Capítulo 11

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Misericórdia!!! É castigo! Todos os meus planetas devem ter se colidido ao mesmo tempo. Inferno astral total! A fonte está sem água. Seca, seca, seca! Que maldição de cidade. De que adianta terem recuperado essa construção do século passado para deixarem ela sem um fiozinho de H2O. De que serve uma fonte sem água? Essas lagostas que enfeitam a obra devem estar mortas de sede. Poxa Enzo, estou tentando, mas está complicado.

Falando nisso, também estou sedente. Não me lembro de ter bebido água hoje nem ontem ou anteontem. Que desejo por uma garrafinha de água com gás. Cadê os ambulantes? Não tem ninguém aqui. Passo dos limites e subo na fonte. Não sou vândala, só quero encontrar onde está o botão. O botão que liga essa coisa.

- Fonte não tem botão, mas talvez ache uma manivela. O mundo é movido na base da manivela – diz Enzo com um sorriso no rosto.

- Italiano?! Tô e não tô surpresa. Sabia que estaria aqui. Forjou essa história de morte só para ver minha cara diante da sua ressurreição, não é?

- Nem tudo é como parece, nem tudo está onde você vê e nem tudo(...)

- (...)está acontecendo agora.

- Uau! Aprendeu direitinho, hein.

- Você me ensinou tantas coisas menos como viver sem você.

- E por que precisa viver?

- Não?

- Só se quiser.

- Promete que não vai me deixar.

- Eu já disse a você tantas vezes que não precisamos fazer promessas, pactos, juramentos... que a gente junto é algo tão natural... não dá para dividir, separar, afastar.

- Mas você me deixou 15 dias sozinha.

- Eu estava com você o tempo todo, mas não percebeu.

- Mentira.

- Quantas vezes você sonhou comigo esses dias?

- Sonho não conta.

- Quantas vezes se lembrou de mim?

- Lembranças não contam.

- E o seu celular ter começado a tocar a nossa música do nada, o entregador ter batido na sua porta por acaso e entregado a nossa pizza favorita, a nossa primeira foto junto ter desgrudado da parede e caído no seu rosto... tudo isso também não conta.

- Nossa... foi você?

- Nossa, como é difícil chamar a sua atenção.

- Então, você está vivo?

- O que você acha?

- Posso tocar você?

- Está esperando o quê?

Enzo abre os braços vestido com um paletó caqui e uma calça azul-marinho.

Romance PartidoOnde histórias criam vida. Descubra agora