Cristiane
Antes de me casar, eu tinha uma ambição positiva de fazer a diferença
como mulher. Queria ser diferente, não uma “Maria vai com as outras”.
Porém, assim que me casei, uma mulher mais experiente me disse que,
como esposa, eu tinha de ser para o Renato como o apoio de um porta-
retratos. Quem tinha de aparecer e brilhar era ele, não eu. Algo mais ou
menos assim:
Dá para me ver ali atrás? Pois é, foi assim que passei a me sentir.
Praticamente invisível. A ideia era que meu único papel no casamento era o
de servir ao meu marido, no sentido de serviçal mesmo, e só assim eu
estaria servindo a Deus.
Essa crença, juntamente com minhas inseguranças durante os primeiros
12 anos de casada, acabou com todas as minhas ambições de fazer a
diferença. Passei a ver o Renato como o sol do meu planeta, a enxergar
nele todos os seus erros e apontá-los, como se minha única função na vida
fosse melhorar o meu marido. Eu me tornei uma “perfeita” dona de casa, já que a razão da minha existência era servir o Renato.
E foi assim que fui me apagando, me anulando, aos pouquinhos. De
repente, já não era mais aquela jovem cheia de sonhos, que se casou com
o seu primeiro namorado, e sim a esposa chatinha, que perdeu toda sua
personalidade para ficar nos bastidores.
E que bastidores… Eu me sentia só, desvalorizada e cada vez mais
incapaz. Enquanto o Renato crescia, eu desaparecia em sua sombra.
Isso gerou a maioria dos nossos problemas. Eu me tornei uma pessoa
extremamente sentimental e ciumenta, achando que o Renato poderia me
trocar a qualquer momento. Bastaria uma mulher mais bonita e
interessante do que eu aparecer. E essa falta de autoconfiança me tornava
desagradável e, por vezes, até feia. Meu marido não me procurava para
trocar ideias, não se importava com minha opinião e, muitas vezes, eu me
sentia uma inútil, um zero à esquerda, e isso me corroía por dentro.
Até que, aos 12 anos de casada, meu pai me disse: “Minha filha, homem
nenhum gosta de mulher que fica mendigando amor. Você não precisa
disso! Por que você não vai ajudar as mulheres na igreja? Use o seu tempo
para ser útil a Deus”.
As palavras dele iam exatamente contra o que eu havia crido até então!
Eu me lembro que pensei: como assim, eu posso servir a Deus? Eu,
Cristiane?
Eu já havia tentado mudar a minha forma ciumenta e carente de ser
milhões de vezes, mas toda vez era a mesma coisa. O esforço era enorme.
Porém, passava uma semana e tudo voltava ao que era antes. Eu
simplesmente não conseguia mudar o meu jeito... até esse dia — o dia em
que a minha crença mudou e entendi que poderia estar ao lado do meu
marido.
Mudei de pensamento, mudei de vida. E o meu casamento também
mudou.
Assim também vai acontecer com você, quando deixar de acreditar em
mitos e ideias erradas que levam a comportamentos errados. Vivemos o
que pensamos e a nossa vida acaba sendo um produto da nossa mente. Se
crê que nunca vai ser feliz no amor, você nunca será, mesmo com todas as
oportunidades de ser. Você vai manipular essas oportunidades para que
esse mito se torne uma realidade em sua vida. Esse é o poder assustador
de um mito. Portanto, prepare-se para mudar suas crenças.
OS MITOS
Mito é algo que não existe, mas é considerado real por muitos. O apelo de um
mito está em sua aparência de verdade e bom senso. Por isso, muitos
acreditam nele. Mitos que afetam a vida amorosa se alastram na sociedade de tal forma que se tornam crenças comuns, tidas como verdadeiras,
prejudicando pessoas e relacionamentos.
Se fôssemos escrever sobre todos os mitos que existem, esse capítulo se
tornaria um livro só sobre o assunto. Mas, a seguir, vamos desbancar 27 dos
mais comuns.
1. “Homem é tudo igual”
Também vale para “mulher é tudo igual”. Promovido por pessoas que se
decepcionaram com o sexo oposto e decidiram que podem definir todo o
gênero masculino ou feminino baseadas em apenas dois ou três de seus
representantes. Cuidado com estereótipos. A verdade é que ninguém é igual a
ninguém. Quando uma mulher pensa que todo homem é igual, ela começa a
tratar todos da mesma forma, com desconfiança. Trate cada pessoa da
maneira que ela merece. Há mulheres e homens ruins e também há os bons.
Saiba distingui-los.
2. “Deus vai me trazer a pessoa certa, na hora certa”
A primeira e última vez que Deus trouxe um parceiro para alguém foi no
Jardim do Éden — mas isso porque até então não havia ninguém para Adão
procurar! A ideia de que Deus tem algum tipo de agência de relacionamentos
e está despachando a “pessoa certa” para cada solteiro não tem nenhum
fundamento bíblico. Deus nunca prometeu isso. Ao contrário, Ele nos ensinou a
procurar: “Aquele que encontra uma esposa, acha o bem, e alcança a benção
do Senhor”1. Só quem procura encontra. Portanto, não será trazido até você.
Você tem que ser proativo. Muitas mulheres cristãs têm se baseado nesse mito
e ficado para titias. O que percebemos por trás desse mito é que seus
seguidores, na verdade, não querem o trabalho de procurar alguém ou correr
os riscos inerentes do processo de achar uma pessoa. Por isso, preferem se
apoiar em uma falsa espiritualidade e cruzar os braços. Deveriam também
encontrar uma poltrona bem confortável para sentar enquanto esperam.
3. “Ainda não encontrei a minha alma gêmea”
Exploramos esse mito mais profundamente no capítulo anterior, mas para
arrematar, vale aqui uma informação extra para quem não sabia. O mito da
alma gêmea veio da mitologia grega, que diz que o ser humano foi criado com
quatro braços, quatro pernas e uma cabeça com duas faces. Mas Zeus, o
maioral deus grego, dividiu os seres humanos ao meio como punição por
quererem tomar o lugar dos deuses. (Como sobrevivemos depois de tão
traumática operação, não nos contaram. Fico só imaginando a hemorragia…
Mas o negócio foi tão perfeito que nem cicatriz ficou. Esses deuses gregos são
bons mesmo!) E então, os pobres coitados foram condenados a passar o resto
de suas vidas procurando sua “outra metade” — e não seriam completos até
que a achassem. Ridículo? Pois é, mas esse mito está profundamente enraizado em nossa cultura, sempre presente nos filmes, novelas, músicas e
romances. Muita gente o leva a sério, começa e termina relacionamentos
baseado nele.
4. “O importante é ser feliz”
Esse é o lema dos que não entendem nada de felicidade ou só de felicidade
temporária. Sinônimo de “não estou nem aí para os outros nem para o futuro,
só quero saber de mim e do agora, mesmo suspeitando que amanhã
provavelmente me arrependerei da besteira que estou fazendo hoje”; também
“sou infeliz, mas de repente se eu falar que o importante é ser feliz vou
convencer a mim e aos outros que não”. Esse mito virou moda entre as
celebridades e o público em geral para justificar suas atitudes não
convencionais. É mito, porque há muitas coisas mais importantes na vida do
que ser feliz sempre (como se isso fosse possível) ou mesmo em um dado
momento. Se o importante é ser feliz, por que vamos trabalhar ou estudar em
vez de passear? Por que não damos um merecido tapa na cara de alguém em
vez de deixar para lá? Por que não comemos bolo de chocolate pela manhã,
tarde e noite? É óbvio que se formos fazer sempre o que nos faz feliz, as
consequências serão desastrosas — especialmente no relacionamento.
Muitas pessoas acabam traindo seus cônjuges, largando seus filhos,
destruindo famílias e gerando ódio porque dizem querer “ser feliz” — como se
a felicidade pessoal lhes desse o direito de destruir a felicidade dos outros.
Ninguém consegue ser feliz fazendo o próximo infeliz.
A verdade é que para sermos felizes temos de fazer coisas por vezes difíceis,
repetitivas, entediantes para então desfrutarmos dos bons resultados delas.
Negar a si mesmo, por exemplo, raramente traz felicidade, mas é
imprescindível para ter um relacionamento feliz. O que produz felicidade não é
fazer o que você sente, mas sim fazer o que é certo. Isso sim é importante.
5. “Quero me casar para ser feliz”
Uma variante deste mito é: “Quero me casar com alguém que me complete”.
Para um casamento ir bem, marido e mulher têm de ser pessoas completas
como indivíduos antes de se casarem. Duas pessoas completas,
separadamente, fazem um casamento feliz. O contrário também é verdade: se
uma pessoa (ou ambas) for incompleta, o casamento costuma ter sérios
problemas.
Se você já não é feliz antes de casar, provavelmente não será depois. Se não
é completo antes do casamento, continuará incompleto depois. Portanto, se é
assim, e ainda solteiro, não se meta em casamento.
Ao chegar no casamento, devemos ser pessoas equilibradas e felizes o
suficiente para podermos compartilhar coisas boas com nosso parceiro. Se
você se casar para resolver seus problemas, possivelmente estará colocando
um fardo demasiadamente pesado para seu parceiro carregar. E fará da vida dele (e da sua) uma tortura.
Infelizmente, é isso que muita gente faz. Por isso temos tantos casais por aí
em que um parceiro tem de carregar o outro, engolir sapos, sofrer
humilhações, dar uma de psicólogo para resolver os traumas, tolerar os vícios
do outro… enfim, vir atrás do parceiro como aquele dono que vai atrás do
cachorro limpando o cocô que ele vai deixando. Casamento não é fábrica de
felicidade nem oficina de consertar pessoas infelizes.
6. “É bom morar junto antes de casar para ver se o casamento vai dar
certo”
Se você começa uma coisa para testar e ver se vai dar certo é porque há
dúvida. E, se há dúvida, provavelmente vai dar errado, porque há reservas.
Esse mito já foi desbancado por vários estudos feitos por universidades e
institutos de pesquisa renomados ao redor do mundo. A proposta do mito é
que morar junto ajudaria os namorados a descobrir se eles se dão bem e,
assim, detectar qualquer problema de convivência antes, e não depois, do
casamento. Mas a realidade mostra que casais que vivem juntos antes de
casar são mais propensos a ver seus casamentos terminarem em divórcio. Na
prática, esse arranjo conjugal gera inúmeros problemas relacionados ao
desencontro de expectativas do casal. Enquanto a mulher passa a olhar para o
companheiro como se fosse seu marido, e esperar dele que se comporte como
tal, o homem continua olhando para ela apenas como uma namorada — mas
com benefícios: ela limpa, lava, passa, cozinha, divide as contas e está
disponível para sexo quando ele quiser. Quer coisa melhor? Que incentivo ele
tem para casar?
A verdade é que relacionamentos que respeitam os estágios do
conhecimento e intimidade — amizade, namoro, noivado e casamento —
costumam ser mais duradouros e felizes. Uma das razões é porque eles são
conduzidos de forma planejada e racional, em vez de impulsiva e sem
compromisso. Nos aprofundaremos mais nesse assunto no capítulo 19.
7. “Precisamos fazer um test-drive”
“Como vamos saber se vamos nos dar bem na cama?” Esta é a justificativa
para o rapaz pedir um test-drive à sua namorada. Só pelo fato de ele colocar o
sexo como condição para continuar o relacionamento com a jovem já mostra
que ele não está comprometido com ela, apenas quer o seu corpo. A jovem
que se valoriza, se garante na cama e fora dela. Logo, não precisa que
ninguém lhe faça um test-drive.
8. “Quem manda em casa é o homem”
Essa ideia machista, muito antiga, faz muitos maridos maltratarem e anularem
suas esposas por medo de serem mandados por elas. O resultado tem sido
bem visível: em um extremo, mulheres anuladas; e no outro, mulheres que se tornaram ariscas e até agressivas para nunca dependerem de homem algum.
Em um casamento ninguém deve “mandar”. O que deve haver é uma parceria
onde o que é melhor em um assunto lidera, enquanto o outro o apoia — e os
dois priorizam o que é melhor para os dois.
9. “Que seja eterno enquanto dure”
A mensagem é que um dia o amor vai acabar, que não existe mais casamento
para a vida toda. Se você pensa que algo não funciona mais, você vai desistir
de tentar fazê-lo funcionar. Esse é o maior problema com esse mito. As
pessoas tratam o casamento como algo temporário, com data de validade.
Quando acabar o encanto, é só divorciar. O que determina a duração de um
casamento é o que o casal faz, não o tempo.
10. “Estar casado por muito tempo é um tédio”
Outro mito que leva as pessoas a parar de trabalhar no casamento. Elas
associam, erroneamente, tempo de casado a tédio. A verdade é que tédio não
está ligado ao tempo de casado, mas sim aos comportamentos do casal. Um
namoro de duas semanas pode virar um tédio se o casal mantiver
comportamentos entediantes quando estão juntos. Todo relacionamento, cedo
ou tarde, pode cair na rotina e cabe ao casal trabalhar para que essa rotina
não se torne um tédio.
11. “Todo homem vê pornografia”
Mentira. Apesar da Internet ter facilitado o acesso à pornografia, nem todo
homem vê — e muitos dos que já viram estão despertando para o fato de
quão prejudicial ela é para o seu desempenho sexual. Homens inteligentes
estão abandonando a pornografia. E não se esqueça da regra de ouro: a
quantidade de pessoas que praticam alguma coisa não torna aquela coisa
certa ou boa para todos. Se a maioria dos funcionários na empresa em que
você trabalha rouba, isso não torna certo roubar. Mais sobre a pornografia
adiante.
12. “Casamento é só um pedaço de papel”
Se é só um pedaço de papel, então por que a pessoa não quer assinar? Por
que faz tanta questão? A verdade é que, no fundo, a pessoa sabe que é muito
mais do que um pedaço de papel. É um ato de alguém que não tem medo de
assumir um compromisso com outra pessoa. Não tem medo porque tem toda a
intenção de cumprir sua palavra. Se você não está preparado para assumir um
compromisso com a pessoa que ama diante dela, de seus parentes e amigos,
e diante da lei, como estará preparado para enfrentar as horas difíceis que
todo o casal passa e continuar juntos? O engraçado é que ninguém reclama de
assinar contrato com a empresa de celular, com o patrão, com o provedor de
seguro de saúde etc. É claro que uma certidão de casamento não garante a durabilidade de uma união. Mas tampouco a diminui, ao contrário, contribui
para seu fortalecimento.
13. “Eu não mando no meu coração”
Todo ser humano consegue mandar no coração porque todo ser humano pode
usar o raciocínio; ao contrário dos animais, que só podem usar seus instintos.
Se você não manda no seu coração, talvez o seu lugar seja em um zoológico,
com direito a plaquinha na jaula para alertar os visitantes: “Perigo! Não
alimente os sentimentos deste animal. Ele não manda no seu coração”.
14. “Antes só do que mal acompanhado”
A falha de raciocínio aqui está na apresentação de apenas duas opções como
se fossem as únicas: ou você está só ou está mal acompanhado. Espere aí…
que tal nem uma nem outra — nem só nem mal acompanhado? Que tal uma
terceira opção: bem acompanhado? Por causa desse mito, muitas pessoas têm
vivido na solidão por medo de ser mal acompanhadas. O medo não as deixa
raciocinar, buscar oportunidades, abrir os olhos para encontrar uma pessoa
cuja companhia acrescente em sua vida.
15. “Não case antes de ter uma carreira e bastante dinheiro”
Por que não? Quem disse que você não pode ser feliz no amor enquanto
estiver estudando ou que não é possível crescer juntos financeiramente? Esse
mito tem feito muitas mulheres deixarem a vida amorosa para depois, em
nome de priorizar a independência financeira. Quando finalmente a alcançam,
a uma certa idade, olham para os lados e a maioria dos homens de sua idade
não está mais disponível. Eles já estão casados ou querendo as mais novas. A
realidade é que homens e mulheres estão se casando cada vez mais tarde.
Com certeza, uma das principais causas disso é a crença neste mito.
16. “Depois que a gente se casar, ele(a) vai mudar”
Não, ele não vai ser mais carinhoso ou deixar de mentir só porque casou com
você. Ela não vai ser uma mulher mais amável ou menos imprevisível depois
de se tornar esposa. As pessoas não mudam em virtude do casamento. Elas só
mudam quando querem mudar. Se há algo sobre o caráter dele que é
inaceitável, ele precisa consertar isso antes de se casar com você, pois depois
terá pouco incentivo para fazê-lo. Normalmente, o que já é ruim durante o
namoro, piora depois do casamento.
17. “Engravidou, agora tem que casar”
Na teoria sim, mas na prática a emenda pode ficar pior que o soneto. Com
tanta gente fazendo sexo irresponsavelmente, a gravidez não planejada é uma
das consequências que pode não resultar no início de uma família. A decisão
de casar deve levar em consideração muito mais do que uma gravidez. Nem todo homem que tem a capacidade de engravidar uma mulher tem condições
de ser pai e marido. E nem toda mulher que engravida tem condições de ser
mãe e esposa. Não é por acaso que muitas crianças são criadas por seus avós.
Uma tragédia social, sim, mas casamento automático por razões de gravidez
pode ser ainda mais trágico para todos os envolvidos. As considerações certas
precisam ser feitas e bem pesadas antes de agir.
18. “Um filho irá nos unir para sempre”
Este mito é cria do anterior. Na crença de que o namorado ou marido irá se
ajuizar, casar e formar uma família com a chegada de um filho, muitas
mulheres partem para a gravidez como meio de garantir a relação. Basta dizer
que se esse mito fosse verdade, não haveria mães solteiras por aí. Estudos
também mostram que a chegada de um filho traz maiores desafios para um
casal. Se eles estiverem despreparados e a relação conturbada, um filho
apenas trará mais desunião.
19. “Sexo é apenas um ato físico”
Assim dizem os proponentes da “amizade colorida”, um relacionamento entre
dois amigos que mantêm relações sexuais sem compromisso de namoro.
Promovem a ideia de que sexo é apenas uma necessidade fisiológica, nada
mais que isso. Nenhum sentimento, nenhuma conexão. Apenas sexo. Lavou,
está pronto para usar de novo. Os maiores aliados desse mito, como de muitos
outros, são os filmes, seriados e novelas. Não são neles que você vê os
personagens indo para a cama logo no primeiro encontro ou transando um
com o outro como se fossem tomar um cafezinho? Esse mito serve para muitos
como desculpa para fazer sexo à la volonté sem as complicações de um
relacionamento amoroso. Depois de uma visão tão banalizada da coisa,
quando essas pessoas se casam, elas não valorizam o sexo, pois não
conseguem associá-lo à intimidade. Sexo, na verdade, é uma troca física,
emocional, psicológica, espiritual e de compromisso. Pensar em sexo como um
ato apenas físico é como pensar em comida apenas como ração. (Qualquer
semelhança com os animais talvez não seja mera coincidência.)
20. “Siga o seu coração”
E se dê mal, invariavelmente. Se você quer parar de errar, especialmente no
amor, pare de ouvir seu coração. O coração é a voz dos seu sentimentos e
emoções. É ele o grande responsável pela maioria dos casamentos
fracassados e outras decepções amorosas. A maioria das pessoas que temos
aconselhado, cujas vidas hoje estão destroçadas, começaram simplesmente
fazendo o que “sentiam no coração”. Não seja tolo. Siga sua cabeça, que foi
feita para pensar, avaliar e decidir. É ela que você usa para as outras áreas de
sua vida. Por que em uma área tão importante, sua vida amorosa, você não a
usaria?
21. “O amor supera tudo”
Em contos de fadas, sim. Na realidade, o amor não pode superar a
determinação de uma pessoa em persistir no erro. Se vocês se amam, mas
insistem em fazer o que é mau para o relacionamento, a união de vocês não
vai resistir. O crescente índice de divórcios está aí para provar isso. É preciso
mais do que amor para superar problemas e manter uma relação. Inteligência,
bom senso, humildade, sacrifício, autonegação e outras virtudes também são
necessárias, além de boas habilidades para resolver problemas inerentes à
vida a dois.
22. “O verdadeiro amor é incondicional”
Amor incondicional é um mito porque confunde amor com relacionamento.
Pode haver amor sem condições de relacionamento? Pense. Meu amor pela
Cristiane exige condições como fidelidade, respeito e honestidade entre nós.
Eu não vejo como poderíamos ter um relacionamento sem estas e outras
condições básicas — se ela me traísse, humilhasse ou mentisse o tempo todo
para mim. Nem Deus mantém um relacionamento incondicional com ninguém.
Ao contrário, a Bíblia está cheia de condições para que tenhamos um
relacionamento com Ele. Não é esta a razão por que a maioria não tem um
relacionamento com Deus, porque não quer cumprir as condições? “Meu amor
por você é incondicional” soa muito romântico, mas é uma utopia. Não
funciona assim. Você pode até amar alguém, mas um relacionamento com ele
seria impossível exatamente por falta de condições.
23. “Quem é bom já está casado”
Esse é um mito que corre entre os solteiros desesperançados de encontrar um
amor. Diz que não há mais quase ninguém solteiro, que a maioria das pessoas
“boas para casamento” já está casada. A verdade é bem diferente. Segundo o
IBGE/PNAD, o número de pessoas solteiras só no Brasil é de 77 milhões. Isso
inclui todas as pessoas acima de 15 anos que declaram não estar em nenhuma
relação conjugal — mas não inclui divorciados, viúvos e separados (com eles,
o número passa dos 85 milhões). O número de solteiros em nosso país
também é bem acima do número de casados. Ou seja, há mais gente
disponível para um relacionamento do que não. Será que toda essa gente
realmente não presta para casar?
Claramente, o problema dos solteiros não é a falta de pessoas. O problema é
a falta de fé nas pessoas.
A cada dia que passa, as pessoas estão perdendo a fé nas outras. Elas têm
dificuldade de acreditar, confiar. E com razão. Com tantas decepções, traições,
divórcios e safadeza que temos visto por aí, nossa primeira reação é
desconfiar de quem não conhecemos. E daí a raiz do problema: você não pode
confiar em quem não conhece. Confiança exige conhecimento. Você tem que
saber, por fontes e formas confiáveis, que aquela pessoa é digna de um relacionamento com você e, futuramente, de seu amor e entrega total. Por
isso damos tanta ênfase neste livro à importância de conhecer a outra pessoa
e se deixar conhecer dentro de um namoro.
24. “Se ele(a) mudasse, nossos problemas acabariam”
Você tem que mudar também. O foco demasiado nos erros do outro faz com
que você não enxergue os seus. E ainda: você fica paralisado, achando que a
única maneira de salvar a relação é os dois quererem mudar juntos, ao mesmo
tempo. Em nossa experiência pessoal e com milhares de casais, a mudança no
relacionamento normalmente começa com um, quase nunca com os dois. Se
você mudar primeiro, há muito mais chance de que o outro seja inspirado a
mudar também.
25. “Quando é para dar certo, tudo flui perfeitamente”
A ideia de que um relacionamento perfeito não deve dar trabalho e nunca é
difícil é muito atraente. Quem quer ter trabalho? Nós queremos é que o outro
sempre saiba o que precisamos, instintivamente, sem precisarmos falar ou
pedir. A verdade é que o “felizes para sempre” não é contínuo. Mesmo um
casal unido por um grande amor não viverá feliz sempre — todo dia, toda hora
em todo lugar. Haverá dias ruins. E os dois terão de aprender a lidar com eles,
a se comunicar em vez de esperar que o outro leia sua mente. Relacionamento
feliz dá trabalho, sim, e não há como escapar disso.
26. “Um grande amor será sempre romântico”
A paixão do início de um relacionamento não é permanente. Aquele encanto
do novo, o jogo da conquista, se sentir especial entre os amigos, fazem parte
de um amor jovem. Mas eventualmente um outro tipo de amor tem de assumir
a relação. Um amor mais maduro, baseado em coisas mais sólidas e
permanentes. Uma jovem esposa reclamou sobre a aparente frieza do marido:
“Se ele me amasse, iria querer passar o tempo todo comigo”. Há tempo para
tudo. Há momentos que você quer peidar sozinho e cheirar o seu próprio peido
sem ninguém por perto. Seu namorado(a) também tem esses momentos. Não
espere que a relação seja sempre marcada por surpresas românticas em datas
especiais, bilhetinhos de amor espalhados pela casa ou por loucuras de amor.
Um grande amor não é marcado por romance toda hora.
27. “Você tem que sentir atração pela outra pessoa, tem que rolar
uma química”
Basear o sucesso e a durabilidade de um relacionamento na atração física é
como planejar um evento ao ar livre para uma data futura baseado na boa
previsão do tempo para hoje. Você não tem garantia nenhuma de que o dia
ensolarado de hoje acontecerá na mesma data ano que vem. Assim é com a
atração física. Ela muda com o tempo. Faça uma rápida pesquisa: procure fotos de celebridades na Internet quando eram jovens e estavam no auge de
sua beleza, há 20 ou 30 anos, e compare com as fotos delas hoje. Tire as
próprias conclusões. A beleza física vai murchando com o tempo e por isso um
relacionamento não pode ser baseado nela. Uma relação precisa se basear em
qualidades atemporais, que embelezam a pessoa que as possui e a mantêm
atraente a despeito do seu corpo.
APRENDENDO A QUESTIONAR
Lembre-se, o apelo de um mito está em sua aparência de verdade e bom
senso. Mas é apenas aparência. Olhando um pouco além do superficial, você
começa a descobrir que a realidade é quase sempre o contrário.
Note que o ponto em comum em todos estes mitos é que eles defendem
uma posição simplista, conveniente ou preguiçosa da vida amorosa. Isso
porque não queremos nos dar ao trabalho de construir a felicidade — a
queremos pronta. É dessa inclinação humana que nascem os mitos sobre o
amor.
Como um estudante do amor inteligente, você precisa se treinar a questionar
as crenças, costumes e principalmente os modismos promovidos pelas mídias
sobre o mundo dos relacionamentos. Normalmente são divulgados por
celebridades que têm zero de autoridade no assunto, como mostram em seus
próprios relacionamentos. Mantendo seus olhos abertos e ouvidos atentos,
você descobrirá muitos outros mitos que não citamos aqui, além dos novos
que vão nascendo nas esquinas e nos lábios de quem não entende nada de
amor verdadeiro. Assim, você estará muito melhor equipado para blindar seu
namoro contra essas mentiras.
Vamos agora ao que funciona. Como achar ou ser achado por “aquela”
pessoa? Começando com o seu marketing pessoal, é claro.
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namoro blindado
Randommomento mais doloroso em nosso consultório CRISTIANE E EU JÁ PERDEMOS A CONTA de quantas vezes pensamos ao aconselhar casais em nosso consultório matrimonial: "Esses dois nunca deveriam ter se casado". É duro ver duas pessoas que nunca deveriam ter...