Capítulo 6

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Barsac, Derbyshire – 2016

Isabelle acordou com o barulho de uma voz fina sussurrando em seu ouvido. Ela estava em um sono profundo e tranquilo, mas a filha insistia em chamá-la e somente silenciou quando Isabelle abriu suavemente os olhos. A imagem de Julia parada ao lado da cama com um sorriso de conquista nos lábios deu energia para que ela despertasse completamente.

No momento em que Isabelle acomodou os travesseiros em pé na cabeceira e sentou-se, Julia viu o ato como missão cumprida e disparou a falar:

– Oi, mamãe, levanta logo.

– Bom dia, pequenina! Venha aqui me dar um abraço. Quero sentir o seu cheirinho doce da manhã – brincou Isabelle, tentando puxar a filha o mais próximo possível do seu rosto.

Julia deu-lhe um abraço apertado enquanto ela fazia cócegas com a ponta do nariz no pescoço da menina. Desde muito pequena Isabelle provocava a filha dizendo que ela tinha um cheirinho doce, colocava o nariz bem próximo da curva do pescoço quando Julia inclinava a cabeça para o lado e tentava sentir todo o cheiro que pudesse. A criança caía na gargalhada com os movimentos deslizantes do nariz da mãe e gritava cada vez que ouvia que tinha cheiro de bala, sucrilhos ou chocolate.

– Para, mamãe – implorou sem fôlego. – Papai preparou uma surpresa para o nosso café da manhã.

– Uma surpresa logo cedo! Eu não posso saber ainda o que é? – Estou sentindo um cheirinho doce de bolo de chocolate. Ou é o seu cheirinho de hoje?

Julia jogou a cabeça para trás e seus cabelos macios balançaram-se.

– Não, mamãe, tem panqueca. Venha.

Isabelle colocou a primeira roupa que viu no armário e pegou a mão da filha para ajudá-la a descer as escadas. Quando Julia estava sozinha, ela subia degrau por degrau como se estivesse engatinhando e, para descer, mantinha-se cautelosa, segurando o corrimão com calma. Parecia gostar muito de sua independência ao se locomover pela casa.

Era domingo e Christopher estava totalmente disponível para a família. Ele gostava de agradar a filha e decidira fazer panquecas com calda de chocolate para todos. Isabelle chegou à cozinha e o marido ergueu o olhar animado para ela.

– Vejo que Julia conseguiu tirá-la cedo da cama.

Isabelle abraçou o marido e apoiou sua cabeça no peito dele por um tempo.

– Eu estava com preguiça, mas depois que soube das panquecas acelerei os passos. Entendi que hoje o dia começará em grande estilo e com muitas calorias – zombou ela.

– Não! É tudo bem light... – disse Christopher. – Basta comer metade de uma panqueca.

– Ah, grande solução, senhor Masterchef. E quem consegue essa proeza?

– Eu acho que consigo – mentiu Christopher.

– Ha, ha, ha... Vou ficar de olho.

Julia acomodou-se em sua cadeira e aproximou o prato para mais próximo dela. Estava dando sinais para que os pais parassem o blá-blá-blá e colocassem a panqueca na mesa. Para a sorte de Julia, Benito e Francesca chegaram à cozinha e agora ela sabia que o café seria realmente servido.

– Ufa! – pronunciou aliviada.

– Bom dia a todos – disse Francesca ao entrar. Sua voz sempre se sobressaía a do marido, que parecia apenas sussurrar educadamente.

Todos se cumprimentaram e Christopher pediu para que eles se acomodassem na mesa.

– Especialidade da casa – anunciou, colocando as panquecas no centro e despejando a calda de chocolate por cima da torre.

O Vestido de ÉpocaWhere stories live. Discover now