Uma Esposa Para o Hokage.

Oque Falta lhe pertencer.

Era muito tarde. Tarde o bastante para que a mulher vestida com um robe azul estivesse na cama ao lado do marido, dormindo profundamente. De certa forma o dia fora cheio, e deveria estar muito cansada. Só que não estava.

— Continuará olhando pela janela até que horas? — Gaara resmungou, rouco. Diferente de Tenten, ele conseguira dormir um pouco, mas a ausência dela na cama o incomodava o bastante para não dormir o suficiente — Venha para a cama, Tenten.

— Francamente — ela bufou, levemente irritada. Era a terceira vez em um intervalo de poucos minutos que ele a mandava ir se deitar — Será que posso pelo menos escolher a hora que vou dormir, Gaara? Faça me o favor!

O Kazekage sussurrou algum palavrão e pôs as pernas para fora da cama, passando as maos no rosto. Estava cansado, muito cansado. Mas vê la incomodada tirava sua paz, atiçava sua insegurança e dava poder a seus medos.

Levantou se, caminhando até onde a esposa estava parada olhando a paisagem pela enorme janela do quarto. Sentiu frio e se perguntou como ela podia estar tão disposta a ficar de pé naquele sereno mesmo depois do dia que tiveram. Abraçou a pelas costas, contornando seu corpo e suspirou em seus cabelos cheirosos.

— Todo meu governo por seus pensamentos — ofereceu, ainda rouco. Sabia que devia ir dormir porque o dia seguinte seria carregado de funções que era obrigado a cumprir, sendo ele o Kazekage ou não — Algo lhe incomoda?

— Acho que você irá se aborrecer se eu lhe contar — ela foi sincera. Apoiou se no corpo dele, aceitando o conforto que lhe proporcionava — Não quero que fique irritado.

— Antes de qualquer reação que eu possa ter, sabe que tentarei entende la, Tenten. Por favor — Porque pior do que ouvir algo que não queria, era sentir aquela angústia de quem não sabe oque esta por vir. Ainda era inseguro demais para conseguir controlar seus medos, e desde que se reuniu a ela para jantar a sentia distante, diferente — Me diga.

Tenten deu um longo suspiro, como quem sabe oque vira a seguir mas mesmo assim resolve arriscar.

— Neji me enviou uma carta. Ele me disse algumas coisas que me fizeram refletir sobre o passado.

Ela o sentiu enrijecer atrás de seu corpo. Quis se apressar em dizer lhe o resto da informação mas Gaara a apertou contra ele quase involuntariamente e se surpreendeu quando ele pôs o rosto em seu pescoço, inspirando seu perfume com força. Quase podia ouvir os pensamentos dele, os velhos monstros se rebelando; ele sempre achara que em algum momento ela se daria conta que amava era Neji e voltasse correndo para os braços dele o deixando sozinho para tras.

— Gaara...

— Não deixarei que você vá. Não posso deixar, eu não consigo — suas palavras soaram atormentadas, abafadas em sua pele — Tenten, por favor.

— Mas...

— Oque ele pediu? Que você volte para ele? Para Konoha? — A ninja o sentiu tremer atrás de si — Não vou deixar!

— Por Kami, pare com isso! — Ela lutou para se soltar de seu abraço e se afastou, irritada. Deu passos furiosos até a porta de seu quarto mas quando virou se na direção de Gaara, paralisado onde o deixará com aquela expressão de quem estava revivendo uma dor profunda e dilacerante em silencio, sentiu seu coração ser quebrado em mil pedaços. Ela não podia fazer isso com ele. Não podia ignorar os monstros que foram criados e jogados encima dele quando era novo demais para se defender. A insegurança, o medo do abandono, a constante dúvida sobre seu amor... os olhos verdes dele a fitaram em um pedido silencioso de que não entrasse para a lista das pessoas que lhe causaram tudo aquilo — Oh, Gaara.