TRÉGUA

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Fazia um tempo que não visitava a Ana e se eu bem a conhecia, ela deve estar preparando várias coisas deliciosas para nos receber. A Ana era o meu oposto, era uma mulher responsável e incrivelmente amável. Era de se esperar que ela fosse se casar com alguém como o Tadeu, as pessoas quando estão perto dela querem cuidar e a tratar bem, era justamente o que ele fazia, mimava a Ana .
— Você sabe que ele vai estar por lá. – disse minha mãe interrompendo meus pensamentos
— Mãe, se toda vez que o Jeff estiver presente você ficar fazendo isso, aí sim terá problemas. 
— Tudo bem, vou fazer de conta que nada aconteceu.
— Só esquece isso. 

A Ana estava muito contente em nos ver, empolgada ela saltou em minha direção me roubando um abraço.
— É mesmo um milagre, nunca mais faça isso viu mocinha.  Não tem ideia de como tem sido difícil ver a mãe vir aqui sozinha sem você.
— Não seja dramática eu sempre te ligo.
— Sempre? Só pode estar de brincadeira.
— Sem drama, estou aqui não estou?
— Não pegue no pé da Swan amor, senão ela não vai mais voltar. – disse Tadeu implicando
— Acha que não sou capaz?
— Você está aqui, não está? 
— Peguem leve com ela. – disse minha mãe
— Chega de me azucrinar, é o bastante por eu não ter vindo antes.
— Tá certo então. 

Passamos horas conversando sobre várias coisas que havia acontecido durante o tempo que não nos víamos. Logo havia anoitecido e os convidados ilustres chegaram para completar a noite.
— Vai ficar tudo bem? – perguntou Ana
— Sem climão tá? Isso já passou.
— Ótimo. – ela sorriu ao bagunçar meu cabelo

Em alguns minutos conseguir perceber o quanto minha mãe estava apaixonada pelo Allan, os dois estavam se comportando como um casal que se conhecia há muito tempo eles estavam conectados em plena sincronia.
— E quanto ao seu trabalho Swan? Tudo bem você estar aqui a essa hora? – perguntou Allan
— Não se preocupe Allan, tenho horas extras no trabalho um dia não vai fazer falta. 
— Minha Swan é uma viciada em trabalho, está o tempo todo ativa mesmo quando ela deveria folgar, ela vai trabalhar.
— Mãe não é que eu seja viciada em trabalho, mas quero manter uma padrão de vida ideal para nós.
— E se eu pudesse ajudar haveria alguma objeção nisso? 
— O que quer dizer? – não entendia o que o Allan estava dizendo mas eu não estava me agradando do rumo que a conversa estava tomando. – Planeja nos dar dinheiro?
— Não é isso Swan, já que estamos aqui em família é um bom momento pra esclarecermos qual a nossa relação. – ele segurou a mão da minha mãe
— E qual seria?
— Já não somos mais tão novos, é óbvio que eu amo ela por isso planejamos morar juntos. Não apenas isso, quero casar com ela. 
— O que? – levantei surpresa
— Casar? – perguntou minha mãe emocionada
— Não faça nenhuma loucura, fique quietinha enquanto eles tem esse momento. – sussurrou a Ana
— E então você aceita? 
— Claro que sim Allan.

Aproveitei enquanto todos parabenizam o casal para tomar um ar na varanda da casa. Não é que as coisas estavam indo rápido demais, o problema era que eu estava tão ocupada com o trabalho que deixei de fazer parte do que era importante para minha mãe. 

O casamento deles iria mesmo ajudar com as dívidas da casa, não precisaria me responsabilizar por tudo, por outro lado a única coisa que eu estava esquecendo era o que vinha acompanhado disso. 
— Swan. – disse Jeff ao se aproximar sorrateiramente
— Tá querendo me assustar? – perguntei irritada
— Só vim saber como você está com tudo isso.
— Eu tô bem, eu disse a ela que não iria me opor e não vou. 
— Então tudo bem morarmos na mesma casa após tudo o que aconteceu?
— Claro, era disso que eu estava me esquecendo. – lamentei ao perceber
— Se for um incômodo eu posso achar um lugar pra ficar.
— Fica tranquilo Jeff, não vou deixá-lo pedir pra você se afastar do seu tio. Aquilo que aconteceu ficou no passado.
— Não acho que seja verdade. 
— E porque o garanhão acharia isso? – o encarei determinada a mostrá-lo que já não tinha mais influência sobre mim
— Desde que nos reencontramos você não dirigiu uma palavra a mim, nem se quer uma vez. Se realmente tivesse superado isso não seria um problema pra você.  – bingo! Ele havia me pegado de surpresa
— Sempre direto. – respondi ao deixá-lo de encarar
— Eu sinto…
— Pare! – o impedir que continuasse – Eu disse a você que isso ficou no passado, mas nem por um segundo pensei em dizer que me arrependia do que sentir. Se você se desculpar por eu ter dito o que eu sentia, eu juro pra você que o socaria agora mesmo.
— Não dá pra entender você. – ele riu
— Porque está rindo? – perguntei irritada
— Tudo bem, vamos deixar esse assunto pra lá. Você mesmo disse que está no passado, então vamos nos concentrar em coisas novas. Nunca morei com uma garota antes, confesso que estou curioso pra saber como vai ser. 
— Também vai ser algo novo pra mim, e então nada aconteceu?
— Nada aconteceu. – ele sorriu para mim

Esse deveria ter sido um desfecho excepcional para o meu antigo amor unilateral, só não entendo o porquê de toda vez que o vejo sorrir soasse como se fosse um incentivo dizendo: “Continua trouxa”.

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