Capítulo 19

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- Ah?! – fico toda encabulada, enquanto ele continua me envolvendo:

- Você é uma estrela do mar, para dar certo, para ter essa conexão que precisamos, você precisa estar dentro d'água – diz ele com convicção.

Sua voz é mansa, mas firme. E há um magnetismo que não me deixa escapar.

Eu estava triste e confusa, mas agora, depois desse toque que me arrepiou em outro nível e dessa conversa de estrela do mar, eu sinto uma coisa difícil de explicar. Uma sensação de acolhimento. Talvez essa história de almas seja realmente verdadeira, embora eu só acredite em espírito de porco. E tá cheio deles na minha vida. E também sou traumatizada, pois o Felipe disse uma vez, no meio de um filme, que a gente era alma gêmeas. E desde quando almas gêmeas traem?

Mas esse italiano não é o Felipe, é diferente. Estou me sentindo segura.

Entro na piscina. Não penso em mais nada. Aqueles olhos de brigadeiro me desarmam toda. A água está fria. E eu entro e me movimento por entre as pétalas com cuidado para não molhar a maquiagem e o penteado.

Faço caras e bocas. Ele faz as fotos e me pede para eu mergulhar e emergir.

O quê? Molhar meu cabelo? E a make? Estragar toda uma produção?

E eu, conduzida pela sua voz, que me causa torpor, abandono as resistências e me entrego. Tudo parece mesmo parte de um propósito.

Flashes e mais flashes. Quando desperto desse encantamento, existem dezenas de pessoas em volta vendo aquele ensaio. Uma chuva de olhares. Com cara de satisfeito, o italiano me dá a mão, puxando da piscina o peso da minha vergonha. São quase sessenta quilos de pura vergonha. Meu vestido passa a mostrar demais e ele me cobre com seu blazer da mesma cor da camisa. Não consigo voltar ao centro do evento. Na verdade, eu me tornei o centro das atenções e o evento, em si. Estou pingando. Sou insultada. Sou aplaudida. Sou apontada. Sou comentada. Sou convidada a me retirar. Sou fotografada. Sou invejada. Sou cobiçada. Sou xingada. Sou punida. Eu não dou conta de dizer uma palavra. Nem para o italiano, nem para a mulher que me despede, nem para um velho babão que me chama de sereia.

E agora? Aflição. Angústia. Agonia. Ansiedade. Não sei o que vai ser. Fudeu!

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