1 - O começo de tudo

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Minha vida no orfanato nunca foi das piores. Mas nunca tive um elemento de comparação já que estava ali desde que lembrava.

Eu tinha comida, amigos e um teto e isso estava bom pra mim. Eu sonhava em ir pra faculdade e todas as coisas que adolescentes sonhavam. Eu achava que tinha uma sorte danada na verdade. Com 16 anos namorava Christopher que vivia no orfanato comigo. Crescemos juntos e ele foi meu primeiro amor, meu primeiro tudo.

Na escola eu tinha Anahí minha melhor amiga. Eu não entendia como a menina mais bacana do colégio era minha melhor amiga, nunca fui do tipo sociável e não posso dizer que fui a mais simpática do mundo com ela no começo. Mas ela estava lá para o que eu precisasse, eu tinha um sorte do cara.lho de ter uma amiga como ela. E descobri que a vida dela não era tão perfeita assim, nos conectamos ainda mais.

Desde que me lembro o diretor do orfanato era Leon, ele era como o pai de todos ali e todos o idolatravam cegamente. Ele sempre dava o máximo de atenção aos órfãos quando era possível. Sempre estava envolvido em campanhas para que o orfanato pudesse nos fornecer tudo que precisávamos. Todos o amavam e eu também o amava, era a figura mais próxima de família que eu tinha.

- Amor - Christopher me abraçou por trás e me deu um beijo no pescoço - Leon esta te procurando.

- Eu não fiz nada desse vez - eu levantei as mãos na defensiva e ele riu

- Ele não parecia nada bravo, então acho que não é bronca - ele me virou apertando as minhas bochechas

- Tá bom mas depois, será que o senhor Uckermann pode largar um pouquinho os livros e dar atenção a sua namorada? - fiz bico

- Sim senhora. Estou estudando para ser alguém na vida mocinha - ele me deu um selinho - Nem todo mundo tira 10 sem estudar como você

- Não tenho culpa se nasci um gênio - ele riu e eu o beijei, eu era louca por ele e parecia que tudo era tão certo quando estávamos juntos. Tínhamos planos e ia ser ele e eu. Para sempre

- Vai logo antes que eu não te deixe ir mais - ele sussurrou em meu ouvido

- Vou cobrar - beijei seu pescoço e saí

Caminhei pelos corredores sempre lotados do orfanato no caminho para a direção. Em dois anos sairia dali e teria que fazer tudo por mim mesma. Já estava nervosa só de pensar.

- Oi senhor Leon me chamou? - coloquei a cabeça pra dentro de sua sala

- Sim. Dul entra e tranca a porta por favor - eu estranhei esse pedido mas obedeci

- O senhor queria falar comigo? - me sentei em uma cadeira de frente para sua mesa

- Dulce eu soube que você e Christopher andam namorando - ele me olhou - E você e ele estavam fazendo coisas inapropriadas e totalmente proibidas nessa instituição. Vocês podem ser expulsos, você esta ciente disso?

Eu arregalei os olhos ficando branca como papel. Eu e Christopher tivemos nossa primeira vez faz alguns meses. Tinha sido tão especial e desde então tentávamos nos encontrar o máximo que podíamos mas tomávamos cuidado. Pelo visto não o suficiente.

- Por favor senhor Leon, não faça isso - eu já tinha começado a chorar

- Você quebrou as regras Dulce, vocês dois - ele não demonstrava nenhuma expressão no rosto, muito diferente da pessoa bondosa que ele normalmente era. - Eu confiava tanto em você e você traiu minha confiança

- Me desculpe. Aplique qualquer castigo mas não nos expulse. Eu faço qualquer coisa por favor - eu suplicava, aquilo separaria a mim e ucker. Alem de arruinar nossas chances pra faculdade.

Leon deu a volta na mesa e me puxou para um abraço. Eu chorava muito.

- Não fique assim Dul - ele sussurrou, enquanto acariciava seu cabelo - Tem uma forma de resolver isso.

- Como? - minha voz embargada pelas lágrimas

- Que você faça comigo o que faz com Christopher - ele sussurrou no meu ouvido enquanto passava a mão no meu corpo. Me senti enjoada, chocada e confusa

- O que? - foi tudo que eu fui capaz de falar

- Um favor pelo outro Dulce - ele passou a mão no meu corpo por baixo da blusa e eu comecei a chorar mais forte - Você não quer ser expulsa quer? E Christopher também.

Eu não conseguia reagir e isso pra ele foi como uma confirmação. Ele me beijou machucando minha boca e o único que queria era gritar. 

- Você cresceu Dulce, está tão bonita - Quando sua mão foi pra dentro da minha calça eu voltei a consciência.

- Não, para por favor! - Eu gritei e tentava empurra-lo

- Cala a boca - ele me prendeu com um braço e tapou a minha boca com sua mão - Se você for dificil vai ser pior

Eu lutei o máximo que pude. Me debatendo em seus braços. No meio disso tudo consegui morder sua mão o que o fez gritar e me soltar. Foi tudo muito rápido, peguei a primeira coisa que vi em sua mesa e o acertei direto na cabeça.

Não olhei pra trás, só destranquei a porta e corri. Meu coração saindo pela boca. Fui pro banheiro já que dividia quarto e não conseguir ficar sozinha. Chorei debaixo do chuveiro até não poder mais. Esfreguei minha pele ate ficar vermelha, me sentia suja. Tinha nojo de mim mesma e estava totalmente confusa. Aquele homem era totalmente diferente da imagem que ela tinha de Leon. Não podia acreditar que aquilo tinha acontecido.

Assim que entrei no quarto, com o olhar perdido e a mente destruída, coloquei um pijama e fiquei na cama inerte. Parecia que haviam me  matado por dentro.

- Dulce? - escuto ele me chamar e abri os olhos. Vendo Christopher com um olhar preocupado - O que aconteceu? Estava te esperando e você não apareceu

- Você pode me abraçar? Por favor? - falei baixinho e Christopher enrugou a testa, sua preocupação crescendo e me tomou em seus braços

- Dulce, fala comigo - ele acariciava meu cabelo

- Agora não. Por favor - me encolhi em seus braços

Ele não perguntou mais e ficamos assim por um tempo, eu não queria falar sobre o que aconteceu ainda. Eu só precisava do meu porto seguro agora. Eu não estava pronta.




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