tudo direitinho e ela guarda habilmente entre o bojo de seu sutiã e sua pele.

- E sobre seu pedido anterior, poderá ficar só mais alguns minutos viu, irei pegar algo para você comer e pedir para Arthur, tudo bem? - Pergunta e assinto, Louise sai me deixando sozinha por um tempinho.

- Cadê o sabonete em... - Murmuro para mim mesma enquanto corro as mãos dentro da banheira com água quentinha. - Que sabonete taradinho! Embaixo da minha pobre bunda...- Distraída, abro um pequeno sorriso e começo passar o objeto em meus seios, especialmente onde estava cortado, fazendo um pouco de sangue sair e se dissipar na água. Doi um pouco, porém, nada que eu já não esteja acostumada. A água me relaxa e retira a tenção de meus músculos, eu odeio tomar banho, só que eu daria tudo para não sair dessa banheira hoje... Será que Arthur realmente virá? Eu espero que não,todas as vezes que ele vem, ele me machuca bastante e eu sempre acabo me automutilando no final, numa tentativa de amenizar toda a dor que estou sentindo.

- Cheguei formiguinha, despensei Louise mais cedo hoje, está pronta? - Arthur aparece e um calafrio percorre meu corpo...

- O pegador está sem opções hoje? - Provoco por puro ódio.

- Estava com preguiça de sair hoje, ai lembrei que tenho meu brinquedo pra me satisfazer quando eu quiser. - Se altera um pouco. - Vamos,saia daí agora! - Ordena e fico calada enquanto ele torna a me chamar mais vezes.

- Me dá uma toalha, não vou sair assim. - Peço com a voz já embargada e já imaginando o que viria a seguir.

- Para de ser idiota, eu já vi todo esse lixo que você chama de corpo, saia logo daí antes que eu perca a paciência! - Fala alto e eu saio em passos curtos e doloridos pelas correntes presas a mim . Após os olhos de Arthur repousarem sobre meu corpo e me analizar,vem até mim rapidamente me beijando bruscamente e me jogando na cama com brutalidade e entrar dentro de mim...

                                                       Louise

Graças a Deus Arthur me deixou sair e nem desconfiou de nada, vou caminhando rapidamente pelas ruas e um vento gélido balança meus cabelos. Checo o endereço novamente e é um pouco longe daqui, se eu quiser chegar ainda hoje é melhor eu pegar um táxi.

  Contínuo andando até que avisto um táxi ao longe, acelero meus passos e aceno para o motorista que estaciona ao meu lado, entro no banco de trás colocando o sinto em seguida e informando o local que desejo ir.
  O caminho passa devagar e logo me perco em pensamento... O que deve estar acontecendo com minha menina em? Cloe é uma garota tão boa, já passou por tanta coisa e em pouco tempo já tinha minha total admiração, ela é muito guerreira, outra não aguentaria passar por tudo que ela já passou e está passando nas mãos de Arthur, eu praticamente o criei e posso assegurar que ele se tornou outra pessoa, meu menino jamais faria as barbaridades que ele faz, e aquelas correntes? São muito pesadas, preciso encontrar as chaves ou as feridas do pescoço e tornozelos da minha Cloezinha nunca irão cicatrizar. Sou tirada dos meus pensamentos após o motorista chamar-me, o pago e saio.

Observo a faixada da enorme casa e checo novamente o endereço e está correto, ando quase correndo chegando mais rápido a porta, toco a campainha e aguardo.