A Proposta

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Pov Miranda

As luzes estavam todas apagadas, um silêncio colossal fazia parte do cenário qual era chegar em casa naquele momento. E se perguntarem algo sobre o trajeto até ali, eu não saberia o que responder ao certo. Pois, era pensando em Andrea, em nossas horas na cama, em como eu me senti e estou sentindo depois disso.
Algo que eu jamais senti antes, uma leveza e uma felicidade sem explicação. Provavelmente por finalmente ter conseguido matar uma curiosidade de tantos anos atrás.
Fecho os olhos e ainda consigo sentir o gosto dos seus beijos, o quão macio eles são, seu sabor, a delicadeza do ato, mesmo que muitas vezes tenha sido voraz.
Ainda de olhos fechados, recordo-me  entre suas pernas e sorrio balançando a cabeça em negação. - Aquilo foi estranhamente bom. - Vou até o barzinho e me sirvo com a bebida mais forte, meu fiel e confidencial amigo whisky.

- Então é isso o gosto de outra mulher? - Murmuro enquanto levo a bebida até boca.

Sigo a passos lentos, talvez. Não sei nem explicar como estou andando, pois a sensação de leveza me é absurda, sento-me na poltrona marrom e suspiro mais uma vez, levo minha bebida a boca e mais uma vez o riso desnecessário se faz presente, também não sei explicar o porquê ele está no meu rosto. Apenas uma sensação de lerdice me toma. Patético!
Eu Miranda Priestly, aos cinquenta anos não sabendo explicar como estou me sentindo, isso é tão ridículo. - O que está acontecendo comigo? - A pergunta que se tornou frequente me vem novamente saindo como um sussurro da minha boca.
Viro o copo todo de uma só vez, subo lentamente as escadas e vou para o quarto de hóspedes, não, hoje não quero acordar Stephen, mesmo que sem querer, hoje não quero que ele me faça perguntas, ou me tire desse transe qual não sei explicar. Hoje eu quero dormir assim, sem tomar banho, sem trocar de roupa, sem tirar as sensações e gostos de mim. Só por hoje.

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Pov Andrea

Fiz o trajeto de casa todo com lágrimas no rosto, me sentindo suja e usada, e o pior, eu ter gostado de ter transado com ela, eu ter me sentido nas nuvens. Eu sempre fui uma pessoa muito sexual, não que eu já tivera muitos namorados, Nate é o segundo. Mas sexo para mim sempre fora algo importante, e engraçado que  com eles, eu sempre senti que não tivesse tido aquele explosão, sempre falta mais, apenas sentia pequenas e curtas explosões e com Miranda foi como se eu tivesse me sentido completa, como se eu tivesse atingido realmente a grande explosão de prazer. - Justo com ela?

Ela apenas me usou e não vai me querer mais, provavelmente daqui um mês vai está fazendo a mesma proposta para outra mulher, e eu vou ficar aqui nessa melancolia por ter tido em meus braços, em meus dedos, e em minha boca a mulher mais poderosa da mundo da moda, uma das mulheres mais ricas de New York,  uma mulher taxada de fria e calculista, que muitas revistas de fofocam dizem que seus maridos a deixou por ela ser frígida, por não saber ser mulher.
Céus! Miranda era tudo, menos frígida. Como eles estavam errados sobre ela, como estava. Ainda sinto resquícios dela em mim, ainda sinto suas mãos apertando meu corpo, ainda sinto... pena que não vai se repetir.

Talvez eu deva sair da Runway, vai ser impossível para mim, continuar ali vendo-a, ouvindo-a, recebendo ordens e sendo desprezada, ela agindo como se isso que aconteceu entre nós nunca tivesse acontecido. Eu não irei saber lidar com o desprezo dela, não saberei.

Meu coração aperta, eu sabia que algo além de admiração eu sentia por ela, ela me fez duvidar da minha sexualidade, ela me fez pensar coisas que jamais pensei que fosse capaz entre duas mulheres e agora, mais uma vez, ela me fez ter a certeza de que eu sempre fui apaixonada por ela.
- Eu, Andrea Sachs, apaixonada por Miranda Priestly. - Sorri de nervoso, existe algo mais trágico?