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Aquele maldito jantar acabou me prendendo mais do que eu pensei, o estressante não foi o tempo perdido, e sim ter que aturar Ivy ressaltando o quanto meus gastos com a revista é altíssimo, e o quão egocêntrico ele é. E a cada vez que ele falava uma coisa dessa, chego a conclusão de que o cérebro dele, é do tamanho dele, pequeno, se é que vocês me entendem... Talvez ele ainda não tem noção do tamanho e da importante da revista, e naturalmente, os gastos vão de acordo com o que a Runway exige. Fora que o lucro é exorbitantes. Idiota!

Reviro os olhos e por fim entro em casa, e para minha surpresa encontro Andrea lá dentro, havia esquecido completamente que havia ordenado que ela levasse o livro. Ficamos paradas uma de frente para a outra sem dizer nada.

- Boa noite, Andreah! - Proferi sem saber como reagir, calculando meus passos para não cometer uma loucura.

- B-boa noite, Miranda. - Ela parecia surpresa. Óbvio, desde quando eu dava boa noite? Revirei os olhos. Mas confesso que até eu fiquei surpresa, eu desejando uma boa noite, wow, já comecei errado. O que está acontecendo com você, Miranda?

Essa pergunta tem sido feita frequentemente, apesar que eu já saiba a resposta, a questão é, por que ela? Entre tantas modelos, atrizes que passaram pela Runway, por que ela?

- Me acompanhe, Andreah. - Proferi por fim saindo do meio da porta e passando por ela sem a encarar.

Segui para o meu escritório, tirei meu casaco e ela o pegou, saindo do escritório por algum momento para guardá-lo, enquanto isso me servi de uma dose de whisky,  a quinta  contando com as que tomei no jantar. Virei o copo todo na boca, eu podia sentir exatamente onde a bebida estava em meu organismo... whisky tem disso, e por é a minha bebida favorita. Talvez por eu ter o controle de seu caminho dentro de mim. Controle...

- Sim, Miranda? - Ela parou no meio da minha sala particular, as pernas juntas, as mãos tocando uma na outra, evidenciando provavelmente um desconforto, um medo da minha presença que eu adorava causar em todos.

- Tome! - Estendi o outro copo para ela, com a bebida cor de carvalho.

- E-eu acho melhor não, não sou acostumada com bebidas tão forte assim, Miranda. - Ela falava entre um riso nervoso, e a voz falha.

Não disse nenhuma palavra, apenas a encarei com o meu habitual olhar frio, Andreah pegou a bebida da minha mão e sem graça levou o copo mostrando-o enquanto sorria amarelo.

- Há quanto tempo aqui em New York, Andreah? - Me sentei no sofá suspirando enfadada, e fiz gesto para ela vir.

- E-e quase um ano. - Ela provavelmente não estava sabendo como agir diante de mim.

Provavelmente pensando desde quando Miranda Priestly tinha interesse pela vida de seus funcionários. Bem... eu não tinha, jamais tive, a única coisa que me importava era em eles fazerem seus trabalhos e fim.

- Tem sido difícil Andreah? - Me levantei para servi a terceira dose, enquanto ela, mal bebiricava a sua primeira dose.

- Nem me fale...-  ela pareceu mais relaxada ao dizer isso. - Mas já tive pior.

Virei minha cabeça para olhá-la, enquanto servia mais que uma dose no meu copo. Ela pareceu se encolher no sofá. Seu rosto e pescoço estavam vermelhos, entregando o quanto estava nervosa perto de mim.

- Mas, conheci meu namorado, fiz amigos e isso me ajudou a dar forças para não desistir dos meus sonhos.

Senti um incomodo ao ouvir a palavra namorado, não que eu não soubesse que Andreah namorava um cozinheiro de meia tigela, mas é que... Bem, vocês sabem.

- Você o ama? - A pergunta saiu antes que eu pudesse filtrá-la para fazer de outra forma.

- E-eu, as coisas mudaram muito depois que comecei a trabalhar na Runway.

- Não foi isso que perguntei. - Voltei a me sentar no sofá.

Andreah virou o copo todo, me olhou ainda sem entender o porque daquilo, nem eu sabia o que era aquilo tudo.

- Deseja mais alguma coisa, Miranda? - Ela questionou enquanto se levantava.

Andreah não fazia ideia do efeito que aquela pergunta causava em mim, não mesmo...

- Te fazer uma proposta, Andreah.

Ela estava com um ponto de interrogação na testa, isso era visível, sua boca estava entreaberta, seu olhar de dúvidas, seu dedos indicador deslizando sobre a boca do copo.

Me levantei e fui até o barzinho novamente, coloquei mais uma dose e perguntei se ela queria outra, ela balançou a cabeça em negação.

- 100 mil dólares, Andreah. - A encarei enquanto virava o copo.

- O-o quê? - Ela não entendeu.

- 100 mil dólares para você ser minha por uma noite.

A feição que antes era de confusão, tomou lugar para de surpresa, seu olhos estavam arregalados, ela abriu a boca e fechou várias vezes, e meu coração parecia que ia saltar pela boca.

- 150? - Insisti.

- Você pensa que eu sou o quê, Miranda? Só porque você é rica pensa que pode ter quem quer, comprar quem quer? Eu não sou esse tipo de pessoa, não mesmo. - Seus olhos estavam vermelhos, provavelmente estava com repulsa de mim. - Não sou prostituta como você pensa, e nem estou a venda, com licença. - Ela deixou o copo em cima da mesa e saiu rapidamente.

Assim que eu ouvi a porta da frente ser fechada, consegui soltar minha respiração e jogar meu copo na parede.

- Inferno! - bati com a mão na mesa.

Passei as mãos no rosto, eu havia acabado de cometer um grande erro, se Andreah abrisse a boca para falar a alguém, a minha reputação iria para o ralo, seria o fim de Miranda, e tudo que mais desejei esconder estaria sendo jogado no ventilador.

O que você fez, Miranda?

 

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