QUATRO MUDANÇAS

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Para não se deixar enganar pelo coração bandido, é preciso que você
implemente quatro mudanças:
1. Deixar de associar amor ao coração. Passe a associar amor com o
cérebro, a inteligência. Quando você pensar em amor, pense em inteligência,
não em sentimento. Entenda que sentimentos estão incluídos no amor, mas
são apenas uma pequena parcela dele. Pensou em amor, pensou em
inteligência7.
2. Tirar as emoções do comando. O que dizem por aí, “ninguém manda no
coração”, é mentira. Você pode mandar e desmandar no seu coração,
determinar de quem ele vai gostar ou não. Decida: “Emoções não mandam
em mim. Eu mando nelas”. Se você tomar decisões baseadas em suas
emoções, terá sérios problemas. Pare de decidir pelo que sente, passe a
decidir com inteligência. Você não precisa mendigar atenção, sufocar o
parceiro, se desvalorizar, fazer ridículo porque suas emoções o induzem a
isso.
3. Parar de seguir a multidão que segue o coração. O mundo inteiro
ainda bebe dos licores do coração e, embriagado por eles, continua
produzindo literatura, música, filmes e toda sorte de arte que promove um
falso amor. Pode levar séculos até que as pessoas acordem para o que você
está aprendendo aqui. Então pense por si mesmo e saia na frente. Não vá
ingerindo dessa bebida só porque a maioria bebe dela. Questione os mitos e
crenças populares sobre relacionamento.
Cristiane
Quero fazer um aparte aqui. Eu deixei de gostar de filmes e livros românticos porque entendi que tudo aquilo só serve para mexer com meu
coração. Você acaba comparando aquele personagem perfeito com o seu
namorado, que não faz nada do que o personagem faz. Isso não é bom,
porque começa a idealizar e achar que aquilo ali é exemplo de namorado.
Na verdade, o autor imaginou um cara para fazer mulheres se
emocionarem. Aí você cai nessa e se emociona, mas nada daquilo é real. O
real é bem mais simples. Não precisa estar na chuva para dizer que ama a
outra pessoa. Não precisa de flores, chocolate ou poesias de amor.
Você deve imaginar que entre nós, professores do amor, deve rolar muito
romance. Mas a verdade é que a nossa vida é muito simples. É simples,
mas a gente tem paz. Eu sou e me sinto amada. O Renato cuida de mim e
é disso que preciso. Chocolate e flores eu posso comprar.
Às vezes, o foco nessas coisas de Hollywood e de romances faz você dar
uma importância exagerada ao que não tem no seu relacionamento. Aí,
deixa de ver o homem que cuida de você, que a ama, que está ali do seu
lado e é fiel a você.
Por isso eu passei a desgostar mesmo de filmes românticos, achá-los até
irritantes. Hoje, sou muito mais de uma comédia ou filme de ação do que
romances. Não estamos querendo dizer que você não possa assistir, mas
meu alerta é porque sei o que romances fizeram comigo e com meu
casamento — e fazem com muitas mulheres. É uma espécie de pornografia
para mulher. Faz a mulherada idealizar aquele cara perfeito, assim como a
pornografia faz os homens desejarem a mulher com um corpo perfeito. É
uma coisa tóxica, pode acreditar.
Custou para eu compreender tudo isso e entendo se essa proposta de
racionalizar os sentimentos é difícil para você processar. Nunca me esqueço
da primeira vez que fui surpreendida com esse ensinamento na prática. Eu
já tinha ouvido falar sobre ser mais razão e menos emoção, mas achava
que não era bem assim… Achava muito radical para qualquer ser humano
praticar.
Foi então que aconteceu um episódio com meu filho, que me decepcionou
muito. Eu parecia estar sem chão. Me desesperei e caí em um choro de
amargura profunda que eu nunca havia experimentado antes. Não
conseguia dormir nem comer, só chorar. Ficava horas olhando para fora da
janela, as lágrimas rolando pelo meu rosto, e vendo o replay do que tinha
acontecido milhares de vezes na minha mente.
Até que meu pai me mandou parar com aquilo. Mas mandou mesmo, com
uma firmeza que me sacudiu. Sinceramente, na hora achei que ele estava
sendo extremamente insensível com a minha dor e, inicialmente, não
aceitei a bronca. Mas depois, quando coloquei em prática, não só superei o
que havia acontecido como me tornei uma mulher muito mais forte em
todos os meus relacionamentos e na vida. Tudo porque deixei de seguir o
meu coração e o treinei a seguir minha razão.4. Não seja ingênuo, e sim hábil no amor. O amor não simplesmente
“acontece”. Ele é fruto de trabalho, aprendizado, observação e atitude. O que
o cérebro faz de melhor é buscar soluções. Ele foi programado para isso. Há
uma solução para sua dificuldade de encontrar alguém ou para seu problema
de relacionamento. Senão, outros com o mesmo problema nunca teriam
conseguido solucioná-lo. Em vez de sentar emburrado como uma criança,
desenvolva as habilidades necessárias para resolver seu problema. (Nós
vamos ajudá-lo nisso.)
Se você quer se proteger contra se casar com a pessoa errada e perder a
pessoa certa quando encontrá-la, estas quatro mudanças são o princípio de
um namoro blindado. Apenas o princípio.
A ideia não é ditar regras. Há casais felizes que deram certo apesar de terem
tudo para dar errado e outros com tudo para dar certo que se divorciaram. O
segredo está no que eles fizeram de certo ou de errado. Os que inicialmente
sofreram, conseguiram se acertar a duras penas porque aprenderam a fazer as
coisas certas. E os que perderam o casamento foi porque deixaram de fazê-
las. O recado é: há o certo e o errado, e se quer ter mais chance de ser feliz,
faça o certo agora e sempre.
Vamos continuar aprendendo como aplicar essas e outras mudanças.1 Cristiane e eu não gostamos de usar a expressão “pessoa certa”, e sim “pessoa adequada”. Você vai
entender por que no Capítulo 8. Por enquanto, vamos usá-la aqui para facilitar o entendimento.
2 Coloquei meu próprio desafio à prova e busquei rapidamente entre as músicas mais tocadas nas rádios
de São Paulo de janeiro a março de 2016. O coração aparece diretamente em janeiro no hit da Adele
“Hello” — um apelo telefônico de um coração ferido pedindo perdão a outro coração por tê-lo ferido. Em
fevereiro, o coração de Luan Santana “se apaixonou perdidamente” em “Chuva de Arroz”. E em março, foi
a vez do funk de Biel, “Química”, que descreve precisamente uma das especialidades do coração: se
apaixonar pelo visual da outra pessoa. Encerro meu caso.
3 Quando falamos em coração, estamos nos referindo basicamente às emoções e sentimentos humanos,
não ao órgão que bombeia sangue. Esses sentimentos, sabemos hoje, também são gerados em regiões
específicas do cérebro, mas que não podem ser deixadas com a responsabilidade de tomar decisões. Esse
papel pertence à nossa inteligência.
4 Mateus 19.8: “Jesus respondeu: Moisés deu essa permissão [de divorciar] por causa da dureza do
coração de vocês; mas no princípio da criação não era assim.”
5 Jeremias 17.9
6 Sempre que citamos um estudo ou pesquisa, você pode conferir a fonte na seção “Referências e
Citações”, ao final do livro.
7 Um fato curioso aconteceu envolvendo a logomarca de nosso programa de TV, a Escola do Amor.
Quando a criei, a marca era simplesmente as palavras “The Love School” sobre um fundo remetendo a
linhas de um caderno escolar. A associação era à ideia de escola, aprendizado e, por isso, cunhamos a
expressão “amor inteligente”. Na segunda temporada, a produção do programa decidiu renovar o cenário e
aproveitou para criar uma nova imagem visual da Escola do Amor. O desenhista gráfico então fez questão
de inserir as palavras The Love School dentro de... Adivinhe? Um coração! Nem a Escola do Amor escapou
dele! Furioso, pedi que refizessem e expulsassem o bandido da nossa logomarca. Todo cuidado é pouco!

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