Capítulo 35

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- A defesa do réu deseja fazer mais algum uso da palavra?

- Não, excelentíssimo! - O advogado de Arthur responde se dirigindo para seu acento.

Longos minutos se passam e estou impaciente, minhas mãos vermelhas de tanto aperta-las denuncia meu nervosismo...

- De acordo com os argumentos aqui citados e provas devidamente apresentadas, o tribunal chegou a uma decisão, eu declaro o réu Arthur Cousin Smith condenado a 40 anos de prisão sem direito a regime semiaberto por estupro seguido por tortura e atos de barbárie!

E quando o juiz bate o malhete contra a outra superfície de madeira declarando o fim do julgamento, tudo fica em câmera lenta... O olhar de tristeza de Arthur recai sobre mim e não consigo sustentar o peso de seus olhos por muito tempo, quando me dou conta, policiais já estão ao seu redor o algemando e o retirando.

- Eu odeio todos vocês! - Arthur grita com ódio em meio as lágrimas que se formavam em seus olhos. - Vocês irão pagar por isso!

Lhe dou uma última olhada antes que os policiais o retirassem, eu sei que ele me fez muito mal, mas não posso deixar de sentir pena...

Mãos firmes seguram meus ombros e me viro para olhar, dou de cara um par de olhos claros penetrantes fixos em mim, logo após, sou puxada rapidamente e presa em um abraço reconfortante.

- Agora vai ficar tudo bem...

Ouço atentamente a melodia de sua voz e respiro o cheiro maravilhoso de seu perfume  masculino.

- Espero que sim... - Digo meio sem jeito e Taylor aperta mais o abraço afagando meus cabelos.

- Tira essa carinha triste, vou te levar pra comer alguma coisa e depois para casa e trate de se arrumar para amanhã, quero você na minha formatura, se divertindo com a gente, combinado?

Assinto em concordância e saímos devagar por entre as pessoas que nos cercavam, damos mais alguns passos e ao ultrapassar a saída, uma brisa suave atinge meu rosto e um sentimento bom me alcança me fazendo soltar um sorriso bobo.

Finalmente as coisas começaram a dar certo!

E é com esse pensamento que sigo alegremente até o local onde o carro de Taylor está estacionado, por falar em carro, preciso comprar um o quanto antes, não aguento mais depender dos outros, pronto, esta decidido, ainda essa semana irei a procura de um e já tenho um em mente.

- Então Cloe, vamos para onde?

- Posso dirigir? - Peço do nada

- Oii?

- Aaaa deixa Tay, por favorzinho. - Faço bico.

- Aaaa não, sem chances, não mesmo, não, não, não.

- Tay! - O repreendo.

- Cloe, só eu posso dirigir a Maggie.

- Maggie? Você colocou um nome no carro?

- Ué, e você não? - Pergunta aparentemente surpreso.

- Claro que não, quem coloca nome em um automóvel? E ainda por cima um nome desse?

- Eu ué, e não fale assim, ela vai ouvir! Não escute o que esse ser desprovido de sentimentos diz meu amorzinho... - Diz alisando o volante enquanto dirige e eu nunca tinha reparado o quão bonito ele ficava com sua inseparável jaqueta de couro preta.

- Argh, então, posso dirigir?

- Mas...

- Vou falar coisas horríveis pra Maggie se você não deixar. - Ameaço.

- Você não faria isso.

- A não? Então Maggie... - Começo e logo sou interrompida.

- Cloe!

- O carro Taylor, agora! - Tento parecer seria e não sorrir.

Taylor resmunga e para o carro no acostamento, descemos e trocamos de lugar, me aconchego no banco do motorista, posiciono as mãos no volante e quando estou prestes a dar partida resolvo provoca-lo um pouquinho mais.

- A jaqueta Tay.

- Minha jaqueta? Pra que você quer minha jaqueta?

- Não posso dirigir seu carro sem sua jaqueta. - Prendo a todo custo um sorriso que tenta escapar.

- Mas porquê? Nem vai servi pra você, olha seu tamanho, garota. - Solta uma gargalhada gostosa.

- Primeiro, o que você tem contra meu tamanho? Segundo, a jaqueta, agora!

- Céus Cloe, como você é mandona. - Fala retirando e passando para mim com muita relutância.

- Viu, não foi tão difícil assim, poxa. - Brinco.

- Cuidado principalmente com a Maggie e com a minha jaqueta, é a minha preferida. - Pede fazendo bico e recolocando o cinto.

Coloco a jaqueta e seu cheiro me envolve, respiro fundo na tentativa de guardar aquele cheiro para sempre, me posiciono e dou partida, na medida em que vou acelerado, Taylor começa a me olhar assustado.

- Não ta indo muito rápido? - Me pergunta.

- Você acha que estou? - Abro um sorriso sincero.

- Lógico que ta, vá mais devagar, desse jeito, vai alcançar a velocidade da luz rapidinho. - Passa as mãos pelos cabelos deixando-os um pouco desgrenhados.

- Que exagero Tay, confia em mim!

Seguro mais firme o volante após meu corpo não obedecer meus comandos, uma tontura forte me invade e paro o carro bruscamente, se não estivéssemos de cinto, teríamos saído pelo parabrisa.

- Meu Deus Cloe, você ta bem? O que foi isso? - Me enche de perguntas mas não consigo raciocinar muito bem, minha dor de cabeça que me atormenta a algum tempo resurge trazendo com sigo uma forte náusea.

- Me ajuda a sair do carro! - Peço com a voz trêmula.

- Ai meu Deus! Cloe, você ta pálida. - Fala se livrando do sinto e correndo até o outro lado do carro.

- Acho que vou... - Mal termino de falar e vomito, coloco tudo pra fora enquanto Taylor segura gentilmente meu cabelo, após não ter mais nada no estômago que possa sair, limpo a boca com o dorso da mão e levanto o olhar até o homem de aparência preocupada ao meu lado, minhas bochechas queimam violentamente e não sei onde colocar a cara agora...

Ainda sendo amparada, tento dar alguns passo, minhas pernas trêmulas me impede que eu prossiga, sou pega nos braços com facilidade, Tay me posiciona no banco do passageiro e me da uma garrafinha de água fria, dou alguns goles enquanto ele me olha assustado e espera pacientemente que eu fale alguma coisa.

- Melhor?

- Sim, ta tudo bem. - Omito a verdade.

- Vou te levar no hospital, você não ta bem!

- Taylor! Eu tô bem, só me leva pra casa, por favor... - Peço tentando passar confiança em minha voz.

Taylor soca o volante e começa a dirigir, o caminho inteiro eu o observo dirigir com o maxilar travado.

- Quando você sentir alguma coisa, não pode simplesmente esperar se curar sozinha Cloe, tem que ir no médico , as vezes pode ser algo grave...

- Não é nada, relaxa.

A Caminho do Inesperado | Vol.1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora