A música

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Assim que chegaram na casa de Diana, a morena pediu licença e correu para o banheiro em seu quarto, deixando Carol devidamente instalada e perdida na sala. A loira se ajeitou no sofá e desviou seu olhar analisando toda a sala, procurando qualquer indício em sua mente que já estivera ao menos algumas vez ali. Ela não saberia explicar a última coisa que vinha em sua cabeça, o que se lembrava era de vários flashes e todos fora de ordem. Foi então que algo tirou Carol de seu devaneio, uma voz que cantarolava em um tom que provavelmente era pra ser baixo mas a loira ouvia muito bem.

Carol se ajeitou mais perto da ponta do sofá, lado que ficava mais perto da porta do quarto de Diana, e de forma que pudesse ouvir melhor, deixou seu corpo mais inclinado na direção da voz. A voz da morena saía um tanto triste e aquela música, aquela música Carol conhecia, não lembrava de onde porém a letra escapava quase que sem querer de seus próprios lábios.

Em poucos minutos, Diana saiu do quarto e seguiu em direção à cozinha, tentando ao máximo evitar trocar muito contato visual com a loira que ainda estava sentada em seu sofá. Poderia ser um gesto considerado frio, mas naquela ocasião a morena estava evitando se prender a qualquer detalhe que deixasse ela triste ou vulnerável na frente de Carol.

A loira acompanhou a amazona com o olhar antes de também se levantar e seguir Diana até a cozinha, gesto que surpreendeu a outra.

- Eu poderia trocar de roupa? Eu não me lembro bem que tipo de traje é esse, mas não me parece muito bom para ficar em casa... Ele lembra aqueles uniformes dos Power Rangers? É esse o nome?

Diana não conteve uma breve risada ao ouvir a loira e deixou seu olhar percorrer todo o corpo da mesma, certamente ela estava certa e não deveria ser tão confortável ficar com aquele tipo de roupa em casa.

- Sim, é esse o nome mesmo. Bom saber que se lembra de alguma coisa, por mais que não seja tão atual... E claro que você pode trocar de roupas e tomar um banho, se quiser. Do lado direito do guarda-roupa tem roupas suas.

- Não é atual? Algo na minha mente vê isso como uma tendência.

- E foi, décadas atrás. Tentaram lançar um filme recentemente mas sendo sincera? Não me pareceu tão bom.

- Por qual razão eu não consigo me lembrar de quase nada? Isso... Isso me deixa fora de mim!

Diana deu um passo em direção a garota e, com cautela, pousou sua mão destra no rosto de Carol, fazendo o olhar dessa se cruzar com o dela.

- Eu juro que não sei e não entendo, mas eu prometo que eu vou resolver isso. E ainda não foi só você que passou por algo assim, meu amigo tentou me atacar. - Diana soltou já afastando novamente seu corpo de Carol, que permanecia paralisada observando a morena. - Ele fugiu e não sabemos sequer onde encontrar.

- Alguns flashs passam em minha cabeça, mas não sei como organizar tudo ainda. Eu lembro de estar presa, de um careca, de aliens.

Diana arqueou a sobrancelha curiosa e esperançosa que Carol lembrasse de algo a mais e que esse "algo a mais" fosse relacionado à ela. Porém a loira se calou, fazendo a amazona abandonar o fio de esperança ao menos naquele momento.

- Eu acho melhor eu ir tomar um banho.

- Também acho, você deve estar cansada.

- Sim, acho que estou assim.

Carol então saiu em direção ao quarto ao qual minutos antes Diana estava. A morena então começou preparar algo para comer quando ouviu a voz de Carol em um tom alto. Ela cantava "Eleanor Rigby", a mesma música que a amazona tinha cantado minutos antes, deixando a morena ali paralisada. Diana nunca tinha ouvido a voz da loira cantando, ainda mais daquele jeito e naquele tom.

O cheiro de queimado tomou de conta de toda a cozinha, só então a morena percebeu que tinha esquecido o fogão ligado para ouvir a loira. Em um gesto rápido, Diana desligou tudo e logo Carol também tornou a cozinha, preocupada devido o cheiro de queimado que tomava a casa.

- Está tudo bem? - Questionou confusa olhando a fumaça que ainda tomava o local.

- Não, não está nada bem. - Diana respondeu indo urgentemente em direção à loira, que ainda a encarava confusa. - Você não é minha amiga e por favor, não crie outro circuito agora na casa!

Antes que a loira pudesse responder ou sequer entender do que Diana falava, essa colou seus lábios nos dela e iniciou um beijo urgente. Carol de início ficou estática mas logo levou sua mão destra até a nuca da outra e foi seguindo o ritmo de Diana com seus lábios, fazendo ela sorrir entre o beijo. A loira desceu sua mão livre até a cintura de Diana e afundou o corpo da morena no seu próprio, deixando uma sensação de segurança.

Durou alguns minutos demorados para o beijo então cessar com vários selinhos, depositados por Diana.

- Eu sei que não sou sua amiga. - Soltou Carol por fim, quebrando o silêncio que ficou.

- Então você lembra?

- Não necessariamente. Você ia me chamando de namorada mais cedo, se eu notei bem. Seu amigo riu quando pensei estar atrapalhando vocês e me olhou estranho. E tem leves flashs na minha cabeça relacionados à você, mas eu não sei até que parte é real. Tem muita coisa aqui dentro que não está fazendo sentido e...

- Carol, eu te amo! — Soltou Diana calando de vez a loira. - Você pode não lembrar de mim, mas eu te amo. Eu nem quero que você me diga nada, eu só quero que saiba disso.

Super PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora