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aviso:
NÃO ACEITO ADAPTAÇÃO, CRIEM A PRÓPRIA HISTÓRIA DE VOCÊS, OU SE CONTENTEM EM APENAS LER.

- Absurdo! - Murmuro espalmando o vidro da janela da minha sala. Deixando minhas digitais ali.
- Como eu poderia querê-la? Aquela garota tola e gorda, que nem sequer sabe a diferença de um azul celeste e capri?
Não, não e não, esse desejo por...eu sufoquei há anos.

- Licença, Miranda, seu café! - Ela adentra a sala e eu a olho dos pés a cabeça. Maldita seja ela quem advinha minha necessidade por cafeína, mesmo sem eu avisar.

Ela já não usava aquelas roupas horrorosas, seus cabelos já não eram mais opacos e sem vida, ela já não era mais aquela garota tola que pensava que não dar a mínima para as vestimentas era sinônimo de inteligência. Não, não era, e isso era ruim para o que queria renascer dentro de mim.
E eu definitivamente acredito que criei um monstro, metaforicamente falando é claro, pois Andreah, Andy como ela gosta de ser chamada e eu jamais a chamarei, é linda dos pés a cabeça, por fora e por dentro. Algo que eu me perguntava como ainda poderia existir, uma pessoa tão gentil e que ainda acreditasse na humanidade como ela.

- Deseja mais alguma coisa, Miranda?

- Ligue para...

- Donatella, já liguei, também já pedi as amostras das saias da próxima coleção, separei sua roupa para o jantar as 19h qual ja confirmei. - Ela deu aquele sorriso presunçoso, qual faz seus olhos sempre brilhantes sorrirem também.

- Isso é tudo! - Me aproximei da mesa arrumando meu cinto vermelho, uma tentativa de disfarçar meu desconforto por pensar o que estava pensando, para poder pegar o café que ela havia acabado de depositar ali.

- Com licença. - Ela se virou.

- Ah, Andreah. - Ela parou na porta e se virou para mim, com aquele sorriso prestativo no rosto. - Leve o livro. Isso é tudo!

Ela me olhou com aquelas órbitas achocolatadas e balançou a cabeça em concordância, tentando conter um sorriso mais aberto, e assim que ela saiu da minha sala, também sorri. Ela gostava de mostrar serviço, de ser util e provar que era sempre capaz e eficiente, como se sentisse necessidade de mostrar para mim que era gorda, tola, porém, sim sagaz e muito eficiente. E confesso que essa sagacidade de Andrea que começou a fazer com que eu olhasse para ela. Inferno!

Eu, Miranda Priestly, chefe da revista de moda mais conceituada de New York, a dama de gelo, a conhecida como tirana, inquisitora e que gosta de explorar seus funcionários, me pego desejando um funcionário. Só não é mais clichê pois é uma funcionária... uma jovem, que ridículo Miranda, uma velha desejando uma menina que mal tem 1/2 da sua idade.

Balancei minha cabeça em negação tentando repreender aquilo que vinha crescendo dentro de mim. Se quando mais jovem, eu consegui controlar sem fazer estragos no início da minha carreira, não será depois de velha que eu irei sucumbir a esse disparate, não mesmo. Jamais!

Sentimentos é algo que eu sempre consegui controlar, afinal, não cheguei onde estou seguindo as emoções, e sim sempre a razão. Razão essa que me manda varrer essa vontade de ter Andrea na minha boca para debaixo do tapete da consciência. E eu varrerei.

Sou uma mulher casada, dona de uma foturna, mãe de duas lindas garotinhas de cabeleira ruiva, tenho tudo que todos desejam, e sou hetero, sempre fui. É nisso que tento me pegar. Não por ser alguém preconceituosa, mas, se é difícil o mundo dos negócios para mulher, imagina para uma mulher bissexual, ou seja lá o que eu seria caso tivesse ouvidos aos meus desejos mais profanos quando jovem?

Balanço a cabeça em negação só de imaginar a desgraça que poderia ser, sim, desgraça, tenho amigos gays e sei de perto todo o preconceito e portas fechadas apenas por eles serem gays, e é pensando nisso que eu me reconforto, seria pior... e hoje seria ainda mais pior.

Consigo até imagina as manchetes nos tablóides de fofoca, na pagina seis: "Crise da meia idade", "Dragão ataca novamente, mas dessa vez, é uma ninfeta", " Miranda Priestly cansou de homens e tenta romance com mulher, será que dessa vez da certo?" "Miranda resolveu sugar a energia jovial para se sentir menos velha".

Com certeza eles fariam um flash black de toda minha vida amorosa, me ridicularizariam por sempre findar em fracasso justamente porque gostava de mulher e investigariam se eu já tive outra amantes.

- Miranda, trouxe as fotos do desfile, mas acredito que não saiu como imaginávamos. - Nigel adrentou minha sala, tirando-me dos devaneios.

Coloquei meu óculos e foquei no que ele me mostrava, e realmente estava horrendo.

- Andreah, chame Ruggero imediatamente. - pedi da minha sala.

Tentei não olhar para ela indo em direção ao elevador, entretanto, foi difícil e acabei distraindo do que o Nigel falava para focar completamente nela. Ela entrou no elevador, ficou de frente para mim, e nossos olhos se encontraram, se encararam até a porta se fechar.

Aquele pequeno ato fez minhas entranhas gritarem, o que está acontecendo comigo?
Me levantei e segui em direção a janela, provavelmente Nigel estivesse pensando que aquela minha atitude era pelo descontentamento com o ensaio fotográfico.

 

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