Capítulo 52

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– Já vai sair de novo, Cloe?

Vovó me pergunta enquanto seca as mãos em seu mais novo avental e coloca um mecha de seu cabelo atrás da orelha.

– Vou ter que ir resolver umas coisas no banco...

– Vai voltar para almoçar? Saco vazio não para em pé, e você sabe muito bem disso. - Me olha fixamente.

– Não sei quanto tempo irei demorar, vó...

– Então venha cá. - Segura em meu braço e sai me arrastando até a cozinha. – Quero que prove os croissants recheados que Sarah me pediu.

Ela coloca dois em um prato de porcelana desenhado que ela comprou no México, enche até a borda um copo com suco de laranja e empurra em minha direção.

Como vou comer se nem água é capaz de passar pela minha garganta?
Confesso que o cheiro está divino, mas, o medo do que está por vir com certeza não vai permitir que eu coma.

– O que houve querida? Não vai comer?

Abro um sorriso amarelo, recolho o talher que antes repousava ao lado do prato. Corto um pedaço, direciono o olhar do conteúdo sob meu garfo  para a minha avó e seus olhos brilham intensamente me fitando ansiosa.

– Vamos, coma! - Me insentiva, engulo em seco e levo o alimento até minha boca.

Mastigo várias e várias vezes o croissant que esta maravilhoso, assim como tudo que dona Elizabeth prepara, entretanto, não consigo engolir, simplesmente não desce...
Sempre fico assim quando estou com medo e apreensiva, o que chega até a ser engraçado para alguém que come como eu, mas as circunstâncias não são as mesmas.

Faço um esforço terrível para engolir, e a comida quase que não termina seu percurso.

– Está muito bom vó, melhor que os da última vez... - Lhe dou um meio sorriso.

– Cloe, eu sou sua avó querida, eu te peguei no colo, troquei suas fraudas... - Da a volta no balcão e senta ao meu lado. – Acha que iria conseguir esconder de mim por quanto tempo?

Nesse exato momento um arrepio percorre minha espinha e com as mãos trêmulas, deixo cair o talher.
Do que ela está falando? Será que ela sabe do meu câncer? Meu Deus...
Engulo em seco e os nós dos meus dedos estão brancos graça a pressão exercida por mim sobre eles.

– Do que a senhora está falando?

– Eu sei que não esta tudo bem... A essa altura, se estivesse, não teria mais nem uma migalha nesse prato. - Toca carinhosamente meu rosto enquanto fala. – Brigou com Taylor, né?

Ao pronunciar tais palavras, um alívio gigantesco me toma. Por alguns segundos pensei que ela sabia do meu câncer...

– Sim... - Minto sem olhar em seus olhos. – Mas antes de ir pro banco, vou passar no apartamento dele para tentar resolver isso.

– Excelente. - Vovó começa a colocar diversos croissants em um pote e o tampa em seguida. – Dê para Taylor, diga que mandei e que estou com saudades.

Sorrio ao presenciar seu gesto doce, só ela mesmo...
O que seria de nós sem ela não é mesmo?

– Pode deixar. Obrigadom vó. - Dou um beijo no topo de sua cabeça e saio.

Pego o embrulho com a jaqueta e saio.
  
                         ° ° °

– Pode subir. - Autoriza o porteiro.

Aceno em concordância dou alguns passo e encontro o elevador, no entanto, está ocupado. Aguardo pacientemente até que ele retorna. Entro, aperto alguns botões e logo me vejo subindo, e a cada segundo, mais perto do meu amado Taylor.

A Caminho do Inesperado | Vol.1 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora