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No dia seguinte graças a senhor bom deus se existisse, minha menina amanheceu bem, na verdade, como se não tivesse passado mal no dia anterior. Talvez tenha sido apenas algo que ela comeu e fez mal, como Andrea mesmo disse tentando me tranquilizar.

Elas não foram para o pai mediante a situação, já que sempre vão na sexta-feira, e com isso, é claro que eu ia dever um final de semana a ele. Stephen chegou e assim que viu as meninas não escondeu a surpresa, a sensação que me dava era que ele enxergava minhas filhas como vizitas, e não como parte da família, ou uma parte de mim.

- Precisamos conversar! - Falei séria. Beijei o topo da cabeça das meninas e segui em direção ao escritório.

Não foi preciso chamar ele, ele sabia muito bem que era para me seguir, na verdade eu nem sabia o que conversar, eu já não tinha vontade de tentar convensar algo, mas sabia que era preciso.

- Três dias Stephen, reuniões inacabadas, viagens inexistentes. - Sentei e suspirei. - Precisamos fazer de uma forma que a mídia não caia tanto em cima.

- Precisamos! - Ele se limitou a dizer.

E simplesmente saiu me deixando ali com mais um peso de um casamento fracassado. Não que eu fosse apaixonada, louca por ele, mas... mas uma vez minhas meninas passariam por isso por eu não ser capaz de saber ser uma boa esposa, uma boa amante...

Fecho os olhos e mesmo que inconscientemente Andrea me veio a mente. Talvez eu não seja tão ruim assim, ela... meu corpo sentiu falta apenas em lembrar.
Eu queria novamente, queria mais um beijo, como foi bom, queria sentir seu gosto em minha boca... Talvez é disso que eu sempre senti falta na minha vida, mesmo tendo tudo, mesmo já casando várias vezes, eu sempre sentia algo faltando, eu sempre deseja algo mesmo de forma inconsciente, talvez eu sempre tenha sido...

Me levantei não conseguindo completar meu pensamento, eu sabia muito bem do que se tratava, e da forma mais covarde eu estava tentando não admitir, não falar para mim mesma.

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Depois de passar todo o final de semana pensando em Andrea, aqui estou eu ridiculamente me arrumando pensando se ela vai notar, eu que sempre me arrumava para estar linda para mim, estou me arrumando para outra pessoa, sorrio do quão ridícula me sinto.
Eu estava com saudades, aquele programa idiota com ela e com minhas filhas me fizeram sentir saudades.

O que está acontecendo com você Miranda?

Assim que o elevador se abre, tiro meus óculos e lá estava ela, com aquele sorriso que quebra qualquer barreira, ela emanava uma alegria sem ao menos falar nada, ou fazer quaisquer outro gesto.

- Bom dia Miranda. - Ela e Emily proferiram em uníssono. Eu só desejava ouvir a voz dela.

Deixei meu casaco e bolsa em cima de sua mesa e chamei Emily para cumprir algumas ordens de assistente principal, mesmo achando que Andrea era mais preparada para isso, aliás, Andrea era preparada para tudo, inclusive na questão de me invadir.

Assim que Emily saiu, chamei-a, foi inevitável não medir dos pés a cabeça o seu corpo e desejar que ele estivesse despido todo para mim, céus! Eu queria chupá-la, queria sentir meus dedos sendo apertados pela sua intimidade quente, úmida e pulsante, como eu queria...

O dia transcorreu normalmente para a alegria de todos, pois, a minha tranquilidade, é a tranquilidade de todos.
Ao fim do expediente, eu não aguentei e precisei fazer a proposta que pairou todo o dia na minha mente. Liberei Emily, e assim que ficamos apenas nós duas ali, a chamei.

- Sim, Miranda? - Ela me olhava com atenção enquanto segurava o bloco de anotações e uma caneta.

Me levantei, estava nervosa, algo que era raro eu ficar, mas depois de Andrea, tenho sentido com frequência.

- Andrea! - Tentei falar o mais natural, pelo menos isso, eu ainda conseguia, a olhei e ela me olhou em expectativa - Quero você novamente, podemos entrar em um acordo, dou uma quantidade mensalmente. Você me diga o seu valor? - Tentava transparecer normalidade, mas por dentro, estava um turbilhão.

Eu não sei explicar como era a forma que ela me olhava, mas por um momento me senti arrependida de fazer aquela proposta, talvez eu deveria ponderar nas palavras, falar de outra forma.
Andrea se aproximou de mim e eu senti meu rosto esquentar, ela havia dado um tapa na minha cara?
Eu estava perplexa, perplexa pela coragem dela e pelo fator de que mesmo que tenha doído, eu não senti vontade alguma de revidar, ou destruir a vida dela.

- Você é uma idiota, Miranda. - Ela acertou outro tapa. - Se quisesse me levar para cama, só bastava me convidar para jantar, e não me tratar como qualquer uma. Se eu aceitei a primeira vez foi por causa do meu pei que estava entre a vida e a morte, e não que eu me vendo, eu aceitei porque era você, era com você, sua idiota. Eu odeio você Miranda. - Ela falava com entonação grave, e lágrimas caindo dos olhos.

- Para onde você vai? - Questionei ao vê-la dando as costas.

- Para bem longe de você. - Ela gritou ainda de dentro da minha sala.

- Se você sair por essa porta você estará na lista negra, Andrea.

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