Capítulo 16-Como CONDUZIR o namoro

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UMA DAS MINHAS PRIMEIRAS namoradas deixou uma marca inesquecível
no meu coração adolescente — e não foi de amor, foi de dor. Morávamos bem
próximos, na mesma rua, estudávamos em colégios diferentes. Eu sabia a
hora que ela chegava da escola, então, quando dava, ficava de olho da janela
de casa para vê-la passar e sorrir para ela. Ah, as paixões de adolescentes…
Um belo dia, lá estava eu na janela, como de costume, quando vi uma cena
que partiu meu coração. A uns 100 metros de casa, na esquina, vejo chegar
um rapaz em uma moto, com uma garota agarrada a ele na garupa. Ele para,
ela desce e dão um beijo de despedida. Ele vai embora e ela vem caminhando
pela calçada. Sim, era minha namorada. Ela passa em frente de casa, olha
para cima com olhar de quem torcia para eu não ter visto o que aconteceu,
mas a minha cara não deixava dúvidas: eu estava totalmente decepcionado.
Não sei o que doeu mais: o beijo, a tentativa dela de esconder (ele poderia
tê-la deixado à porta de casa, em vez de na esquina), vê-la agarrada ao cara
ou o fato de que ele tinha uma moto e eu uma bicicleta… Isso sem contar o
que eu não vi — o que rolou entre eles antes do que eu vi. Afinal, eles
estudavam na mesma escola.
Brigamos. Não terminei, pois gostava muito dela, mas o namoro nunca mais
foi o mesmo. Até que acabou. Tudo isso teria sido evitado se ela entendesse o
conceito de exclusividade no namoro.
EXCLUSIVIDADE
O namoro é um treino para o casamento. Se no casamento marido e mulher
devem ser exclusivos um do outro, a exclusividade deve, obviamente, começar
no namoro. Isso costumava ser mais claro antigamente, mas hoje a facilidade
de ficar e manter contato com várias pessoas online ao mesmo tempo tem
deixado o assunto mais cinzento.Alguns gostam de deixar suas opções em aberto, mesmo depois de iniciar
um namoro. “Vai que não dá certo?” — justificam. Além disso, a adrenalina do
flerte é muito forte, especialmente na adolescência. Saber que alguém está
interessado em você, mesmo que você já esteja comprometido, é uma
massagem no ego difícil de resistir. E se esse alguém tiver uma moto,
então1...
Por isso, oficializar um namoro hoje requer uma conversa franca sobre
exclusividade. Vocês precisam esclarecer: “A partir de agora, não vou manter
nem iniciar contato para fins de relacionamento com mais ninguém”.
O seu caráter deve estar acima do seu ego. Infidelidade, além de
ser uma falha de caráter, pode fazê-lo perder o grande amor de sua
vida.
Nem todos conseguem perdoar uma indiscrição do parceiro. E mesmo que
consigam e acabem se casando, aquela manchinha continuará semeando
desconfiança por anos, até depois de casados. Não vale a pena.
Embora você nunca deva ceder à tentação de trair sua namorada ou
namorado, não se preocupe muito com o sentimento de tentação. Esses
pensamentos são naturais. É normal você notar outro alguém atraente,
mesmo quando está sendo fiel no seu namoro. O que não é normal é
alimentar esses pensamentos e agir sobre eles. Se eles vierem, reconheça-os
e escolha tirá-los de sua mente. Isso se chama domínio próprio e deve fazer
parte do seu caráter durante o namoro, casamento e a vida toda.
E se já houve algum ato de infidelidade no seu namoro? O que fazer?
Primeiro, considere. A traição foi um caso isolado ou já faz parte de um
padrão de comportamento? Foi resultado de estupidez e falta de bom senso ou
uma atitude sem-vergonha e intencional? Houve sinceridade no
reconhecimento do erro ou tentativa de mentir e escondê-lo? Houve mudança
total de comportamento, incluindo rompimento total de contato com a outra
pessoa? Há um esforço pela reparação da confiança no sentido de investir
mais na relação e provar o contrário?
Nem sempre é um caso de terminar o relacionamento, dependendo do
contexto. Em última análise, porém, julgue o infiel por suas atitudes e não por
promessas ou palavras. Não deixe que seus sentimentos atrapalhem o seu
juízo aqui. Se as atitudes estão mostrando falta de caráter e desrespeito para
com você, encerre o relacionamento sumariamente. Não importa o quanto
goste da outra pessoa.
Gostar muito de alguém não é suficiente para manter um bom
relacionamento. É preciso que haja uma troca de respeito,
fidelidade e compromisso.
Se apenas você está lutando pelo relacionamento, mesmo depois do erro do outro, acorde e caia na real: não há mais relacionamento aqui.
Se você deixou de ser exclusiva na vida do seu namorado (ou exclusivo na
vida da sua namorada), ou se não o faz mais se sentir exclusivo na sua, há um
problema no relacionamento. Nunca, jamais aceite ser a segunda, terceira,
nem a primeira pessoa na vida do outro. Sua posição deve ser a única. Há
quem aceite esta conversa: “Meu amor, você é muito mais importante que a
fulana... você é a primeira na minha vida”. Não se sinta lisonjeada com isso.
Se há primeira, há segunda. Você não deve ser nem uma, nem outra. Deve ser
a única.
Por isso, a partir do momento em que oficializarem o namoro, devem se
livrar de todo contato com os ex. Não há mais razão para ter o ex no celular,
em rede social, fotos, nem ficar ressuscitando-o nas conversas de vocês.
Comentários do tipo “Ah, minha ex gostava de filmes românticos também!”, “O
meu ex sempre me levava com ele nas viagens, que estranho você não querer
que eu vá” etc. — não vão ajudar em nada. Respeite seu namorado e exija o
mesmo respeito em relação a pessoas do sexo oposto.
Sim, há um tipo de ciúme que é bom e justo. O conceito de ciúme justificável
se baseia na ideia de que há certas coisas que temos todo o direito de
reivindicar como nossas e que não devem ser compartilhadas com qualquer
outra pessoa. Quando alguém está namorando você, você tem o direito de
reivindicar exclusividade.
Ter medo de exigir isso é sinal de insegurança. Muitas pessoas,
erroneamente, veem o ciúme como uma fraqueza. Ao contrário, não ter ciúme
não é natural nem saudável. Tentar suprimir sua indignação natural quando
está com alguém que não para de flertar com outras pessoas é um grande
erro. Não tenha medo de exigir exclusividade nem de impor limites. E se o
outro não está preparado para lhe oferecer isso, termine.
SE DANDO A CONHECER
Um dos objetivos principais no namoro é que vocês deixem de ser estranhos
um para o outro. Vocês não poderão se tornar futuramente marido e mulher se
não deixarem de ser estranhos. Estranhos não confiam um no outro porque
não se conhecem totalmente. Portanto, a confiança virá quando vocês abrirem
o coração um para o outro.
Às vezes, a pessoa já está casada há 10 anos ou mais e só então descobre
certas coisas do parceiro. Ou seja, ele permaneceu um estranho para ela
porque não foi totalmente aberto. A partir daquele momento, a confiança é
abalada.
Hoje, as pessoas parecem não ter nenhum constrangimento de abrir a blusa,
o sutiã, o zíper e as pernas para outras, mas quando se trata de abrir o
coração, a dificuldade é tremenda. Escondem o que verdadeiramente são e
nunca se deixam conhecer. Jamais conhecerão a verdadeira intimidade.
Intimidade não é sexo. Você pode ter sexo com um estranho, mas não intimidade. Vocês só serão verdadeiramente íntimos quando abrirem o coração
um para o outro.
Por isso, mantenha a roupa no corpo, mas, depois de se sentir seguro no
relacionamento, não tenha medo de se abrir com a outra pessoa e revelar
suas imperfeições e defeitos. Só assim vocês criarão confiança um no outro e
verdadeira apreciação. Você não é perfeito, portanto não finja ser. Nunca
subestime o poder da honestidade em atrair o sexo oposto e demonstrar
grande força de caráter. Esconder algo sobre si mesmo durante o namoro é,
além de desonesto, apenas adiar problemas.
Ninguém deve descobrir fatos importantes sobre o parceiro
depois do casamento, que poderiam ter sido revelados antes.
Sim, há riscos em se abrir e falar quem você realmente é, porém, se não
assumir riscos, nunca conseguirá alguém que o ame como você é.
A pergunta que vocês terão de responder no final das contas é: “Eu quero
cuidar dessa pessoa pelo resto da minha vida e fazê-la feliz apesar de
seus defeitos?”. É isso o que realmente importa, e não se vocês morrem de
amores um pelo outro, sentem atração física, se o emprego dele é bom ou se
as curvas dela são perigosas.
FAZENDO TEMPO PARA VOCÊS
Nenhum relacionamento pode sobreviver sem que as partes dediquem tempo
a ele. Se não está preparado para investir tempo na relação, não comece uma.
Não há uma regra de quanto tempo de contato as pessoas devem investir no
namoro. O que deve existir é compromisso e contato com regularidade
suficiente para que os dois se conheçam e o relacionamento progrida para
uma conclusão. Se vocês não têm compromisso de se verem; se o contato é
raro e imprevisível; se outras coisas ou pessoas estão sempre à frente do
namoro; se a relação não está saindo do lugar — então, na verdade, não há
namoro.
Por outro lado, namorar não exige que vocês fiquem horas ao telefone, se
vejam todos os dias ou várias vezes por semana. Vejo muitas pessoas
alegarem que não têm tempo para um relacionamento porque estão na
faculdade, trabalhando muito, cuidando dos pais doentes ou embarcando em
projetos muito importantes. Na verdade, nada disso apresenta
necessariamente um impedimento.
O que normalmente acontece é que a pessoa está sendo guiada por seu
egoísmo ou pela ideia de que depois, mais tarde, poderá cuidar da sua vida
amorosa. Depois de acabar a faculdade, depois da pós-graduação e mestrado,
depois de se estabelecer na carreira, depois que os pais morrerem, depois que
houver paz no Oriente Médio. São essas pessoas que chegam à meia idade
solteiras e amargas, reclamando que nunca tiveram sorte no amor ...
O que elas não tiveram foi bom senso.
Com bom senso, você pode encontrar tempo para um encontro semanal de
qualidade ou uma ligação durante o almoço ou no final do dia. Namorar não
precisa ser uma experiência vampírica, onde a outra pessoa suga todo seu
tempo e energia para si.
Cristiane
Saudade era algo que os namorados sentiam quando se viam pouco; que a
esposa sentia ao ver o seu marido sair de casa cedo pela manhã e só voltar
tarde da noite. Algo que nos inspirava a escrever cartinhas que só
chegavam dias ou semanas depois pelo correio — e, quando as
recebíamos, traziam um sorriso aos lábios. Só que a saudade morreu
quando a era da Internet chegou.
Hoje todo mundo se fala o tempo todo por WhatsApp, Messenger, Skype,
e-mail e outros aplicativos. E por mais que a Internet tenha facilitado
muitas coisas, também prejudicou outras. E um dos maiores prejuízos foi
dentro dos relacionamentos.
É difícil ver um rapaz com saudade da namorada, afinal, ela está
conectada com ele a todo tempo. E se ele se esquecer de lhe dar um bom
dia, ela vai ficar mal-humorada com ele... É quase como se já estivessem
dormindo juntos. São os últimos e os primeiros a se falarem diariamente.
A princípio, parece que não há nada de errado com isso. Chegam até a
pensar que estão se conhecendo melhor. Mas será? Como é que você vai
saber se ele gosta mesmo de você se estão o tempo todo conectados? Se
no dia e na hora em que ele liga, você deixa tudo de lado e o atende? Sabe
como isso se chama? Namorada de plantão. Se você está sempre disponível
para o seu namorado, qual o incentivo para conquistá-la? A mensagem que
você passa é que já está na dele.
A saudade faz bem para o relacionamento. Ela aumenta em seu
namorado a vontade de vê-la e querer lhe agradar. Faz ele pensar em você
mais vezes e planejar um futuro ao seu lado... A saudade faz o homem
querer casar logo. Preciso dizer mais?
Já o homem não deve ficar com esse ar de mistério, pois isso só aumenta
a insegurança da mulher. Não deve ser um grude, mas também não deve
deixá-la se perguntando se deve começar a procurá-lo no cadastro de
pessoas desaparecidas…
Nunca deixe o outro sentir como se fosse mais um item na sua agenda, que
mal cabe entre seus outros afazeres. Muitos homens perguntam: “O que as
mulheres querem?”. A resposta é: toda mulher quer a atenção não dividida do
seu amado. Ainda que isso não seja possível o tempo todo, ela quer saber que você se esforçou para estar com ela e quer aproveitar todo momento que
estiverem juntos.
E o que os homens querem? Homens se sentem másculos quando
conseguem agradar a mulher. Nada faz um homem desligar mais rápido de
uma mulher do que quando ela se faz impossível de agradar — especialmente
se, ainda por cima, ela mastiga de boca aberta. Mulher, não seja mimada,
enjoada, difícil de agradar. Se ele tenta, faz um esforço, reconheça, seja grata.
Não fique colocando defeito em tudo o que ele faz ou falando como ele
poderia ter feito melhor.
NAMORO À DISTÂNCIA
Enquanto no passado nossos pais e avós quase sempre namoravam e casavam
com alguém que morava na mesma rua, bairro ou cidade, a sociedade
globalizada e conectada de hoje tornou os relacionamentos à distância muito
mais comuns. Isso traz seus desafios e peculiaridades.
Em um sentido mais abrangente, todo casal enfrenta a “distância” — seja por
dias sem se ver por causa do trabalho, viagem ou outro compromisso; seja por
uma distância emocional ou mental, quando um está muito focado em uma
coisa, como preparando-se para exames, por exemplo. Porém, o que os ajuda
a superar essa distância é saber que ela é temporária e que logo se unirão
novamente. Nenhum relacionamento pode resistir à distância por um tempo
longo e indeterminado.
Por isso, uma das questões mais importantes em um relacionamento à
distância é: quando vocês finalmente poderão estar juntos? Se a resposta é
indefinida, se não há planos coerentes e prazos realistas, então é melhor
reconhecer: esse relacionamento não é prioridade na vida de um ou ambos e,
portanto, não tem futuro.
Para vingar, um relacionamento à distância precisa de:
1. Razão válida e digna para a distância
2. Contato periódico e descritivo
3. Um plano e prazo para o fim da distância
Vamos entender cada ponto.
Razão válida e digna para a distância — por exemplo, ele está servindo
o Exército ou a trabalho; ela está fazendo um intercâmbio em Paris; vocês se
conheceram online e ele mora no Azerbaijão e você na Baixada Santista
(ainda que a razão de você ter iniciado esse relacionamento me escape ao
entendimento). Todo mundo pensa ter uma razão válida e digna para estar
em tal lugar, mas você terá de ser juiz disso. Ela quer namorar, mas primeiro
quer fazer parte de uma expedição para salvar as baleias no Oceano Antártico
sem previsão de volta? Talvez a prioridade para ela agora sejam as baleias,não você. Sim, você foi trocado por um mamífero marinho.
E, a propósito, se vocês se encontraram online e ele não faz planos para vir
conhecê-la pessoalmente dentro de três meses, corte o contato. Ele não está a
fim de você. Ou é um príncipe nigeriano que primeiro precisa que você lhe
envie dez mil dólares para desembaraçar a fortuna que o pai deixou para ele2.
Caia fora. E nunca, jamais você, mulher, deve viajar para ir conhecer um cara
que conheceu na Internet.3
Contato periódico e descritivo — um relacionamento à distância pode ter
um lado muito positivo: vocês só podem conversar. E conversar é a alma do
namoro. Combinem dias e horários e conversem sobre tudo com riqueza de
detalhes. Já que vocês não se veem, é importante descrever suas situações,
atividades e experiências para que o outro possa se transportar para elas.
Sejam transparentes para evitar desconfianças. Mas lembrem-se dos Padrões
Namoro Blindado, senhoritas: é ele quem tem de tomar a iniciativa do contato
e não fiquem esticando a conversa. Continue o assunto da próxima vez — e
que não seja daqui a uma hora. A regularidade do contato deve ser o
suficiente para o relacionamento não morrer, mas também para deixar
vontade de se encontrarem pessoalmente o quanto antes.
Um plano e prazo para o fim da distância — este é o ponto mais
importante. De quem e do quê depende o fim da distância? Encerrar um
projeto, mudar de cidade, terminar um curso, juntar uma quantia de dinheiro?
Quais os planos para isso se concretizar? Há um prazo realista? A pessoa vive
adiando esse prazo ou está se esforçando ao máximo para cumpri-lo? Você
está preparado para esperar? Diz o Provérbio: “A esperança que se adia faz
adoecer o coração”.4 Não se submeta a um relacionamento sem metas e
planos. Lembre-se de que, além do tempo que vocês passarem longe, quando
estiverem juntos, vocês precisarão de mais um tempo para se conhecerem
melhor pessoalmente. Isso pode facilmente estender o namoro para dois, três
anos ou mais, dependendo do tempo que passarem à distância. Por isso, se
esse tempo faz adoecer seu coração, melhor reavaliar se deve continuar o
relacionamento ou não.
Muitos relacionamentos à distância não suportam a ausência prolongada
devido à questão da carência afetiva e as oportunidades de preenchê-la com
alguém mais próximo. A fidelidade de ambos será testada e, por isso, a
confiança um no outro precisa ser fortalecida. Novamente, o princípio “confie,
mas verifique” pode ser útil aqui.
Por exemplo, para prevenir qualquer desconfiança, você pode tomar esta
iniciativa: apresente à sua namorada alguém que faz parte do seu dia a dia
enquanto você está à distância (desde que não seja aquela loira caliente que
fica dando em cima de você no trabalho o dia todo). Além de essa pessoa
cumprir o papel de testemunha de seu bom comportamento, essa atitude
mostrará que você fala para outros que tem uma namorada. O que, para ela, é muito reconfortante.
Como você pode ver, um relacionamento à distância não vem sem desafios
extras. O ideal mesmo é que você não entre em um. Mas se entrar ou já
estiver, fique consciente desses desafios e preparado para enfrentá-los.
NOVIDADE VERSUS TÉDIO
Há um paradoxo no namoro: vocês namoram para se conhecer, mas quanto
mais conhece da outra pessoa, mais chance de ficar entediado com ela, pois
acaba a novidade. É aí que alguém vai dizer ou pensar: “Nosso namoro está
chato”.
Porém, o tédio só tomará conta se vocês não souberem renovar a relação e
conduzi-la sempre adiante, para a próxima fase.
Para começar, um namoro blindado não se estende por anos e anos, por isso
as chances de ficar chato são mínimas. Se vocês namorarem, noivarem e
casarem em até dois anos ou menos, como recomendamos, ficará difícil entrar
na monotonia. Isso porque estarão sempre conduzindo o namoro para a
próxima fase, que já traz em si uma novidade. O começo do namoro é uma
fase; o conhecimento e as descobertas são outra fase; o amadurecimento e
decisão de noivar iniciam a nova fase de preparação para o casamento... Não
há como ficarem entediados.
O problema é quando se namora sem essa estrutura, sem alvo e sem
planejamento — uma poça de água parada, destinada apenas a secar ou
juntar mosquitos.
Porém, além da progressão das fases, vocês precisam saber renovar a
relação com eventuais surpresas agradáveis.
O ser humano adora boas surpresas. Elas trazem oxigênio em meio a rotinas
maçantes. Uma das atrações do adultério é exatamente quando a adrenalina
de ter um caso se torna muito mais excitante do que, por exemplo, a rotina de
lavar a louça do jantar toda noite em um casamento vazio de entusiasmo.
Uma de nossas principais funções no relacionamento é procurar fazer a vida
um do outro mais excitante. Isso não quer dizer que você tenha que levar sua
namorada para pular de paraquedas ou fazer um safári no Zimbábue. Apenas,
de vez em quando, procure agir de forma “premeditadamente espontânea”.
Ou seja, faça planos para surpreendê-la. Faça algo inesperado que mostre o
quanto você pensou nela. Uma carta escrita à mão que chega pelo correio e
exala um suave perfume ao ser aberta, fará brilhar até o dia mais nublado da
vida dela. Ficará na memória e entre seus pertences mais afetuosos por muito
tempo depois de se casarem… É apenas um exemplo.
Cristiane
Um alerta, porém: cuidado com as expectativas hollywoodianas. São elas
que muitas vezes geram uma sensação de tédio, porque os levam a comparar o relacionamento de vocês com os de casais de pombinhos em
filmes românticos. Evitem. Vivam a realidade, fiquem longe das
comparações e escrevam o próprio roteiro da história de vocês.
6 COISAS QUE VOCÊ NÃO DEVE FAZER
Há certas coisas que você simplesmente não deve fazer nem aceitar durante
um namoro blindado:
1. Tentar mudar a outra pessoa. Resista à tentação de fazer da outra
pessoa a encarnação de todos os seus sonhos e desejos. Você só fará papel
de chato. Todos nós tendemos a melhorar com o tempo, dadas as boas
influências e melhores conhecimentos, por exemplo. Isso acontece com a
maioria das pessoas, mas é um ato voluntário, não por imposição.
2. Ficar controlando a maneira de vestir do outro. Primeiro uma
ressalva: mulheres, desculpem, mas vocês não são melhores juízes sobre
quão sensual certa roupa fica em vocês. Se o seu namorado lhe dá um
toque, considere. Ele é homem e sabe como outros homens reagirão ao seu
modo de vestir — sem contar ele mesmo. Isso não quer dizer que ele pode
ditar o seu guarda-roupa. Se for o caso, tenham uma conversa inteligente a
respeito e cheguem a um consenso. Mas fique alerta a excessos dele, sinais
de insegurança que o fazem querer controlar suas roupas e todos os seus
passos. E se ele se veste estilo caipira dos anos 80 e você como uma garota
da cidade, cuidado com o ego dele ao fazer algum comentário. A lição aqui é
que vocês não são marido e mulher ainda. A posição de vocês no namoro é
mais de observar e conversar. Não tente controlar. Você quer naturalidade
da outra pessoa, não conformidade. Relacionamento são duas pessoas
caminhando para se tornarem uma e não uma pessoa tentando extinguir a
identidade da outra. Dê espaço ao seu parceiro, deixe-o desenvolver e ser
quem é, sem tentar dominá-lo.
3. Ficar sustentando ou ajudando com dinheiro. Tudo bem, em uma
situação esporádica você contribuiu com o combustível do carro porque o
cartão dele bloqueou; ou ajudou a pagar a conta do celular dela porque ela
teve que pagar os remédios da mãe. Mas isso não deve se tornar um hábito.
O problema aqui é a confusão de expectativas. Ela continua namorando com
você porque realmente gosta ou porque você pagou toda a dívida do cartão
de crédito dela? Quem sabe se ela continuar por mais uns meses você paga
também os cartões das lojas? Ele promete que vai casar com você porque a
ama ou porque ama sua grana?
4. Dominar a comunicação ou se omitir nela. Homens e mulheres
costumam ter problemas de comunicação no relacionamento. Para elas, o
problema geralmente é que o homem não fala o suficiente, especialmente sobre o relacionamento. Para eles, o problema é que geralmente ela fala
demais, especialmente sobre o relacionamento. Por isso eles fogem do
assunto, para não correrem o risco de estender a conversa até as três da
manhã. Fujam dos extremos, atinjam o equilíbrio.
5. Roubar o seu parceiro. Uso “roubar” aqui no sentido figurado (mas para
cleptomaníacos, serve o literal também). Deixe-me explicar. Havia uma lei
bíblica interessante com respeito ao roubo. Era a lei da restituição5. A
punição por roubo não era cadeia, e sim pagar de volta o que roubou em
dobro. Em alguns casos, a restituição chegava a cinco vezes mais o que foi
roubado. Era uma forma de multa com o objetivo não apenas de reparação
do erro, mas também de reabilitação do ladrão. Não se acreditava, como
hoje, que um ladrão pudesse ser reabilitado passando anos na companhia de
outros criminosos. Em vez disso, se ele fosse obrigado a pagar uma alta
multa, isso seria mais eficaz em fazê-lo sentir o mesmo que fez a vítima
passar e em desmotivá-lo a repetir o erro. Há uma lição aqui para reparar as
pisadas de bola em seu relacionamento. Inevitavelmente, você causará dor e
ofensa ao seu parceiro. Vai dizer o que não devia, vai perder a paciência e
mostrar o seu pior lado. É nesse momento que você “rouba” algo da outra
pessoa — o respeito, a atenção, o direito de discordar, o tempo, o bem-estar
etc. Quando isso acontecer, experimente aplicar a lei bíblica da restituição
para fazer as pazes. Para cada medida de dor que você causou, proporcione
a ela duas medidas de alegria. Para cada descuido, seja duas vezes mais
atento da próxima vez. Para cada palavra dura, cinco palavras de desculpas
e amor. Ou seja, redobre seus esforços para fazer reparação ao dano
causado. Só assim você poderá se redimir do que roubou. Pratique também
pedir e dar o perdão. Pedir perdão é uma das coisas mais importantes em
um relacionamento — acompanhado de mudança, é claro.
6. Fazer questão de picuinhas. Não seja um perfeccionista aporrinhante
que cria um problema de qualquer errinho bobo do companheiro. Se você
não aprender a engolir alguns girinos no namoro, não se aventure a se casar,
pois vai morrer engasgado com os sapos. Brigas no namoro, só aquelas que
valem a pena mesmo. Cuidado com a infantilidade.
Aí está o que você não deve fazer no namoro. Mas saiba também que há três
coisas essenciais que você deve fazer o tempo todo, de forma iterativa:
1. Agir certo. É o que temos explicado detalhadamente até aqui.
2. Observar e avaliar. É o que vamos destrinchar no próximo capítulo.
3. Concluir e decidir. Para ou continua? Para onde vai este namoro?
Cremos que você estará capacitado para isso ao final do livro.
Então, agora vamos treinar os seus olhos.

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