24 - Beco sem saída

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Anahí me encarava pálida, seus olhos arregalados eram uma prova clara de que algo não estava bem. Seus olhos estavam vidrados em mim mas ela não falava nada o que me vez estreitar os olhos involuntariamente e analisa-la. Algo havia acontecido e ela não tinha coragem de me contar. A conhecia bem o suficiente para saber disso

- O que houve any?

- Poncho me contou algo Dul, mas não podemos falar aqui - ela olhava para os lados, sua face não escondia a angustia o que me colocou mais em alerta ainda

- Vem - tomei sua mão e seguimos para o estacionamento, troquei de carro e me certifiquei que não estava sendo seguida. Isso já era um habito pra mim ainda mais agora que estava vendo Christopher com frequência. Eu tomava todas as medidas necessárias e revisava cada uma delas, não me perdoaria se algo acontecesse com eles e sinto que cada vez mais os trago pra dentro da minha vida, mais os coloco em perigo. Eu tinha me aferrado a ideia de que aquilo acabaria logo e não teria que coloca-los mais em perigo. Não teria que estar dividida entre a vontade de vê-los e o medo de que algo acontecesse por minha culpa.

A ansiedade estava me corroendo e eu tentava me concentrar na direção mas a minha mente já estava calculando todas as possibilidades, dos melhores a piores cenários e só esperava que nenhum dos dois estivesse correndo perigo por sua culpa. A ideia do perigo que eles corriam me amedrontava, eu tinha os meus pontos fracos ali diante de mim e não sabia como fazer para ter certeza que nada aconteceria. Minhas mãos apertaram o volante depois de ver mais uma vez a cara de apavorada de Any.

- Pronto - respirei fundo - estamos seguras aqui, o que tem pra me falar any?

- Poncho me disse - ela gaguejava - Me disse que a gangue não vai aceitar que você saia Dul, mesmo pagando o valor que eles pediram, eles falaram que Alfonso tinha que descobrir algo seu para mante-la na gangue, caso contrario teria que apaga-la

Eu não consegui dizer nada. O que eu poderia fazer? Minha mente viajava procurando possibilidades, soluções que me fizessem ter o mínimo de esperança mas não conseguia encontrar nenhuma solução que não colocasse ninguém em risco. Sua mente se recusava a desistir, não conseguiria encarar Christopher e dizer a ele que tudo tinha sido em vão. Eles não poderiam continuar juntos se ela continuasse no mundo do crime. Seria perigoso e injusto com Christopher, nem ela mesma queria continuar vivendo com medo e preocupada o tempo todo. Olhando pelos ombros a cada movimento que ela considerasse minimamente suspeito, eternamente com medo.

- Dul? - ouvi a voz baixinha de any e o toque leve de sua mão em meu ombro

- Eu preciso pensar okay? - foi tudo que eu disse e encostei minha cabeça no volante, o silêncio dominando o carro. Eu nem conseguia chorar

Narrador POV

O silencio no carro se arrastou. Dulce não encontrava uma solução e Anahí estava preocupada por Dulce e Poncho. Vendo o quão complicado estava sendo para Dulce isso não lhe dava muitas esperanças sobre Poncho. Os dois estavam afundados nisso tudo e agora viam que tudo isso custou caro demais. Any sentia culpa por todo o dinheiro que Dulce gastou com ela todos esses anos e agora isso custava sua liberdade.

- O que eu vou dizer a Christopher? - Dulce a olhou e não obteve resposta - Eu nem sei como vou lidar com isso. Não sei qual vai ser sua reação e não quero que ele entre nessa vida só para não se separar de mim. Isso não é justo com ele.

- Eu sinto muito Dul

- Eu estou frustrada e com raiva - Dulce pareceu nem ter escutado - Eu estava tentando sobreviver e não vou me culpar pelos caminhos que escolhi. Ninguém sabe o que é viver na rua e ninguém pode me julgar - Anahí ia falar algo mas achou melhor não interromper - Mas ai quando eu quero construir algo e fazer as coisas do jeito certo tudo conspira para o contrario. - era nítida a frustração de Dulce, ela estava tentando controlar a raiva - Eu tento fazer as coisas do jeito certo Any, juro que tento. Mas elas nunca saem, eu pareço eternamente condenada. Leon sentenciou a minha vida para sempre a 5 anos atras e me sinto condenada desde então - Anahí só a puxou para um abraço e não disse nada, só a abraçou bem apertado e Dul a abraçou de volta. Nada que ela pudesse dizer diminuiria a dor de Dul - Eu estou cansada Any - ela sussurrou - Estou exausta

Christopher POV

Havia chegado do trabalho e durante todo o dia não tinha recebido nenhuma noticia de Dulce. O que era estranho vindo dela já que ela fazia questão de dar alguma noticia só para que ele soubesse que ela estava bem. As coisas estavam tão bem entre a gente que se sentia um idiota cada vez que lembrava de quase a tinha deixado ir. Estava conhecendo a nova Dulce cheia de auto confiança, com um humor ácido mas que por dentro ainda era uma menina meiga, ela só não gostava mais de demonstrar isso pra tudo mundo. Havia entendido o sistema de defesa dela e ainda que as vezes era difícil também estava aprendendo a ler os seus silêncios e dar-lhe espaço quando era necessário. Também via que Dul estava se esforçando e tentava sempre dar um jeito de estar em contato e mante-lo em sua vida, mesmo quando tinha que contar coisas que ela não queria mas havíamos combinado de não ter segredo entre os dois.

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