28 - Finais felizes existem? (Último Capítulo P.2)

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- Essa garota é maluca - falei pra mim mesmo enquanto corria pra me arrumar e pedia um Uber. Meu sorriso não saia do rosto e o coração estava acelerado. Pedi pro Uber me deixar um pouco antes do local indicado

Meus pés trocaram a areia quente da praia e o mar era de um azul que se igualava ao caribe. Não havia muita gente na praia mas meus olhos logo encontraram a pele bronzeada e os longos cabelos castanhos que se espalhavam na canga. Seu rosto relaxado enquanto estava deitada tomando sol era uma fotografia que se eternizaria em minha memória. Como se sentisse que eu me aproximava seu rosto se virou em minha direção e ela abriu um sorriso.

- Oi - ela disse simplesmente - Meu nome é María

- Christopher - ela ampliou o sorriso em resposta e eu sabia que ficaríamos bem.

Foi assim que sempre contamos a todos como nos conhecemos.

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- Vai ficar olhando pro nada pra sempre ou vai me ajudar a levantar? - uma voz me trouxe de volta ao presente. Ela me olhou com um sorriso no rosto e eu não pude evitar sorrir de volta. Seus cabelos castanhos dançando contra o vento e sua barriga de quase 8 meses eram uma constante lembrança que eu havia alcançado a felicidade. A vida era longe de ser perfeita mas eu não tinha dúvidas em dizer que era feliz.

Sim eu ia ser pai, de uma menininha. Eu estava radiante e na verdade não queria admitir mas eu acho que estava sendo tão explorado e tão trouxa quanto Poncho. Mas nunca diria isso em voz alta.

- Amor você tem que descansar - falei assim que vi Dulce pegar o computador para trabalhar. Ela trabalhava para uma empresa de TI e vinha trabalhando home office desde que houveram complicações na gravidez. Dulce não parava quieta e isso me deixava louco.

- Eu não estou inválida Uckermann - bufou

- Não é sobre você - ela me olhou e fez bico. Eu respirei fundo tentando ser o mais paciente possível. Já que tinhamos essa conversa diariamente. - Não adianta fazer essa carinha, falta pouco para a nossa bebe nascer e você tem que se cuida mais. Sabe disso.

- Eu sei - ela sorriu - eu tenho sonhado com ela todos os dias - ela me olhou e seu sorriso morreu aos poucos, seu olhar começou a vacilar - Será que eu vou ser uma boa mãe? Eu sou tão quebrada. Eu ainda tenho medo o tempo todo e você sabe. Antes eu só tinha que cuidar de mim mesma e agora somos nós. Eu nunca vou me perdoar se algo acontecer - seu queixo tremeu em um choro que ela tentava conter, as emoções de Dulce andavam em um turbilhão.

Grande parte do stress da gravidez vinha desse pânico que Dulce tinha de que a encontrassem e fizessem algo com a gente. Ela tinha pesadelos recorrentes e perdi as contas de quantas vezes a vi chorar ate adormecer em meus braços. Eu já tentei convencê-la a ir a um psicólogo mas contar seu segredo a um estranho estava simplesmente fora de questão pra ela.

Não existe uma solução mágica para os problemas que ela tinha. Desde que estamos juntos eu vi o quanto aqueles cinco anos haviam afetado Dulce, mais do que ela gostaria de admitir, mas vinhamos tentando desde então. Ela havia melhorado muito mas desde que descobriu a gravidez era como se todos os medos houvessem voltado com força total. Estávamos tentando todo o possível para que ela se acalmasse e lidasse melhor com a ansiedade. Ela estava bem durante o dia mas a noite seus fantasmas ganhavam força e isso me preocupava. Sem a ajuda de um psicológo era tudo mais dificil mas eu a apoiaría em tudo e ela estava tentando. Eu não podía exigir mais do que isso dela.

- Dulce me escuta - segurei seu rosto - Vamos ficar bem. Você vai ser a melhor do mundo, okay? - ela só balançou a cabeça - Não deixa que esses medos te consumam meu amor. Você é maior que eles não esqueça disso - ela apenas me abraçou e ficamos assim por um tempo. Escutei sua respiração antes agitada começar a se normalizar e seu corpo antes tenso começar a relaxar.

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