Capítulo 9

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Era início da noite quando os primeiros convidados chegaram ao baile de máscaras. A frente da casa estava toda iluminada, desde o jardim até a porta principal, e os arranjos de flores em tom de lilás e branco promoviam requinte ao hall de entrada. Uma fina camada de neve forrava a rua, como um lindo tapete branco propositalmente colocado aos pés de todos. Diversas máscaras no estilo veneziano estavam penduradas em um suporte da parede, compondo a decoração e também atendendo aos que queriam usá-las. Depois de recepcionados pelos anfitriões, os convidados foram aos poucos se espalhando na sala de estar e o burburinho das conversas foi tomando conta de todo o espaço.

Isabelle vestia um elegante vestido longo na cor cinza-chumbo, que lhe caía muito bem, e exibia seu corpo escultural. As mangas eram longas, com delicadas rendas trabalhadas, proporcionando uma suave sofisticação. Ela estava com os cabelos presos no alto da cabeça, permitindo que sua máscara tivesse o suporte adequado para se fixar perfeitamente em seu rosto. Christopher aproximou-se bem de mansinho perto da esposa e admirou toda a beleza e o encanto daquele delicado rosto.

– Você está deslumbrante, minha querida! Te amo – sussurrou no ouvido dela, declarando-se sem cerimônia.

Isabelle o encarou fascinada.

– Obrigada. Também te amo. – Um pouco sem jeito, ela ajustou a máscara que já estava perfeita em seu rosto.

– Tem outras pessoas aqui no recinto – disse ele, com a voz abafada. – Isso me impede de agarrá-la agora mesmo, Sra. Harner.

Isabelle riu. Ela estava muito animada e pôde constatar que o marido acompanhava essa energia.

Christopher pegou uma taça de vinho com o garçom e ofereceu outra para a esposa.

– Ainda não consegui falar com Clara e com Arthur. Você os viu?

– Estive com o Arthur, está tudo bem, ele já desceu – reconfortou-a. – Clara estava fazendo a Alice dormir antes de vir para a festa, ele me disse quando nos encontramos.

Isabelle tomou um gole do vinho e tranquilizou-se. Estava tudo correndo conforme planejara.

– Esqueci-me de comentar, o Jean ligou ontem e não conseguirá vir dessa vez. Sabemos como a rotina dele é pesada no Les Lits Paris.

– Uma pena, mas compreendo, afinal, um dia fizemos parte dessa loucura – observou ele.

– Christopher? – Uma voz rouca chamou o anfitrião.

Ele virou-se para porta ao ouvir o seu nome e Isabelle acompanhou-o no mesmo movimento de corpo.

– Oi, meu filho, boa noite. – Os olhos dela brilhavam com muita intensidade.

Christopher moveu-se rapidamente, recepcionando-a como um perfeito cavalheiro.

– Olá, mamãe. Dê-me sua mão para ajudá-la a entrar depressa, está bem frio fora de casa. – Ele apoiou uma das pernas para a frente e estendeu a mão direita para recebê-la.

Uma lufada de vento gelado a atingiu naquele momento, empurrando Anne para dentro. Ela o cumprimentou com um forte abraço e, logo em seguida, deu atenção para a nora.

– Achei fantástica a sua ideia do baile de máscaras, Isabelle. Muito original – saudou-a com ênfase.

Anne Harner tinha um gosto muito sofisticado e era uma pessoa que direcionava o olhar aos detalhes. Seu vestido azul era em tom petróleo, de um tecido mais grosso e discreto, acompanhado de uma máscara portátil, com lantejoulas no mesmo tom.

Isabelle estremeceu após o comentário da sogra. Em partes porque estava muito frio próximo da porta e também por ela realmente querer ser original e agradar a todos.

O Vestido de ÉpocaWhere stories live. Discover now