Talvez eu esteja tendo uma crise de ansiedade nesse momento, não me preparei para a chegada de Miranda, não me preparei para depois de Miranda, não me preparei para depois de ontem.
E lá vem ela tirando os óculos do rosto no ritmo que o elevador se abre, aquela revirada clássica de olhos.
E ela me olha, eu desvio o olhar sentindo meu rosto esquentar, vergonha por ela achar que eu me vendo por dinheiro é o que predomina meus pensamentos.- B-bom dia Miranda. - Desejo com a voz falhada assim que ela colocou o casaco e a bolsa na minha mesa.
Claro que ela não diria bom dia, ela nunca diz, adentrou sua sala em toda sua majestade e eu com certeza fiquei como uma tonta olhando-a.
- Emily? - Ela chama em seu habitual tom, frio e seco.
- Andrea? - Ela me chama depois que Emily sai as pressas.
- Sim, Miranda? - Tento não olhá-la para não constrangê-la.
E nada ela diz, parece que eu estava há horas ali, mesmo sabendo que talvez ainda fosse questão de segundos. Então eu levanto o olhar, e ela está com a caneta na boca, mordendo a tampa e me olhando de uma forma que eu não consigo decifrar. Mesmo que eu conheça praticamente todos os olhares de Miranda, esse talvez eu não tenha visto ela dar para ninguém. Provavelmente está me julgando por eu ter ido para cama com ela por dinheiro.
E como estava muito nervosa, involuntariamente mordi meu lábio inferior, desviei o olhar novamente ao lembrar de nós na cama. Céus! Isso é o inferno.
- Leve meu carro para calibrar, traga as amostras das saias e marque o desfile com James Holt. - Ela por fim fala algo, me deixando menos tensa.
- Sim, Miranda. Tem mais alguma coisa que eu possa fazer por você? - A olho e eu não entendi bem sua reação, já que eu sempre faço essa pergunta, mas ela me olhou em surpresa com os olhos arregalados.
- Isso é tudo! - ela voltou a olhar para o laptop e eu sai.
Quando voltei para Runway, ela não estava, havia ido para outro compromisso. Meu telefone pessoal tocou, eu reconheci o número, sim, eu tenho decorado o número da casa de Miranda, e sabia exatamente quem eram. Rejeitei a ligação, afinal, tinha sido proibida de falar com elas.
Mas o celular tocou novamente, e eu não iria aguentar ignorar aquelas duas pestinhas ruivas, não mesmo.
- Alô! - Suspirei, estava tudo errado, eu sempre fazia tudo errado mesmo.
- Andy - Pareciam surpresas.- Pensávamos que não iria atender.
- Não deveria, sua mãe me proibiu de ter vínculo pessoal com vocês meninas, não é que eu queira, mas eu não posso, só queria que vocês entendessem.
- A gente sabe, mamãe falou para gente, mas a gente sente a sua falta.
O que eu falaria depois de ouvir aquilo? Senti meu coração apertar, eu gostava demais daquelas meninas que quase me enlouqueceram na primeira vez que eu fui levar o livro.
- O livro? - Proferi alto o suficiente para que elas ouvissem.
- Que livro? - Elas questionaram em uníssono.
- Nada não meninas, eu preciso desligar, preciso trabalhar. Amo vocês, beijos. - Desliguei imediatamente sentindo como se estivesse prestes de ter uma síncope.
O livro, será que ela tiraria de mim essa obrigação e repassaria para Emily novamente?
Apoiei minha mão no rosto e respirei fundo. Não daria conta de ficar ali, de trabalhar ali depois daquilo.- Café! - Eu me assusto, é claro, e ela percebe, eu nem a vi chegando.
- S-sim, Miranda. - Me levanto e vou em busca do seu café.
Minutos depois eu volto com o seu café, deixo em cima de sua mesa, mas não saio, permaneço ali, eu sei que deveria sair o mais rápido possível, mas eu precisava perguntar.
- Tem algo para falar? - Ela questiona sem ao menos me olhar. Era como se ela lesse meus pensamentos.
- O livro... - Engoli em seco. - Eu, é, eu...
- Ótimo! Tenho todo tempo do mundo para esperar você formular uma pergunta, Andreah. - Ela encostou as costas na cadeira e cruzou os braços.
- Hoje é dia de entregar o livro, gostaria de saber se essa função ainda é minha. - Falei rápido, sentindo meu coração batendo na minha garganta.
- Por que não seria? - Ela voltou a sua postura ereta e olhou para o computador.
Como ela conseguia agir como se ontem não tivéssemos transado por horas? Como ela conseguia agir como se não tivesse me chupado e me feito gritar e gozar como eu jamais gozei com ninguém, ou ela se desmanchando na minha boca? Como ela conseguia?
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A Proposta
FanfictionMiranda Priestly se ver completamente apaixonada por Andrea Sachs sua assistente júnior e não ver outra maneira de tê-la em sua cama além de uma proposta que deixará Andrea muito surpresa e ofendida.