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Pov Miranda

Meu dia havia sido exaustivo, queria apenas chegar em casa, tirar meus sapatos e relaxar, como todas as outras noites, o meu desejo de paz... Não era nem às 21h e meu corpo já apresentava um cansaço gritante.
Fecho a porta atrás de mim, e sigo em direção as escadas, e lá no topo vinha duas cabeleiras ruivas gritando eufóricos descendo de forma desgovernada.
Elas tinham passado quatro dias com o pai, era aceitável sua euforia, mas não aquele descontrole.

- Bobbsey, não desçam as escadas dessa maneira, vão aca... – E ali minha fala e meu coração parou, uma das minhas meninas caiu das escadas e só parou no meu pé.
- Cassidy – gritei pegando minha menina no colo.
Ela gritou levando a mão no braço, passei a mão pelos seu rosto e cabelos me sentindo mais aliviada por ela está consciente, apesar do choro e reclamação pelo braço, corri meus olhos para examiná-la, provavelmente a cara que fiz, fez o ânimo dela se acalmar e ela esboçou apenas um “acho que quebrou”. Correto! E eu não tinha nem duvidas sobre isso.

- Caroline, chame Stephen! – Pedi ficando em pé.

- Ele ainda não chegou mamãe.

- Tudo bem, vamos ao hospital dar um jeito nisso, vai ficar tudo bem – beijei o topo da cabeça da minha menina.
Poucos minutos depois lá estava nós a espera de Cassidy, estava passando por tomografia, depois raio-x e por fim engessariam. Lá se ia mais uma noite sem dormir.
Não era novidade que desde que fiz a proposta havia perdido completamente o sono tentando entender esse desatino que fiz. E o pior, a forma como ela agiu. Mas nesses últimos dois dias depois que ela questionou se a proposta ainda estava valendo, perdi o sono de vez.

- Miranda! O que voc...
Me assustei ao ver Andrea se aproximando.

- Andy! – Caroline murmurou enquanto corria para os braços dela.
Nesse meio tempo me perdi, desde quando minha menina é tão carinhosa assim?

- Oi Caroline! – Ela respondeu com tanta naturalidade retribuindo ao abraço.
Foi impossível não evitar o meu cenho franzido e a cara de surpresa.

- Como sabe que sou eu? – Caroline questiona semicerrando os olhos.

- Oh! Você e sua irmã são tão diferentes.

E minha filha sorrir com orgulho por ter ouvido aquilo, como ela ousa dizer que minhas meninas são tão diferentes, se a única que nunca confundiu as duas até hoje sou eu? Até o pai as chamam de gêmeas apenas para não correr o risco de trocar os nome.

- Cassidy quebrou o braço. – Caroline proferiu.

E Andrea parecia tão preocupada?

- Boa noite, Miranda. – Por fim ela volta a olhar para mim.
Andrea estava com um casaco na cor creme, um jeans, tênis e o cabelo em um rabo de cavalo, sem maquiagem, apenas um batom claro. Ela esfregou as mãos no bolso. Estava nervosa?

- O que está fazendo aqui, Andreah? – Meu habitual tom frio e calmo saiu automaticamente.

- Como é sexta-feira, vim ficar com meu pai enquanto minha mãe descansa. – Ela falou como se fosse o óbvio.

- Ah sim. – Fiz um gesto com a cabeça.

- Andy, você pode ficar com a gente um pouco? – Caroline se aproximou novamente dela e a abraçou.

- Acredito que sua mãe já está cansada de ter me visto na Runway o dia todo, então acho melhor deixar vocês. – Ela apertou a ponto do nariz da minha menina. – Andrea estava agindo como se Caroline tivesse 2 anos? Revirei os olhos.

- Pede para ela ficar mamãe. – Caroline pediu.

- Andreah está acompanhando o pai, meu amor, ficaremos apenas nós, certo?

- Na verdade ele está dormindo, se você não se incomodar, eu posso ficar um pouco.

Não disse nada, como ela sabia ler todos as minhas expressões, Andreah permaneceu conosco, foi uma grande e intrigante surpresa ver Caroline contando para a Andrea o que fez quando estava com pai, perguntando coisas para Andrea e ela conversando como se fossem grandes amigas. Não escondi minha cara de desaprovação.

- Eu posso explicar, Miranda. – Ela murmurou quando Caroline nos deixou a sós para pegar água. – Desde o Harry Potter, eu e as meninas começamos a trocar e-mails, e quando eu levava o livro e você não estava, trocávamos alguns diálogos. Me desculpe. – Ela parecia apreensiva.
É claro que isso teria consequências, não só para ela como para minhas meninas, desde quando um empregado meu se acha no direito de ter intimidade com minhas crianças? E desde quando minha meninas aceitam isso? Elas nunca foram amigáveis com nenhuma outra assistente.
Caroline se aproximou e a porta onde Cassidy estava abrindo me tiraram dos meus pensamentos.

- Andy – Cassidy proferiu euforica.

- Oie! – Andrea se aproximou da minha menina tocando a testa para afastar os cabelos e deu um beijo. Beijo que Cassidy aceitou carinhosamente.

- Estou horrível com esse braço. – Minha menina mostrou o gesso. – Vou ser muito zoada na escola.

Então Andrea pegou a caneta que estava no bolso do médico que saiu juntamente com Cassidy enquanto dizia que não ia ser zoada coisa nenhuma, começou a rabiscar algo, enquanto dizia que todos os amigos dela poderia escrever, ou desejar e personalizar aquilo. Cassidy ouvia entusiasmada o que Andrea falava, e quando Andrea terminou o seu “trabalho” sorriu orgulhosa.

- Eu quero escrever também! – Caroline se aproximou pedindo a caneta para Andrea. – O que eu faço? – Ela perguntou olhando para Andrea.

- Faça algo que faça lembrar de você quando olhe, um desenho, ou seu próprio nome.

- Que original escrever o nome. – Caroline proferiu, e eu fiquei surpresa com o timbre que ela usou.

- Ei! – Andrea deu um leve tapa no ombro a minha menina. – Mini Miranda Priestly. – Teve a audácia de proferir. – Desculpa Miranda. – Andrea pediu assustada.

Provavelmente se dando conta do que tinha acabado de falar. Enquanto as meninas gargalharam.
Não é que tinha sido rápido, mas com Andrea ali no nosso lado, pareceu que tudo foi questão de minutos e não horas. E então ela se despediu das minhas meninas com um caloroso abraço e afago, alertando Cassidy para ter cuidado e não tentar dominar o mundo?
Beijou Caroline e pediu para cuidar da irmã, se virou para mim e de forma apreensiva me deu um até breve. Eu apenas meneei a cabeça e chamei minhas meninas.

                   ______________

- Desde quando vocês tratam um empregado meu daquela forma? – interroguei minhas meninas enquanto colocava elas na cama.

- Não brigue com Andy mamãe, ela é nossa amiga. – Cassidy confessou.

- Amiga? – fiz meu habitual bico em reprovação. – Desde quando?

- Desde o Harry Potter, a gente ligou para pedir desculpas, ela só subiu às escadas naquele dia por nossa culpa, a gente que chamou. – Caroline confessou. Me deixando bem surpresa.

- A gente pediu desculpas, ela disse que só nos desculpava se a gente desse spoiler do livro, aí a gente começou a conversar sobre Harry Potter, depois a gente ligava para saber se a senhora iria demorar e acabou que as ligações começaram a ser frequentes.

- E porque esconderam isso de mim?

- A mãe, por que Andy disse que você não ia gostar e poderia demitir ela se descobrisse. Não demite a Andy mãe, por favor.

- Durmam. – Beijei o topo da cabeça de cada uma e sai do quarto delas.
Entrei no meu e segui para o banheiro, deixei a banheira encher enquanto tirava minha roupa e maquiagem. -como ela pode ser tão adorável? Como conseguiu conquistar minhas meninas? O que essa garota faz com as Priestly? – Questionei enquanto entrava na banheira. – Andrea, Andrea, Andrea. – Fechei os olhos.

“Miranda, sinto muito, suas filhas são adoráveis, foi inevitável não me encantar por elas, espero que não me demita por isso.”

Como ela tem audácia em me mandar torpedo com trivialidades a essa hora?

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